sábado, 30 de novembro de 2013

Atitude de vigilância - 01.12.2013

O primeiro domingo do Advento é o início do ano litúrgico. Para os cristãos, é o verdadeiro “ano novo”, pois a nossa vida de fé é marcada e ritmada pela celebração do Mistério de Deus. O Advento é tempo de preparação para o Natal; tempo que deve ser vivido numa dupla atitude: intensificar a leitura e a meditação da Palavra de Deus e a penitência.
O texto da liturgia de hoje é parte do discurso escatológico de Jesus (Mt 24,1–25,46); discurso sobre o fim. Entenda-se fim não como término, mas como aquilo que é definitivo para a existência humana. Normalmente, a linguagem utilizada para este tipo de discurso é a apocalíptica, que tem um tom um tanto dramático e, por vezes, causa certo medo nas pessoas que não ultrapassam o sentido primeiro do texto. Em nosso caso, o discurso é exortação aos discípulos a colocarem a sua confiança naquilo que não passa. O precursor deste tipo de linguagem na Bíblia é o livro de Daniel (Dn 7–12), escrito em meados do segundo século antes de Cristo.
A evocação do tempo de Noé e o dilúvio servem para colocar os discípulos, destinatários do discurso (cf. Mt 24,1), de alerta e para os convidar a uma atitude de engajamento e coerência com sua vocação cristã. O dilúvio, como evento de purificação, é água divisora entre um antes e um depois. Parece que o dilúvio os faz abrir os olhos quanto ao modo como viviam: nada percebiam, “até que veio o dilúvio e arrastou a todos” (v. 39). A vida do ser humano não se encerra nos limites da história, nem se resume em comer e beber, nem em procurar “aproveitar a vida”. Na descrição sumária do tempo de Noé, Deus não aparece; é como se ele não contasse para nada. A excessiva preocupação com questões relativas à vida de cada dia e com o bem-estar pode não só nos distanciar das coisas do céu, como também nos fazer prescindir do próprio Deus ou até ignorar sua presença. A história do tempo de Noé, antes do dilúvio, serve para ilustrar esta situação e interpelar os discípulos a que mantenham a vida referida a Deus. A fé em Deus exige uma vida conforme a sua vontade: “Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor!, entrará no Reino dos céus, mas o que faz a vontade do meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21). A vida de quem crê deve ser a expressão da fé que ele professa e do Deus em quem ele põe a sua esperança e confiança. O principal é buscar o Reino de Deus, que antecede todas as coisas, e por Deus o necessário é dado (ver: Lc 12,22-31).
A imprevisibilidade da vinda do Filho do Homem exige uma atitude diferente das pessoas do tempo de Noé, anteriores ao dilúvio (cf. v. 39b-41). A atitude requerida é a da vigilância (cf. v. 42). Vigilância é trabalho de discernimento, é empenho na atividade cotidiana que engaja o homem na sua missão, fruto do seguimento de Jesus Cristo. “É hora de despertarmos do sono”, diz Paulo, “abandonemos as obras das trevas, e vistamos as armas da luz; procedamos honestamente como em pleno dia […]. Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,11-14).

Carlos Alberto Contieri, sj

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

É preciso desapego para seguir o Senhor. – 30.11.2013

O relato do chamado dos quatro primeiros discípulos apresenta a participação destes na missão de Jesus. A iniciativa é de Jesus, que caminha à beira do mar da Galileia (cf. v. 18). Se o chamado, iniciativa de Jesus, é feito no presente, “segui-me”, a missão é dita para o futuro: “... farei de vós pescadores de homens”. Entre um e outro há o discipulado, tempo do aprendizado, da escuta, do exercício da liberdade interior, pois é preciso desapego para seguir o Senhor; é preciso deixar os laços com as coisas e os afetivos (“deixaram as redes e o seguiram”; “Deixando imediatamente o barco e o pai [Zebedeu], eles o seguiram”).

