O atraso da parúsia provocou muitas especulações acerca da
“segunda vinda de Cristo”. Especulações estas que deram origem a um discurso
milenarista. A expectativa da segunda volta de Cristo gerou, ainda, uma
tradição de que alguns fenômenos atmosféricos anunciavam o fim do mundo e,
mais, de que Deus seria o responsável, por causa de sua decepção ante a maldade
do ser humano que ele criou. São Lucas, no entanto, vai se utilizar destes
elementos para anunciar um tempo aberto na história para o testemunho: “Será
uma ocasião para dardes testemunho” (v. 13).
O v. 20 faz menção à invasão de Jerusalém pelas tropas de
Tito, em 70 d.C. Os muros da cidade não foram suficientes para reter o inimigo
e proteger as pessoas. Todos serão submetidos à brutalidade do invasor. A
libertação e proteção vêm do Filho do Homem (cf. Dn 7,13-14), em quem todos
devem esperar. Contra o desânimo, o medo, o pavor, é preciso “erguer a cabeça”
(v. 28). Não só o Templo passa, mas também o sofrimento, a perseguição e a
morte não são a última palavra da existência humana; eles darão lugar à alegria
e à consolação. O Filho do Homem, glorioso (cf. v. 27), é quem faz com que seus
eleitos, os que permanecerem fiéis até o fim, participem e sejam herdeiros da
sua própria vitória.
Carlos Alberto Contieri,sj
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