Nosso texto é parte do discurso missionário de Jesus (Mt
10). Os discípulos devem ter presente, olhando para o seu próprio Senhor, a
possibilidade de ser ameaçados, hostilizados e perseguidos. O mais doloroso é
que a perseguição, a hostilidade, não vêm somente de fora, mas também de dentro
da comunidade, da própria família (cf. v. 21).
Na perseguição é preciso prudência e simplicidade (v. 16); é
preciso discernir para não se deixar enredar por quem quer que seja. É por
causa de Jesus que os discípulos são perseguidos (v. 18a). Esse sofrimento é o
preço do testemunho: “... dareis testemunho diante deles e diante dos pagãos”
(v. 18b). Em tudo isso é preciso confiança, pois o “Espírito do vosso Pai
falará em vós” (v. 20). O Espírito Santo, dom gratuito do Pai, é que inspira os
discípulos. Essa confiança é que deve sustentar a vida dos discípulos enviados
em missão. As traições, o ódio, a rejeição por causa de Jesus e do seu
evangelho não têm por que nos assustar. Todos nós somos às vezes cordeiro e
lobo, até que se realize a identificação do discípulo com o Mestre.
A missão é universal porque os doze discípulos escolhidos
por Jesus não acabarão “de percorrer as cidades de Israel, até que venha o
Filho do Homem” (v. 23). A tarefa de conduzir as pessoas ao único e verdadeiro
pastor (cf. Ex 34,23-34) será permanente, enquanto houver ódio entre os irmãos
(cf. v. 21), enquanto houver perseguições em nome de Jesus (cf. v. 22).
Carlos Alberto Contieri, sj
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