Carlos Alberto Contieri,sj

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

É a esperança que faz levantar a cabeça. – 29.11.2013

A parábola da figueira é a ilustração do v. 28: “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. É a esperança que faz levantar a cabeça. E não nos esqueçamos: nossa condição de cristãos é viver na esperança. A esperança é a experiência de viver a vida apoiada na palavra e no destino de Jesus Cristo. A conclusão da parábola exorta à confiança no que não passa, no que dá firmeza e alimenta a esperança: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (v. 33). Não importa qual seja a situação por que passamos; é preciso saber, mesmo quando não é possível experimentar, que o Senhor está próximo (cf. v. 31); e mesmo aquelas situações mais dramáticas, é preciso vivê-las com o olhar fixo no Senhor, de quem nos vem “auxílio e proteção”, e por quem nós somos salvos.

Carlos Alberto Contieri,sj

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A libertação e proteção vêm do Filho do Homem em quem todos devem esperar. – 28.11.2013

O atraso da parúsia provocou muitas especulações acerca da “segunda vinda de Cristo”. Especulações estas que deram origem a um discurso milenarista. A expectativa da segunda volta de Cristo gerou, ainda, uma tradição de que alguns fenômenos atmosféricos anunciavam o fim do mundo e, mais, de que Deus seria o responsável, por causa de sua decepção ante a maldade do ser humano que ele criou. São Lucas, no entanto, vai se utilizar destes elementos para anunciar um tempo aberto na história para o testemunho: “Será uma ocasião para dardes testemunho” (v. 13).
O v. 20 faz menção à invasão de Jerusalém pelas tropas de Tito, em 70 d.C. Os muros da cidade não foram suficientes para reter o inimigo e proteger as pessoas. Todos serão submetidos à brutalidade do invasor. A libertação e proteção vêm do Filho do Homem (cf. Dn 7,13-14), em quem todos devem esperar. Contra o desânimo, o medo, o pavor, é preciso “erguer a cabeça” (v. 28). Não só o Templo passa, mas também o sofrimento, a perseguição e a morte não são a última palavra da existência humana; eles darão lugar à alegria e à consolação. O Filho do Homem, glorioso (cf. v. 27), é quem faz com que seus eleitos, os que permanecerem fiéis até o fim, participem e sejam herdeiros da sua própria vitória.

Carlos Alberto Contieri,sj

terça-feira, 26 de novembro de 2013

É na vitória de Jesus Cristo que deve estar apoiada a esperança dos cristãos. – 27.11.2013

Nosso texto é a continuidade do discurso escatológico de Jesus. Discurso muitas vezes desconcertante em razão da linguagem apocalíptica utilizada. A propósito das perseguições e da morte, é preciso pôr a vida nas mãos de Deus: em primeiro lugar, como dissemos, será uma ocasião de dar testemunho (cf. v. 13) e, em segundo lugar, de confiar que é Deus quem inspira, da força e protege a causa de seus eleitos. Nos Atos dos Apóstolos, o próprio Lucas relata a atitude de Pedro e João, perseguidos pelas autoridades judaicas: “Quanto a eles, deixaram o Sinédrio muito alegres por terem sido julgados dignos de sofrer humilhações pelo Nome” (At 5,41). É na vitória de Jesus Cristo que deve estar apoiada a esperança dos cristãos: “No mundo tereis tribulações, mas coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33). Com São Paulo podemos, então, nos perguntar: “Quem nos separará do amor de Cristo?”. E com ele respondermos: nada nem ninguém (Rm 8,31-39).

