Quarto e último domingo do Advento. Estamos às portas de
celebrarmos o Natal do Senhor, solenidade para a qual nos preparamos ao longo
de quase quatro semanas.
Se Acaz se recusa demagogicamente a pedir ao Senhor um sinal
de sua proteção contra o inimigo (cf. Is 7,12), o profeta anuncia um sinal de
Deus: “Eis que a jovem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de
Emanuel” (Is 7,14). A Igreja nascida do mistério pascal de Jesus Cristo,
relendo este texto de Isaías, vê nele a promessa do nascimento do Verbo de
Deus.
O episódio do evangelho deste domingo apresenta-nos a missão
de José. Se, no evangelho de Lucas, o anúncio é feito a Maria, no de Mateus o
anúncio do nascimento de Jesus é feito a José em sonho (ver: Gn 37,5-9.19).
Maria, prometida em casamento a José, se encontra grávida pelo poder do
Espírito Santo (cf. v. 18). A atitude de José nem sempre é compreendida pelo
leitor do evangelho, e esta falta de clareza quanto ao texto persiste nas
pregações. Não raras vezes se traduz a atitude pretendida de José em relação a
Maria como “repúdio”, como se ela tivesse cometido uma falta. A melhor tradução
é “deixar ir livremente” (v. 19). José compreende que a gravidez de Maria é
habitada pelo Mistério de Deus. Ele não quer tomar para si o que Deus reservou
para ele. É exatamente por isso que o narrador diz que ele era “justo” (v. 19).
Mas a palavra do anjo a ele permite-lhe compreender que Deus precisa dele. A
ele cabe dar uma existência histórica ao Filho de Deus: “... tu lhe porás o nome
de Jesus” (v. 21). “... não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que
nela foi gerado vem do Espírito Santo” (v. 20). A palavra do anjo a José muda,
transforma a sua relação com Deus, pois ela encurta a distância entre o divino
e o humano. O seu matrimônio com Maria não é incompatível com a consagração dos
dois a Deus: “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado
e acolheu sua esposa”.
Carlos Alberto Contieri, sj
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