Jesus reveste-se do espírito dos profetas nessa invectiva contra as cidades que margeiam o Mar da Galileia. Em certo sentido, essa censura de Jesus às três cidades próximas do mar da Galileia, Corazim, Betsaida e Cafarnaum, revela o seu desalento em relação a elas, pois sua mensagem e suas obras não têm chegado ao coração das pessoas. Essa censura revela um traço importante dos “atos de poder de Jesus”: eles devem conduzir à conversão. Dito de outra maneira, a resposta adequada ao benefício recebido do Filho unigênito de Deus é a conversão. É através da conversão que se tem acesso ao Reino de Deus (Mt 4,17). A menção de Tiro, Sidônia e Sodoma, citadas em contexto de destruição (Is 23,1-12; Jr 25,22; Ez 28,11-23 etc.) serve para enfatizar a gravidade da dureza de coração das três cidades supramencionadas e, através delas, a de todo o Israel. Para o leitor do evangelho é uma exortação: o evangelho deve conduzir a uma verdadeira conversão. A conversão deve ser entendida, aqui, no sentido de Mc 1,15: trata-se apoiar a vida na pessoa e nas palavras de Jesus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Carlos Alberto Contieri, sj
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