Carlos Alberto Contieri,sj

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A vida do ser humano deve estar apoiada no que não passa nem decepciona: Deus. – 26.11.2013

A menção da destruição do Templo (vv. 5-6), que pode ser considerada uma profecia ex eventu, não é uma previsão do futuro, mas um modo de ajudar os discípulos e o leitor do evangelho a superarem as provações do tempo presente. Em outros termos, o que Jesus quer dizer é o seguinte: não importa o que aconteça, não se deve esmorecer, nem temer, nem ser envolvido pela perplexidade. É preciso apoiar a vida em valores verdadeiros e sólidos. Até o Templo ornado com tantas pedras preciosas (cf. v. 6) desaparecerá, pois ele figura entre as coisas que passam. A vida do ser humano deve estar apoiada no que não passa nem decepciona: Deus. As palavras de Jesus acerca do futuro, inspiradas numa linguagem apocalíptica, não predeterminam nenhuma data, mas fazem apelo ao discernimento permanente. Jesus evita responder à pergunta: “... quando será, e qual o sinal de que isso está para acontecer?” (v. 7). Mas alerta: “Cuidado para não serdes enganados…” (v. 8). Ele não responde à questão posta, pois a preocupação do discípulo não deve ser com o quando, mas com que atitude ter em meio às adversidades da vida e aos dramas da humanidade. Do discípulo é exigida uma atitude de confiança que nada pode abalar, nem mesmo as catástrofes naturais, nem as perseguições por causa do evangelho.

Carlos Alberto Contieri,sj

domingo, 24 de novembro de 2013

É a atitude de entrega total que conta. – 25.11.2013

Depois de expulsar os comerciantes do Templo, Jesus elogia a atitude de uma viúva necessitada que depositou no cofre do Templo duas moedinhas, em contraste com as pessoas ricas que também depositavam suas ofertas. No reino inaugurado por Jesus, a quantidade passa a ser absolutamente secundária. É a atitude de confiança e de entrega total que conta e é exigida. As duas moedas depositadas pela viúva no cofre foram muito mais do que os ricos depositaram. Jesus mesmo explica: as pessoas ricas (cf. v. 1) ofertaram “parte do que tinham de sobra, mas ela, da sua pobreza, ofereceu tudo que tinha para viver” (v. 4). Nesse sentido, a viúva é imagem de Cristo que ofereceu toda a sua vida a Deus.

Carlos Alberto Contieri, sj

sábado, 23 de novembro de 2013

“Meu reino não é deste mundo”. - 24.11.2013

A solenidade de nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, é a festa de encerramento do ano litúrgico.
Há nos evangelhos um único texto em que Jesus assume o título de rei: “O sumo sacerdote o interrogou de novo: ‘És tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?’ Jesus respondeu: ‘Eu sou’” (Mc 14,61-62). De resto, Jesus rejeita para si o título de rei que pudesse identificá-lo com a esperança de restaurar a monarquia davídica e a libertação do país da dominação estrangeira. Jesus rejeita todos os títulos que poderiam fazer pensar no desejo de poder (Mc 1,25.34.44; 3,12; 5,43; 7,36; 8,26.30). O poder observado no mundo não é o vivido por Jesus e proposto aos seus discípulos: “Para vós, não será assim” (ver: Lc 22,24-27). Jesus se distancia de toda forma de poder e distingue a concepção de poder da comunidade dos discípulos com a comum dos “grandes deste mundo”. O que deve ser buscado por toda a Igreja é a prioridade do serviço: “O maior é aquele que serve” (Lc 22,27). Perguntado por Pilatos: “Tu és o rei dos judeus?” (Jo 18,33), Jesus responde: “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). A única realeza que Jesus aceita é a da cruz. Os evangelhos recordarão, então, a inscrição sobre a cruz: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus” (Mt 27,37; Mc 15,26; Lc 23,38; Jo 19,19-22). A partir da cruz, sobre o título de rei, não paira nenhuma ambigüidade, pois a realeza de Jesus é o serviço até a entrega radical da própria vida, como ato de amor supremo. Jesus, Rei do universo, inaugura um modo de vida que não admite o gosto do poder, tal qual “as nações” o compreendem.
As três interpelações dos que zombavam de Jesus (vv. 35.37.39) lembram as interpelações do relato das tentações (cf. Lc 4,1-13). Isto pode nos fazer compreender que a cruz do Senhor é o lugar da tentação suprema que ele vence: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito” (23,46). No relato das tentações como na paixão, a tentação é a mesma: usar o poder em benefício próprio, usar da condição de Filho de Deus e de Messias para si mesmo. O silêncio do Senhor sobre a cruz ante as interpelações e zombarias é expressão de sua rejeição de todo poder mundano que o desviasse de realizar a vontade do Pai. A cruz é o lugar em que se exerce a realeza tipicamente jesuânica: o poder de salvar, de dar a vida. À súplica do malfeitor: “... lembra-te de mim, quando começares a reinar” (v. 42), Jesus responde: “... hoje estarás comigo no Paraíso” (v. 43; cf. Lc 4,21).

