Qual jejum é objeto da controvérsia? É difícil imaginar que
se trate do jejum prescrito pela Lei por ocasião da festa do perdão dos pecados
(Lv 16,29-31; 23,27-32). É bastante provável se tratar das práticas devocionais
do partido dos fariseus que eles visavam impor como obrigatórias para todo o
povo. Dos fariseus nós sabemos que eles jejuavam duas vezes por semana (Lc
18,12), mas da prática dos discípulos de João não temos nenhuma informação.
Seja como for, a resposta de Jesus situa a questão noutra perspectiva. Na
plenitude dos tempos (Gl 4,4) a questão do jejum encontra seu sentido em
referência à presença ou ausência do Messias. A imagem da festa de casamento
para simbolizar os tempos messiânicos é atestada no Antigo Testamento (Is
61,10; 62,5). Ainda que a metáfora do Messias como esposo não se encontre nos
textos veterotestamentários, a ideia que essas imagens transmitem é o que
importa: as práticas penitenciais devocionais para apressar a vinda do Messias
são obsoletas, pois ele já se encontra presente. O jejum recebe, no novo tempo,
um sentido cristológico: quando o Messias for tirado, referência à morte de Jesus,
aí será o tempo de jejuar. Para essa novidade é que as duas parábolas (vv.
16-17) são convites a se abrir.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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