terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O Verbo assumiu nossa humanidade – 01.01.2014

Hoje, ao comemorarmos o início do ano civil, celebramos a solenidade litúrgica de Santa Maria, Mãe de Deus. A expressão “mãe de Deus” é, num primeiro momento, ambígua, pois poderia afirmar a precedência de Maria em relação ao Verbo eterno de Deus. No entanto, o Concílio de Éfeso (431) declara que Maria é a theotókos (mãe de Deus) “segundo a carne”. A cada Ave-Maria, repetimos a afirmação da maternidade divina de Maria ao dizermos: “Santa Maria, mãe de Deus”. Nesse sentido, o dogma da maternidade divina de Maria é um apoio para a afirmação de que o Verbo assumiu a nossa humanidade (cf. Jo 1,14). O texto do evangelho deste dia é parte dos assim chamados relatos da infância (Lc 1–2), dos últimos relatos evangélicos a serem escritos. A menção dos “pastores” destinatários do anúncio dos anjos, que “às pressas” vão à Belém, é um modo de afirmar a universalidade da salvação de Deus e, por isso, que ninguém está excluído dessa graça oferecida no Verbo encarnado, nascido para a vida de todo ser humano. A atitude de Maria, modelo do discípulo, nos põe diante da exigência do seguimento de Jesus Cristo: contemplação e escuta do Mistério de Deus são condições indispensáveis para fazer a vontade de Deus.


Carlos Alberto Contieri, sj

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Hino à Palavra - 31.12.2013

Quanto à origem e à estrutura do prólogo segundo João, há pouco acordo entre os estudiosos. Seja como for, o Prólogo do quarto evangelho antecipa os temas fundamentais que serão desenvolvidos ao longo de todo o evangelho. Mais parece um hino em que o tema principal é o “Logos”. O Logos preexistente do v. 1 é identificado com o Filho único de Deus, que é quem revela o Pai (v. 18; cf. 14,9-10).

domingo, 29 de dezembro de 2013

Realização da promessa – 30.12.2013

O texto de hoje se situa no Templo de Jerusalém, na apresentação de Jesus ao Senhor. Em parte dos “evangelhos da infância”, e de modo próprio no evangelho segundo Lucas, a perícope da apresentação de Jesus no Templo é caracterizada pela imprecisão, pois o evangelista mescla o rito de purificação da mulher que dá à luz com o rito de consagração do primogênito ao Senhor. Sem nos atermos aos detalhes, convém simplesmente dizer que o texto de hoje faz com que o Antigo Testamento, representado por Simeão e Ana, contemple, pela ação do Espírito Santo, a realização da promessa feita por Deus a seu povo: “Agora, Senhor, segundo a tua palavra, deixas livre e em paz teu servo, porque meus olhos viram teu Salvador…” (vv. 29-30).
A profetisa Ana tem o mesmo nome da mãe de Samuel (1Sm 1,19-20). Com Simeão, a profetisa Ana garante o duplo testemunho exigido pela Lei (Dt 19,15). Homem e mulher são associados no reconhecimento da salvação, isto é, todo o Israel vê sua esperança de salvação se realizar.


Carlos Alberto Contieri,sj

sábado, 28 de dezembro de 2013

A família de Nazaré - 29.12.2013

Já começamos a dizer antes que Jesus realiza um novo êxodo, que vai culminar, de modo definitivo, na sua Páscoa. Já dissemos que Jesus é apresentado como o novo Israel e o novo Moisés. Ele é também comparado a Jacó (cf. Gn 46,2-5), que desceu ao Egito, aí cresceu e, ao sair, saiu como se fosse um povo numeroso. José, como no anúncio do nascimento de Jesus, é o destinatário da mensagem do anjo. É apresentado como homem justo, pois realiza o que lhe é pedido da parte de Deus (cf. vv. 13.19).
Com a citação de Oseias no centro do relato: “Do Egito chamei o meu filho” (Os 11,1), na qual o profeta se referia à saída do Egito, o evangelista parece querer comunicar que Jesus percorre as etapas fundamentais da história do seu povo, e que, por isso, ele é plenamente membro do povo eleito.