Carlos Alberto Contieri, sj

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Os ressuscitados não podem mais morrer. - 23.11.2013

Os saduceus não são propriamente um grupo religioso, mas uma espécie de aristocracia ligada ao Templo de Jerusalém. Eles não acreditam na ressurreição dos mortos (cf. v. 27; At 23,8), ao contrário dos fariseus. Considerando o modo como eles apresentam o caso, a ressurreição na concepção deles é uma espécie de prolongamento ou repetição da vida presente. O caso apresentado por eles é absurdo e, provavelmente, tem o intuito de ridicularizar a fé na ressurreição (vv. 19-23). Para isso, recorrem à lei do levirato (= cunhado): “Se dois irmãos viverem juntos e um deles morrer sem filhos, a viúva não sairá de casa para casar-se com um estrangeiro; seu cunhado se casará com ela e cumprirá com ela os deveres legais de cunhado; o primogênito que nascer continuará o nome do irmão morto, e assim não se apagará o nome dele em Israel” (Dt 25,5-6). Na resposta Jesus revela a ignorância deles: interpretam mal a Escritura e desconhecem o poder de Deus, supondo que a morte anulasse o poder de Deus. Eles pensavam, como dissemos, que a ressurreição fosse continuidade da vida terrena. É preciso se abrir à novidade de Deus e nele esperar: “os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam; e já não poderão morrer” (vv. 35-36). Ora, sem a relação ao Deus dos vivos, a própria Escritura é letra morta. Jesus faz remontar a crença na ressurreição a Moisés: “Que os mortos ressuscitam, também foi mostrado por Moisés, na passagem da sarça ardente, quando chama o Senhor de “Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó’” (v. 37).
A ressurreição não pode ser pensada como pura e simples continuidade de nossa vida terrestre. Há uma ruptura com nossa vida neste mundo: “Neste mundo, homens e mulheres se casam”, mas no mundo futuro e na ressurreição não se casam (v. 34.35). Os ressuscitados têm um ponto em comum com os anjos: eles não podem mais morrer; logo, não necessitam mais de descendência. Deus é o Deus dos vivos (cf. v. 38): “Ninguém de nós vive e ninguém de nós morre para si mesmo, porque se vivemos é para o Senhor que vivemos, e se morremos é para o Senhor que morremos” (Rm 14,7-8).

Carlos Alberto Contieri,sj

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

“Minha casa será casa de oração”. - 22.11.2013

O texto da purificação do Templo encontra-se nos quatro evangelhos (Mt 21,12-13; Mc 11,11.15-17; Lc 9,45-46; Jo 2,14-16). O que acontece no Templo, por ocasião da Páscoa, é escandaloso. As pessoas ligadas ao Templo, aproveitando-se da obrigatoriedade de oferecer sacrifícios e da distância que os peregrinos percorriam a pé para chegar a Jerusalém, comercializam todo tipo de animais prescritos pela Lei para o sacrifício. Além disso, havia uma moeda própria do Templo, por isso devia ser pura, isto é, sem nenhuma efígie; o câmbio, que todas as pessoas tinham que fazer, acontecia no próprio Templo. O texto de Lucas se limita dizer que Jesus expulsava os comerciantes do Templo (cf. v. 45), sem mencionar, ao contrário de João, Marcos e Mateus, como Jesus o fez. O cuidado do Templo é responsabilidade do rei. Jesus entra em Jerusalém como rei. O seu ensinamento não é feito somente de palavras; o gesto que ele acaba de fazer ensina: “Minha casa será casa de oração” (v. 46). O cerco sobre Jesus vai se fechando; seus adversários querem eliminá-lo (cf. v. 47).

