O texto nos lembra o final do longo discurso sobre a
montanha (5,7): “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor!, Senhor!’, entrará no
Reino dos Céus, mas o que fez a vontade do meu Pai que está nos Céus” (7,21).
Num texto próprio a Marcos, ele nos dá a razão pela qual a
parentela de Jesus vai ter com ele. O contexto é a multidão que incessantemente
acorre a Jesus a ponto de não poderem, ele e seus discípulos, alimentar-se. A
sua família toma a decisão de ir buscá-lo para levá-lo para casa, pois pensavam
que ele estivesse “fora de si” (Mc 3,20-21). Observamos que o termo irmão, na
linguagem bíblica, abrange os parentes.
Chegados os familiares acompanhados da mãe de Jesus eles são
anunciados.
Por duas vezes se diz que estão “do lado de fora” (vv.
46.47). Esta sutil observação parece-nos importante: distante de Jesus, sem
ouvir sua palavra, seus ensinamentos, sem contemplar o que ele faz em favor da
multidão, sem se deixar tocar por ele, tudo parece loucura. É preciso se
aproximar, entrar no “círculo” de Jesus, se aproximar e se deixar envolver por
sua palavra, para poder fazer a experiência de que “o que é loucura no mundo,
Deus escolheu para confundir o que é forte” (1Cor 1,27).
A família que Jesus reúne ultrapassa os laços de sangue; é
“todo aquele que faz a vontade do Pai que está nos céus” (v. 59).
Carlos Alberto Contieri, sj
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