A menção da destruição do Templo (vv. 5-6), que pode ser
considerada uma profecia ex eventu, não é uma previsão do futuro, mas um modo
de ajudar os discípulos e o leitor do evangelho a superarem as provações do
tempo presente. Em outros termos, o que Jesus quer dizer é o seguinte: não
importa o que aconteça, não se deve esmorecer, nem temer, nem ser envolvido
pela perplexidade. É preciso apoiar a vida em valores verdadeiros e sólidos.
Até o Templo ornado com tantas pedras preciosas (cf. v. 6) desaparecerá, pois
ele figura entre as coisas que passam. A vida do ser humano deve estar apoiada
no que não passa nem decepciona: Deus. As palavras de Jesus acerca do futuro,
inspiradas numa linguagem apocalíptica, não predeterminam nenhuma data, mas
fazem apelo ao discernimento permanente. Jesus evita responder à pergunta: “...
quando será, e qual o sinal de que isso está para acontecer?” (v. 7). Mas
alerta: “Cuidado para não serdes enganados…” (v. 8). Ele não responde à questão
posta, pois a preocupação do discípulo não deve ser com o quando, mas com que
atitude ter em meio às adversidades da vida e aos dramas da humanidade. Do
discípulo é exigida uma atitude de confiança que nada pode abalar, nem mesmo as
catástrofes naturais, nem as perseguições por causa do evangelho.
Carlos Alberto Contieri,sj
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