carlos Alberto Contieri,sj

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

“do lado de fora” . – 21.11.2013

O texto nos lembra o final do longo discurso sobre a montanha (5,7): “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor!, Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas o que fez a vontade do meu Pai que está nos Céus” (7,21).
Num texto próprio a Marcos, ele nos dá a razão pela qual a parentela de Jesus vai ter com ele. O contexto é a multidão que incessantemente acorre a Jesus a ponto de não poderem, ele e seus discípulos, alimentar-se. A sua família toma a decisão de ir buscá-lo para levá-lo para casa, pois pensavam que ele estivesse “fora de si” (Mc 3,20-21). Observamos que o termo irmão, na linguagem bíblica, abrange os parentes.
Chegados os familiares acompanhados da mãe de Jesus eles são anunciados.
Por duas vezes se diz que estão “do lado de fora” (vv. 46.47). Esta sutil observação parece-nos importante: distante de Jesus, sem ouvir sua palavra, seus ensinamentos, sem contemplar o que ele faz em favor da multidão, sem se deixar tocar por ele, tudo parece loucura. É preciso se aproximar, entrar no “círculo” de Jesus, se aproximar e se deixar envolver por sua palavra, para poder fazer a experiência de que “o que é loucura no mundo, Deus escolheu para confundir o que é forte” (1Cor 1,27).
A família que Jesus reúne ultrapassa os laços de sangue; é “todo aquele que faz a vontade do Pai que está nos céus” (v. 59).

Carlos Alberto Contieri, sj

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O medo é contrário à fé. – 20.11.2013

A parábola do rei que viajou para o estrangeiro é equivalente, quanto ao tema principal, à parábola dos talentos (cf. Mt 25,14-30). A introdução da parábola evoca a morte-ressurreição de Cristo, a sua parúsia, a missão conferida aos servos de cuidar do dinheiro do rei e a resistência e rejeição do rei por seus concidadãos. Não obstante a resistência e rejeição, ele foi nomeado rei e voltou para pedir contas de seu dinheiro.
Para o leitor do evangelho fica claro que se trata de Jesus. O acento é posto no “outro servo”, que enrolou o dinheiro do rei num lenço e, ao contrário dos outros dois, não valorizou esse dinheiro, por isso não o fez frutificar. O medo o paralisou, e foi a desculpa da sua inércia, do seu comodismo. De onde lhe vem este medo? Não será o mesmo raciocínio que levou Caim a matar Abel: imaginar que Deus pudesse preferir um ao outro? Fazer-se imagem de Deus pode ser perigoso e induzir a sérios equívocos. O medo é contrário à fé. O espírito servil precisa ser expurgado da vida cristã e ceder lugar à liberdade: “Vós não recebestes um espírito de escravos para cair no medo, mas de filhos adotivos” (Rm 8,15).