Estamos celebrando a festa da Sagrada Família de Nazaré. O que a faz santa? É a presença do Filho de Deus que assumiu a nossa humanidade. A presença do Emanuel permitiu revelar Maria como a que recebeu o favor de Deus e José, como o homem justo. A sua presença aproxima a realidade celeste da nossa humanidade. Ademais, a santidade da família de Nazaré se exprime no engajamento em realizar a vontade de Deus. Por isso, o desejável é o que São Paulo exprime tão bem: “Revesti-vos do amor, que une a todos na perfeição”. O amor é a expressão máxima da vida cristã.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O novo Israel - 28.12.2013

O novo é dito com as palavras antigas e evoca o passado de Israel. Jesus é apresentado como o novo Israel e o Novo Moisés. Herodes lembra o Faraó do Egito que mandou matar todos os meninos nascidos dos Hebreus, pois eles representavam uma ameaça (Ex 1,15-22). Como Moisés escapou misteriosamente da morte (Ex 2,1-10) e fugiu para outro país para escapar do Faraó (Ex 2,11-15), do mesmo modo Jesus escapa da crueldade de Herodes (vv. 13-15) e, depois, vai para Nazaré (v. 23). Já desde muito cedo, pouco depois de seu nascimento, a perseguição de Herodes e o massacre das crianças de Belém prefiguram a rejeição de Jesus por parte de Israel.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O salto da fé. - 27.12.2013

Há uma tristeza que imobiliza e impede de dar o salto da fé. As lágrimas impedem de ver com clareza a realidade própria da fé. Este relato deve ser a expressão da experiência feita do Cristo Ressuscitado, do itinerário pelo qual se chega à fé na ressurreição. Maria Madalena, que corre desesperada ao encontro de Simão Pedro e do discípulo que Jesus amava, tem razão de dizer que tiraram o Senhor do sepulcro e que ele não está lá (v. 2). O túmulo vazio não é prova da ressurreição de Jesus, e os sinais da presença do Ressuscitado não são evidentes, precisam ser sempre discernidos. Simão Pedro e o discípulo amado correm para o sepulcro; Pedro tem precedência, entra primeiro, depois entra o outro discípulo. Ambos viram a mesma realidade, mas ela não teve para os dois o mesmo significado, pois do discípulo que Jesus amava o narrador do evangelho diz que “viu e creu” (v. 8).

Carlos Alberto Contieri, sj

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O preço do testemunho - 26.12.2013

Nosso texto é parte do discurso missionário de Jesus (Mt 10). Os discípulos devem ter presente, olhando para o seu próprio Senhor, a possibilidade de ser ameaçados, hostilizados e perseguidos. O mais doloroso é que a perseguição, a hostilidade, não vêm somente de fora, mas também de dentro da comunidade, da própria família (cf. v. 21).
Na perseguição é preciso prudência e simplicidade (v. 16); é preciso discernir para não se deixar enredar por quem quer que seja. É por causa de Jesus que os discípulos são perseguidos (v. 18a). Esse sofrimento é o preço do testemunho: “... dareis testemunho diante deles e diante dos pagãos” (v. 18b). Em tudo isso é preciso confiança, pois o “Espírito do vosso Pai falará em vós” (v. 20). O Espírito Santo, dom gratuito do Pai, é que inspira os discípulos. Essa confiança é que deve sustentar a vida dos discípulos enviados em missão. As traições, o ódio, a rejeição por causa de Jesus e do seu evangelho não têm por que nos assustar. Todos nós somos às vezes cordeiro e lobo, até que se realize a identificação do discípulo com o Mestre.
A missão é universal porque os doze discípulos escolhidos por Jesus não acabarão “de percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho do Homem” (v. 23). A tarefa de conduzir as pessoas ao único e verdadeiro pastor (cf. Ex 34,23-34) será permanente, enquanto houver ódio entre os irmãos (cf. v. 21), enquanto houver perseguições em nome de Jesus (cf. v. 22).


Carlos Alberto Contieri, sj

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Cristo revela o Pai - 25.12.2013

“Ninguém jamais viu a Deus; o Filho Unigênito que está no seio do Pai no-l’O deu a
conhecer” (Jo 1, 18). Quem desde o princípio nos dá a conhecer o Pai é o Filho, porque desde
o princípio está com o Pai: as visões proféticas, a diversidade de graças, os ministérios, a
glorificação do Pai, tudo isto, como uma sinfonia bem composta e harmoniosa, Ele o
manifestou aos homens, no tempo próprio, para seu proveito. Porque onde há harmonia tudo
sucede no tempo próprio; e quando tudo sucede no tempo próprio, há proveito. Por isso o
Verbo tornou-Se o administrador da graça do Pai em proveito de homens, em favor dos quais
Ele pôs em prática a sua tão sublime economia da graça, mostrando Deus aos homens e
apresentando o homem a Deus. Manteve, no entanto, a invisibilidade do Pai, para que o
homem se conserve sempre reverente para com Deus e tenha um estímulo para o qual deve
progredir; mas, ao mesmo tempo, mostrou também que Deus é visível aos homens por meio
da economia da graça, para não suceder que o homem privado totalmente de Deus, chegasse a
perder a sua própria existência.

