O profeta Zacarias viveu no século VI a.C., depois do
retorno a Judá dos exilados na Babilônia. O livro que leva o nome do profeta
Zacarias tem, ao todo, quatorze capítulos. No entanto, o livro não pertence a
um mesmo autor. Duas ou mais mãos o escreveram. É geralmente aceito que os oito
primeiros capítulos pertencem ao profeta e o restante a outro ou vários outros
autores. Os dois versículos de nosso texto falam da volta vitoriosa e
triunfante do rei à sua cidade, Jerusalém. Não se trata de um monarca da
descendência davídica. O rei de que se fala nesses versículos é o próprio Deus
que combate em favor do seu povo, destruindo todos os instrumentos de guerra e
violência para selar a paz entre todas as nações.
Teria sido, em certo sentido, surpreendente para Jesus
experimentar que aqueles que se diziam sábios, conhecedores e intérpretes da
Palavra de Deus fossem os que lhe fizessem oposição, engajando-se em fazê-lo
perecer. O contexto da perícope de hoje é a crítica de Jesus às cidades
vizinhas ao Mar da Galileia que, beneficiadas pelo ensinamento e pelos atos de
poder de Jesus, não se converteram, não se abriram ao sopro de sua palavra nem
aderiram à sua pessoa. O hino de louvor de Jesus dirigido ao Pai é uma clara
oposição a essas cidades que não se converteram. O que é escondido aos que se
pretendem sábios e entendidos e o que é revelado aos “pobres de espírito”? O
que está dito no v. 27 pode ser compreendido nesses termos: é Jesus quem revela
o Pai. Somente quem se abre para reconhecer e aceitar Jesus como enviado do Pai
é que pode conhecer a relação filial que une profundamente Jesus e Deus (cf. Jo
14,10-11; Cl 1,15). Jesus é não somente o Sábio, mas a “Sabedoria de Deus” que
atrai todos a si e os instrui na Lei que o Senhor deu ao povo para preservar o
dom da vida e da liberdade. O evangelho de hoje termina com um convite de Jesus
àqueles que ainda estão fora do grupo dos seus discípulos. O “jugo” (ou fardo)
era uma peça de madeira colocada sobre o pescoço do animal para equilibrar o
peso que ele carregava. Na tradição bíblica, entre outros significados, ele se
refere à Lei (Jr 2,20; 5,5). Jesus critica os escribas e fariseus por amarrarem
pesados fardos sobre os ombros dos outros (Mt 23,4). Há um modo de interpretar
a Lei e de pô-la em prática que tira a alegria e a vida, como se fosse um
enorme peso a carregar. Ora, a Lei de Deus é para a vida e a liberdade, ela é
um caminho para a vida e a felicidade (cf. Dt 30,16). Jesus, manso e humilde,
se oferece para aliviar tal peso. A lei do Senhor é a lei do amor (Jo 15,12).
No amor não há temor nem amargura.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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