Lucas tomou de Marcos (Mc 10,46-52), com poucas
modificações, o relato da cura do cego. Marcos informa que o nome do cego era
Bartimeu – o filho de Timeu (Mc 10,46).
“Jesus Nazareno está passando”, dizem ao cego (v. 37). Jesus
está se aproximando de Jerusalém, passando por Jericó, um verdadeiro oásis em
meio ao deserto da Judeia. Jesus está sempre de passagem, é um Messias
itinerante. Por onde passa desperta interesse e atrai as pessoas: querem
ouvi-lo, ser tocados por ele e tocá-lo, pois dele “saía uma força que curava a
todos” (Lc 6,19). Por onde passa ele faz viver, ele suscita a fé na vida. Ao
ouvir que era Jesus quem estava passando, o cego insistentemente grita por
compaixão e exprime confiança no Messias davídico: “Jesus, filho de Davi, tem
compaixão de mim!” (v. 38; cf. Jr 33,15; Ez 34,23-24; 37,24). A insistência em
ser ouvido revela a sua confiança em poder receber a visão (cf. v. 39). Na sua
passagem Jesus para, como no episódio em Naim (cf. Lc 7,11-17), pois ele é
compassivo; como Deus, ouviu o clamor do seu povo escravo no Egito (cf. Ex
3,7-9).
“Jesus perguntou: ‘Que queres que eu te faça?’” (v. 41), ao
que o cego respondeu: “Que eu veja, Senhor” (v. 41). Ele exprime o que todo
discípulo devia desejar ver. Mas de que visão se trata? “Vê, a tua fé te
salvou” (v. 42). Trata-se da iluminação pela fé que faz ver. O cego é, aqui,
modelo do discípulo que, iluminado pela fé, segue Jesus (v. 43).
Carlos Alberto Contieri,sj
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