Porque a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem, é a visão de Deus. Com efeito,
se a manifestação de Deus, através da criação, dá a vida a todos os seres da terra, muito mais a
manifestação do Pai, por meio do Verbo, dá a vida a todos os que vêem a Deus! 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Aliança Abraâmica – 24.12.2013

O hino de Zacarias, ou o Benedictus, é um cântico tipicamente judeu. Trata-se de um hino pré-lucano. O motivo do hino é a visita salvífica de Deus (cf. v. 68). O acento é posto sobre a Aliança abraâmica (v. 73), fundamento da história da salvação, e sobre as testemunhas desta Aliança. João é dito “profeta do Altíssimo”, cuja missão é preparar os caminhos do Senhor (v. 76). O batismo de conversão proposto por João encontra no Benedictus o seu fundamento: “... dando a conhecer a seu povo a salvação, com o perdão dos pecados” (v. 77).


Carlos Alberto Contieri, sj

domingo, 22 de dezembro de 2013

A intervenção de Deus – 23.12.2013

O que havia sido prometido pelo anjo a Zacarias, quando do anúncio do nascimento de João Batista (“Muitos se alegrarão com o seu nascimento” – Lc 1,14), se realiza com o seu nascimento: os vizinhos e parentes se alegravam com Isabel (cf. v. 58). A mudez de Zacarias (Lc 1,20) não é castigo, mas sinal da intervenção de Deus: “Quando Zacarias saiu não lhes podia falar; e compreenderam que tivera alguma visão no santuário” (Lc 1,22). O acordo entre a mãe e o pai acerca do nome do menino é sinal da revelação (cf. Lc 1,13.20). No momento em que escreve na tabuinha: “João é o seu nome!” (v. 63), “... sua boca se abriu, a língua se soltou” (v. 64), conforme a promessa do anjo (Lc 1,20).


Carlos Alberto Contieri, sj

sábado, 21 de dezembro de 2013

O Mistério de Deus - 22.12.2013

Quarto e último domingo do Advento. Estamos às portas de celebrarmos o Natal do Senhor, solenidade para a qual nos preparamos ao longo de quase quatro semanas.
Se Acaz se recusa demagogicamente a pedir ao Senhor um sinal de sua proteção contra o inimigo (cf. Is 7,12), o profeta anuncia um sinal de Deus: “Eis que a jovem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14). A Igreja nascida do mistério pascal de Jesus Cristo, relendo este texto de Isaías, vê nele a promessa do nascimento do Verbo de Deus.
O episódio do evangelho deste domingo apresenta-nos a missão de José. Se, no evangelho de Lucas, o anúncio é feito a Maria, no de Mateus o anúncio do nascimento de Jesus é feito a José em sonho (ver: Gn 37,5-9.19). Maria, prometida em casamento a José, se encontra grávida pelo poder do Espírito Santo (cf. v. 18). A atitude de José nem sempre é compreendida pelo leitor do evangelho, e esta falta de clareza quanto ao texto persiste nas pregações. Não raras vezes se traduz a atitude pretendida de José em relação a Maria como “repúdio”, como se ela tivesse cometido uma falta. A melhor tradução é “deixar ir livremente” (v. 19). José compreende que a gravidez de Maria é habitada pelo Mistério de Deus. Ele não quer tomar para si o que Deus reservou para ele. É exatamente por isso que o narrador diz que ele era “justo” (v. 19). Mas a palavra do anjo a ele permite-lhe compreender que Deus precisa dele. A ele cabe dar uma existência histórica ao Filho de Deus: “... tu lhe porás o nome de Jesus” (v. 21). “... não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (v. 20). A palavra do anjo a José muda, transforma a sua relação com Deus, pois ela encurta a distância entre o divino e o humano. O seu matrimônio com Maria não é incompatível com a consagração dos dois a Deus: “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa”.


