Jesus é um pregador itinerante e, por onde passa, vai
fazendo o bem, dando boa acolhida aos pecadores (Mt 9,1-8.18-26). Enquanto está
a caminho, dois cegos gritam insistentemente por compaixão: “Tem compaixão de
nós, filho de Davi” (v. 27). Em casa, o diálogo de Jesus com eles suscita-lhes
a fé (cf. v. 28).
O gesto da cura é acompanhado da palavra que o explica:
“[Jesus] tocou nos olhos deles, dizendo: ‘Faça-se conforme a vossa fé’” (v.
29). Ao centurião que suplicava pela saúde do seu servo, Jesus disse: “Vai e
aconteça como acreditaste” (8,13); será o caso também de outra pagã, uma mulher
Cananeia: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como queres” (15,28). É
estabelecida uma relação entre a fé e a cura. A fé não é a causa da cura, mas a
confiança em Jesus abre o coração para receber a cura como dom. A fé é a cura
de tantos males do coração do ser humano. O nosso texto continua: “E os olhos
deles se abriram” (v. 30a) – o que nos faz lembrar uma vez mais Is 35,5 e a
promessa dos tempos messiânicos: “E os olhos dos cegos se abrirão”. Aqui, como
no texto que dá origem a este relato (Mc 10,46-52), a questão é a fé que faz
ver; a fé em Jesus Cristo é verdadeira iluminação. A interdição de não falar a
ninguém acerca do acontecido (cf. v. 30b) tem por função evitar equívocos e
abrir as pessoas para a novidade, podemos dizer, do messianismo revelado em
Jesus.
Carlos Alberto Contieri,sj
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