Com variações próprias de cada evangelista, o nosso
evangelho de hoje pertence à tríplice tradição. Entre a súplica do chefe da
sinagoga, que é uma verdadeira profissão de fé, e a chegada à casa dele, há o
relato da cura da mulher que, há doze anos, sofria com uma hemorragia. Para o
imaginário religioso do mundo bíblico, perder sangue equivale a perder a vida,
que é dom de Deus. Ao contrário de Marcos e Lucas, Mateus não menciona que a
mulher tocou nas vestes de Jesus. O desejo dela será suficiente para que Jesus
a declare curada. A fé dela não foi a causa da cura, mas a condição para
receber a vida do Senhor e reconhecer a recuperação da vida como dom. Não
podemos nos dar a vida; nós a recebemos gratuitamente de Deus. É pela fé que se
recebe a vida como dom. Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, Jesus já
encontra o ambiente fúnebre. Para os cristãos que nasceram pela fé no Cristo
ressuscitado, os ritos fúnebres perderam completamente o sentido (1Ts 4,13-14),
pois a morte era comparada ao sono. Jesus é quem toma a iniciativa de pegar a
menina pela mão, para despertá-la do sono. É o Senhor da vida que,
ressuscitado, faz a nossa humanidade participante da sua vitória. É ele que nos
desperta do “sono” para o dia da feliz ressurreição.
Fonte Carlos Alberto Contieri, sj - Paulinas
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