Carlos Alberto Contieri, sj

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Duas anunciações – 21.12.2013

O relato da visita de Maria à sua prima Isabel é a conclusão dos relatos das duas anunciações (Lc 1,5-25.26-38). Assim como a gravidez de Isabel é objeto de revelação a Maria (vv. 36-37), do mesmo modo a de Maria é objeto de revelação a Isabel. A revelação de Isabel vem do fato de a criança pular em seu ventre: “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e ela ficou repleta do Espírito Santo” (v. 41). A Isabel, pela graça do Espírito Santo, é dado conhecer não somente que Maria está grávida, mas que o menino é o Messias: “Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” (v. 43). Pulando de alegria no ventre de Isabel (v. 44), João começa a realizar sua missão de precursor (cf. vv. 15-17).
A cada uma das mães Lucas atribui um cântico. A Isabel, o do v. 42: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre”. A Maria, o Magnificat (vv. 46-55), um hino de louvor a Deus, composto com um mosaico de referências bíblicas.


Carlos Albero Contieri, sj

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Jesus é maior que João Batista – 20.12.2013

Lucas relaciona o anúncio do nascimento de Jesus à gravidez de Isabel: “... no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus... a uma virgem…” (v. 26). Esta relação é explicável pelo paralelismo com o qual os relatos da infância são redigidos: Jesus é maior que João Batista.
Maria é apresentada como a que recebeu o favor de Deus (cf. v. 28). O favor de Deus a Maria se manifesta na sua eleição para ser a mãe do Filho de Deus. A iniciativa de Deus na encarnação do Verbo conta com a colaboração humana: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?” (v. 34). Se a idade e a esterilidade de Isabel e Zacarias foram superadas pela intervenção de Deus, a dificuldade humana da virgindade de Maria deve ser superada pelo poder divino na concepção de Jesus. Esta superação se dá pela intervenção do “poder do Altíssimo” (v. 35). “Eis, aqui, a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (v. 38). Na visita a Isabel, Maria será caracterizada por aquela que creu: “Bendita aquele que creu: o que lhe foi dito da parte do Senhor se cumprirá” (v. 45).


Carlos Alberto Contieri, sj

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Fidelidade de Deus – 19.12.2013

Na apresentação dos pais de João Batista, Lucas nos diz que ambos eram justos e seguiam em tudo os mandamentos e os preceitos, mas não tinham filho. Tal estado de coisas contradiz a promessa de bênção de Dt 28,1-14, para aqueles que cumprem fielmente todos os mandamentos. Entre as bênçãos figura o fruto do ventre (cf. Dt 28,4) que será abundante (cf. Dt 28,11). O anúncio do anjo a Zacarias e a realização deste anúncio (cf. Lc 1,24-25) são a revelação da fidelidade de Deus: o que Deus diz, Deus faz.


Carlos Alberto Contieri, sj

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Não tenhas receio – 18.12.2013

A maternidade de Maria é obra do Espírito Santo (cf. v. 18). Se em Lucas o anúncio do nascimento de Jesus é feito a Maria, em Mateus, por razões apologéticas, é feito a José, em sonho (cf. v. 20). Dado o fato da gravidez de Maria, José, o homem justo, pensa em despedi-la secretamente. A melhor tradução para o que José pretende fazer é “deixar ir livremente”. A atitude de José não está motivada pelo medo do juízo dos outros, mas pelo reconhecimento do que estava acontecendo. Queria, isso sim, se manter distante do mistério de Deus que ele compreendia estar presente na gravidez de Maria. É exatamente por isso que o texto diz que ele era justo (cf. v. 19). “não tenhas receio”, diz o anjo a ele, “o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (v. 20). A palavra do anjo faz José superar a distância do sagrado e do profano: “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa” (v. 24).

Carlos Alberto Contieri, sj

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O Jesus inserido no tecido social e histórico. – 17.12.2013

A genealogia de Jesus abre o evangelho segundo Mateus. Para os antigos a genealogia era muito importante, pois ela inseria a pessoa no tecido social e histórico.
Mateus fez a origem de Jesus remeter a Abraão com a finalidade de mostrar que ele é plenamente membro do povo de Israel. A Abraão é prometida a bênção de Deus que atingiria a todas as nações (cf. Gn 12,3). Pela sua descendência, através do patriarca, é afirmado o caráter universal da missão de Jesus. Davi também aparece no v. 1. Para os judeus, o Messias seria um descendente do rei Davi e, segundo Rm 1,3, Jesus é da descendência de Davi, segundo a carne.
A genealogia de Jesus serve para dizer que nele se resume toda a história passada, desde a criação. Mais ainda, Jesus dá sentido à criação; em sua pessoa uma nova história do universo começa.

