Hoje, quarto domingo do tempo da Páscoa, é o domingo do Bom
Pastor. No entanto, a afirmação mais importante do texto do evangelho deste dia
é que Jesus é a “porta das ovelhas”, expressão repetida duas vezes ao longo do
texto (vv. 7.9). O contexto do capítulo 10 de João é a controvérsia de Jesus
com os fariseus; eles são, no quarto evangelho, os adversários por excelência
de Jesus e que, juntamente com os sumos sacerdotes, querem matá-lo; são eles,
igualmente, que julgam que Jesus é um blasfemo.
Uma das particularidades do evangelho é a afirmação de Jesus
“eu sou”. Essa assertiva evoca Ex 3,7ss, em que Deus se apresenta a Moisés na
sarça ardente como “Eu sou”. Portanto, trata-se, aqui, da afirmação da
divindade de Jesus. Essa afirmação, no evangelho, é seguida sempre de uma
imagem: porta, bom pastor, pão da vida, pão descido céu, caminho, verdade,
vida. Essas imagens nos permitem entrar no mistério de Jesus Cristo, enviado do
Pai para dar vida ao mundo, através dos vários aspectos de sua ação salvífica.
Jesus é a porta. De que porta se trata? Da porta de um cercado, sem teto. Ele é
a porta e como toda porta ele permite entrar e sair; uma porta que abre e que
fecha. Quando a porta é fechada é para proteger as ovelhas de seus predadores e
ladrões; quando a porta é aberta o pastor vai à frente das ovelhas para
conduzi-las às pastagens. Quem conduz o povo de Deus é o próprio Senhor. Quem
nos conduz ao redil e é a porta que protege o povo contra os inimigos é o
Senhor. As ovelhas, de cujo redil Jesus é a porta, seguem unicamente o Pastor
cuja voz elas conhecem, pois sabem que, caminhando à sua frente, ele lhes
conduzirá à verdadeira pastagem (cf. Sl 22). As ovelhas não seguem a voz de um
estranho. O discípulo, ou se preferirem, a comunidade dos discípulos é caracterizada
como aquela que, protegida e conduzida pelo Pastor, ouve unicamente a sua voz,
sem se deixar seduzir ou enganar pela voz de estranhos. Jesus é a porta. Para
nós que cremos, somente por Jesus é que temos acesso à salvação; somente nele e
por ele encontramos proteção contra o “inimigo da natureza humana”. Somente
seguindo os passos do Bom Pastor podemos encontrar e sermos nutridos pelo
alimento capaz de sustentar a vida e nos livrar da morte.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulnas
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