Carlos Alberto Contieri,sj

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

“Hoje aconteceu a salvação para esta casa”. – 19.11.2013

Com este relato de Zaqueu, próprio de Lucas, o leitor é convidado a aprender um paradoxo do encontro entre Jesus e Zaqueu: Jesus vinha procurar e salvar Zaqueu antes mesmo que este buscasse vê-lo e conhecê-lo.
Zaqueu é apresentado em função de Jesus, que devia passar por lá e que Zaqueu queria ver. O centro de atração de Zaqueu e da multidão é Jesus. O relato visa, por um lado, à revelação da identidade perdida de Zaqueu, como homem de fé (“Filho de Abraão – v. 9) e, em segundo lugar, Zaqueu vai descobrir em Jesus seu Senhor: No v. 3 o narrador diz que Zaqueu procurava ver quem era Jesus; no v. 8, ele disse ao Senhor: “Pois bem, Senhor…” Esta transformação foi possível pela iniciativa de Jesus. Jesus, o Senhor, não é só o ato da transformação, ele a provoca.
Toda a dinâmica do relato vai na direção da identidade profunda de Zaqueu e Jesus. Procurando ver Jesus, Zaqueu foi visto por ele. O encontro com Jesus transformou a vida de Zaqueu, inclusive do ponto de vista ético: “Senhor, a metade dos meus bens eu darei aos pobres, e se prejudiquei alguém, vou devolver quatro vezes mais.” (v. 8). A salvação vem por Jesus sem que seja preciso esperar mais: “Hoje aconteceu a salvação para esta casa” (v. 9).

Carlos Alberto Contieri,sj

domingo, 17 de novembro de 2013

Por onde Jesus passa suscita fé e vida. – 18.11.2013

Lucas tomou de Marcos (Mc 10,46-52), com poucas modificações, o relato da cura do cego. Marcos informa que o nome do cego era Bartimeu – o filho de Timeu (Mc 10,46).
“Jesus Nazareno está passando”, dizem ao cego (v. 37). Jesus está se aproximando de Jerusalém, passando por Jericó, um verdadeiro oásis em meio ao deserto da Judeia. Jesus está sempre de passagem, é um Messias itinerante. Por onde passa desperta interesse e atrai as pessoas: querem ouvi-lo, ser tocados por ele e tocá-lo, pois dele “saía uma força que curava a todos” (Lc 6,19). Por onde passa ele faz viver, ele suscita a fé na vida. Ao ouvir que era Jesus quem estava passando, o cego insistentemente grita por compaixão e exprime confiança no Messias davídico: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” (v. 38; cf. Jr 33,15; Ez 34,23-24; 37,24). A insistência em ser ouvido revela a sua confiança em poder receber a visão (cf. v. 39). Na sua passagem Jesus para, como no episódio em Naim (cf. Lc 7,11-17), pois ele é compassivo; como Deus, ouviu o clamor do seu povo escravo no Egito (cf. Ex 3,7-9).
“Jesus perguntou: ‘Que queres que eu te faça?’” (v. 41), ao que o cego respondeu: “Que eu veja, Senhor” (v. 41). Ele exprime o que todo discípulo devia desejar ver. Mas de que visão se trata? “Vê, a tua fé te salvou” (v. 42). Trata-se da iluminação pela fé que faz ver. O cego é, aqui, modelo do discípulo que, iluminado pela fé, segue Jesus (v. 43).

