O dogma da Imaculada Conceição foi definido em 1854, pelo
Papa Pio IX, na bula Ineffabilis Deus, em que, resumidamente, ele afirma:
“Declaramos, pronunciamos e definimos como doutrina revelada por Deus o quanto
segue: A Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua concepção, por
singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus
Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de
pecado original”. O dogma da Imaculada Conceição está em função da encarnação
do Verbo de Deus.
O texto do evangelho proposto para esta festa é o anúncio do
anjo Gabriel a Maria. Este relato faz parte de um conjunto de textos denominado
de “evangelhos da infância” (Mt 1–2; Lc 1–2). Lucas relaciona o anúncio do
nascimento de Jesus à gravidez de Isabel: “... no sexto mês… o anjo Gabriel foi
enviado por Deus... a uma virgem…” (v. 26). Isto se explica porque os
evangelhos da infância, em Lucas, estão construídos num paralelismo constante
entre João Batista e Jesus, com a finalidade de mostrar que Jesus é maior que
João: João Batista é o precursor, Jesus, o Messias. O relato enfatiza a
iniciativa absoluta de Deus na encarnação do seu Filho (cf. v. 35).
Maria é a que recebeu o favor de Deus (cf. v. 28), isto é, a
que foi especialmente favorecida por Deus. O favor de Deus a Maria se manifesta
na sua eleição para ser a mãe do Filho de Deus. A iniciativa de Deus na
encarnação do Verbo conta com a colaboração do ser humano: “Como acontecerá
isso, se eu não conheço homem?” (v. 34). Se a idade e a esterilidade de Isabel
e Zacarias foram divinamente superadas na concepção de João Batista, a
dificuldade humana da virgindade de Maria deve ser superada pelo poder divino
na concepção de Jesus. E, segundo Lucas, o foi pela intervenção do Espírito
Santo, o “poder do Altíssimo” (v. 35).
Na sua resposta: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim
segundo a tua palavra” (v. 38), Maria identifica-se com Ana, mãe de Samuel (cf.
1Sm 1,11). Na sua visita a Isabel, ela será caracterizada por aquela que creu:
“Bendita aquela que creu: o que lhe foi dito da parte do Senhor se cumprirá!”
(v. 45).
Carlos Alberto Contieri, sj
Nenhum comentário:
Postar um comentário