A parábola do rei que viajou para o estrangeiro é
equivalente, quanto ao tema principal, à parábola dos talentos (cf. Mt
25,14-30). A introdução da parábola evoca a morte-ressurreição de Cristo, a sua
parúsia, a missão conferida aos servos de cuidar do dinheiro do rei e a
resistência e rejeição do rei por seus concidadãos. Não obstante a resistência
e rejeição, ele foi nomeado rei e voltou para pedir contas de seu dinheiro.
Para o leitor do evangelho fica claro que se trata de Jesus.
O acento é posto no “outro servo”, que enrolou o dinheiro do rei num lenço e,
ao contrário dos outros dois, não valorizou esse dinheiro, por isso não o fez
frutificar. O medo o paralisou, e foi a desculpa da sua inércia, do seu
comodismo. De onde lhe vem este medo? Não será o mesmo raciocínio que levou
Caim a matar Abel: imaginar que Deus pudesse preferir um ao outro? Fazer-se
imagem de Deus pode ser perigoso e induzir a sérios equívocos. O medo é
contrário à fé. O espírito servil precisa ser expurgado da vida cristã e ceder
lugar à liberdade: “Vós não recebestes um espírito de escravos para cair no
medo, mas de filhos adotivos” (Rm 8,15).
Carlos Alberto Contieri,sj
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