Carlos Alberto Contieri,sj

sábado, 16 de novembro de 2013

Ocasião para darmos testemunho. - 17.11.2013

Ocasião para darmos testemunho. - 17.11.2013

O atraso da parúsia provocou muitas especulações acerca da “segunda vinda de Cristo”. Especulações estas que deram origem a um discurso milenarista. A expectativa da segunda volta de Cristo gerou, ainda, uma tradição de que alguns fenômenos atmosféricos anunciavam o fim do mundo e, mais, de que Deus seria o responsável, por causa de sua decepção ante a maldade do ser humano que ele criou. São Lucas, no entanto, vai se utilizar destes elementos para anunciar um tempo aberto na história para o testemunho: “Será uma ocasião para dardes testemunho” (v. 13).
A menção da destruição do Templo (vv. 5-6), que pode ser considerada uma profecia ex eventu, não é uma previsão do futuro, mas um modo de ajudar os discípulos e o leitor do evangelho a superarem as provações do tempo presente. Em outros termos, o que Jesus quer dizer é o seguinte: não importa o que aconteça, não se deve esmorecer, nem temer, nem ser envolvido pela perplexidade. É preciso apoiar a vida em valores verdadeiros e sólidos. Até o Templo, ornado com tantas pedras preciosas (cf. v. 6), desaparecerá, pois ele figura entre as coisas que passam. A vida do ser humano deve estar apoiada no que não passa nem decepciona: Deus. As palavras de Jesus, inspiradas numa linguagem apocalíptica, não predeterminam nenhuma data, mas fazem um apelo ao discernimento permanente. Jesus evita responder à pergunta: “... quando será, e qual o sinal de que isso está para acontecer?” (v. 7). Mas alerta: “Cuidado para não serdes enganados…” (v. 8). Ele não responde à questão posta, pois a preocupação do discípulo não deve ser com o quando, mas com que atitude ter em meio às adversidades da vida e aos dramas da humanidade. Do discípulo é exigida uma atitude de confiança que nada pode abalar, nem mesmo as catástrofes naturais, nem as perseguições por causa do evangelho. A propósito das perseguições e da morte, é preciso pôr a vida nas mãos de Deus: em primeiro lugar, como dissemos, será uma ocasião de dar testemunho (cf. v. 13) e, em segundo lugar, de confiar que é Deus quem inspira, dá força e protege a causa de seus eleitos. Nos Atos dos Apóstolos, o próprio Lucas relata a atitude de Pedro e João, perseguidos pelas autoridades judaicas: “Quanto a eles, deixaram o Sinédrio muito alegres por terem sido julgados dignos de sofrer humilhações pelo Nome” (At 5,41). É na vitória de Jesus Cristo que deve estar apoiada a esperança dos cristãos: “No mundo tereis tribulações, mas coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33). Com São Paulo podemos, então, nos perguntar: “Quem nos separará do amor de Cristo?”. E com ele respondermos: nada nem ninguém (Rm 8,31-39).

Carlos Alberto Contieri, sj

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Buscar primeiro o Reino de Deus.

A excessiva preocupação com questões relativas à vida de cada dia e com o bem-estar pode não só nos distanciar das coisas do céu, como também fazer prescindir do próprio Deus ou até ignorar sua presença. A história do tempo de Noé e Ló serve para ilustrar esta situação e interpelar os discípulos a que mantenham a vida referida a Deus. A fé em Deus exige uma vida conforme a sua vontade. A vida de quem crê deve ser a expressão da fé que ele professa e do Deus em quem ele põe a sua esperança e confiança. O principal é buscar o Reino de Deus, que antecede todas as coisas, e por Deus o necessário é dado (ver: Lc 12,22-31).
Carlos Alberto Contieri,sj

Fonte: Paulinas

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

15 de Novembro - Santo Alberto Magno

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 17,26-37 - 15.11.2013 - O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem for revelado.

Evangelho - Lc 17,26-37 - 15.11.2013

1ª Leitura - Sb 13,1-9 - 15.11.2013

Salmo - Sl 118 (119), 89, 90. 91. 130. 135. 175 (R. 89a) - 14.11.2013

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

14 de Novembro - São Serapião

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 17,20-25 - 14.11.2013 - O Reino de Deus está entre vós.

Evangelho - Lc 17,20-25 - 14.11.2013

1ª Leitura - Sb 7,22-8,1 - 14.11.2013

Salmo - Sl 118 (119), 89, 90. 91. 130. 135. 175 (R. 89a) - 14.11.2013

terça-feira, 12 de novembro de 2013

13 de Novembro - Santo Estanislau Kostka

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 17,11-19 - 13.11.2013 - Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro.

Evangelho - Lc 17,11-19 - 13.11.2013

1ª Leitura - Sb 6,1-11 - 13.11.2013

Salmo - Sl 81 (82), 3-4. 6-7 (8a) - 13.11.2013

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

12 de Novembro - São Josafa Kuncewicz

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 17,7-10 - 12.11.2013 - Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.

Evangelho - Lc 17,7-10 - 12.11.2013

1ª Leitura - Sb 2,23-3,9 - 12.11.2013

Salmo - Sl 33 (34),2-3. 16-17. 18-19 (R. 2a) - 12.11.2013

domingo, 10 de novembro de 2013

11 de Novembro - São Martinho de Tours

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 17,1-6 - 11.11.2013 - Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: 'Estou arrependido', tu deves perdoá-lo.

Evangelho - Lc 17,1-6 - 11.11.2013

1ª Leitura - Sb 1,1-7 - 11.11.2013

Salmo - Sl 138 (139),1-3. 4-6. 7-8. 9-10 (R. 24b) - 11.11.2013

sábado, 9 de novembro de 2013

10 de Novembro - São Leão Magno

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 20,27-38 - 10.11.2013 - Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.

Evangelho - Lc 20,27-38 - 10.11.2013

1ª Leitura - Mc 7,1-2.9-14 - 10.11.2013

2ª Leitura - 2Ts 2,16 - 3,5 - 10.11.2013

Salmo - Sl 16,1.5-6.8b.15 (R. 15) - 10.11.2013

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

09 de Novembro - Santo Orestes

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Jo 2,13-22 - 09.11.2013 - Jesus estava falando do Templo do seu corpo.

Evangelho - Jo 2,13-22 - 09.11.2013

1ª Leitura - Ez 47,1-2.8-9.12 ou 1ª Leitura - 1Cor 3,9c-11.16-17 - 09.11.2013

Salmo - Sl 45(46),2-3.5-6.8-9 (R. 5) - 09.11.2013

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

08 de Novembro - São Godofredo

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 16,1-8 - 08.11.2013 - Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz.

Evangelho - Lc 16,1-8 - 08.11.2013

1ª Leitura - Rm 15,14-21 - 08.11.2013

Salmo - Sl 97 (98),1. 2-3ab. 3cd-4 (R.Cf. 2b) - 08.11.2013

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

07 de Novembro - São Vilibrordo

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 15,1-10 - 07.11.2013 - Haverá alegria no céu por um só pecador que se converte.

Evangelho - Lc 15,1-10 - 07.11.2013

1ª Leitura - Rm 14,7-12 - 07.11.2013

Salmo - Sl 26 (27),1. 4. 13-14 (R. 13) - 07.11.2013

terça-feira, 5 de novembro de 2013

06 de Novembro - São Leonardo de Noblac

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 14,25-33 - 06.11.2013 - Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!

Evangelho - Lc 14,25-33 - 06.11.2013

2ª Leitura - Rm 13,8-10 - 06.11.2013

Salmo - Sl 111 (112),1-2. 4-5. 9 (R.5a) - 06.11.2013

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

05 de Novembro - São Zacarias e Santa Isabel

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 14,15-24 - 05.11.2013 - Deus nos convida a participar de sua própria vida.

Evangelho (Lc 14,15-24) - 05.11.2013

Primeira Leitura (Rm 12,5-16a) - 05.11.2013

Responsório (Sl 130) - 05.11.2013

domingo, 3 de novembro de 2013

04 de Novembro - São Carlos Borromeu

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 14,12-14 - 04.11.2013 - É preciso renunciar ao anseio de recompensa ou retribuição.

Evangelho (Lc 14,12-14) - 04.11.2013

Primeira Leitura (Rm 11,29-36) - 04.11.2013

Responsório (Sl 68) - 04.11.2013

sábado, 2 de novembro de 2013

03 de Novembro - São Martinho de Lima

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 5,1-12a - Solenidade de todos os Santos – Domingo 03/11/13

Evangelho (Mt 5,1-12a) - 03.11.2013

Primeira Leitura (Ap 7,2-4.9-14) - 03.11.2013

Segunda Leitura (1Jo 3,1-3) - 03.11.2013

Responsório (Sl 23) - 03.11.2013

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

02 de Novembro - Finados

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mt 5,1-12a - 02.11.2013 - Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus.

Evangelho - Mt 5,1-12a - 02.11.2013

1ª Leitura - Ap 7,2-4.9-14 - 02.11.2013

2ª Leitura - 1Jo 3,1-3 - 02.11.2013

Salmo - Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6) - 02.11.2013