Carlos Alberto Contieri, sj

domingo, 15 de dezembro de 2013

A autoridade do Filho de Deus – 16.12.2013

A expulsão dos vendedores e dos compradores do Templo por Jesus certamente causou uma forte impressão em todos (cf. Mt 21,12-16). É em razão disso que os sumo sacerdotes e anciãos perguntam a Jesus: “Com que autoridade faz essas coisas? Que te deu essa autoridade?” (v. 23). O que eles querem saber é em nome de quem Jesus fez o que fez. Jesus responde com outra pergunta relativa à origem do batismo de João: era do céu ou terreno? (cf. v. 25). Não respondem, pois eles já têm um juízo formado sobre João e sobre Jesus (cf. vv. 26-27a). O que quer que Jesus respondesse não iria modificar o juízo que faziam dele – é um blasfemo. A falta de fé os cegava, impedindo-os de contemplar a irrupção da salvação de Deus na pessoa de Jesus de Nazaré. O que Jesus ensina e realiza em favor de todo o povo é que dá testemunho dele, de sua identidade profunda e da origem de seu modo de agir, que desvela o rosto misericordioso de Deus.

Carlos Alberto Contieri, sj

sábado, 14 de dezembro de 2013

A alegria da vinda do Messias - 15.12.2013

Terceiro domingo do Advento – domingo gaudete, domingo em que todos somos chamados a suplicar e viver a alegria da proximidade do nascimento do Verbo que assumiu a nossa humanidade: “Alegrem-se o deserto e a terra seca… Dizei aos aflitos: Coragem! Nada de medo! Aí está o vosso Deus […], ele vem para vos salvar” (Is 35,1.4).
As obras de Cristo são desconcertantes até para João Batista. Elas exigem discernimento para poder reconhecer o tempo da visita salvífica de Deus e acolhê-lo com alegria. Por isso João, estando na prisão (v. 2), envia alguns dentre os discípulos para perguntar a Jesus: “És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” (v. 3). Jesus responde sobre a base do texto do profeta Isaías: “... cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são curados, surdos ouvem, mortos ressuscitam e aos pobres se anuncia a Boa-Nova” (vv. 4-5; cf. Is 35,5-6). A resposta de Jesus a João é suficiente para que este reconheça que o “hoje” da salvação se realiza nas palavras e em tudo o que Jesus faz. Em outros termos, Jesus é o Messias, não é preciso esperar outro. Os discípulos de João retornam a ele para comunicar não só a resposta de Jesus, mas também aquilo de que eles mesmos são testemunhas: a vida vai sendo transformada pela presença do Senhor. É a vez de Jesus dar testemunho de João. É preciso não se deixar levar pela aparência – João é mais que um profeta, é o precursor do Messias (cf. v. 10): “... entre todos os nascidos de mulher não surgiu quem fosse maior” (v. 11).
É tempo de firmar o coração, pois a vinda do Senhor está próxima (cf. Tg 5,8). Alegrai-vos!

Carlos Alberto Contieri, sj

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A rejeição e morte de João são a prefiguração da rejeição e morte de Jesus – 14.12.2013

Nosso texto do evangelho de hoje é a sequência do relato da transfiguração (Mt 17,1-8).
Tendo contemplado Elias com Moisés (cf. v. 3), os discípulos se perguntam sobre o retorno de Elias (cf. v. 10). A subtração surpreendente do profeta Elias numa carruagem de fogo dará lugar a uma crença popular segundo a qual a sua volta precederia a vinda do Messias: “E eu vos enviarei o profeta Elias, antes que chegue o dia do Senhor, grande e terrível: ele reconciliará pais com filhos, filhos com pais, e assim eu não virei para exterminar a terra” (Ml 3,23-24; Eclo 48,10). Se Elias não voltou, segundo esta crença, Jesus não é o Messias. Mas Jesus responde: “Elias já veio, e não o reconheceram” (v. 12). Jesus identifica a missão de João Batista com a do profeta Elias (cf. v. 13); João Batista não só foi rejeitado, mas maltratado e morto (cf. Mt 14,3-12; Mc 6,17-29; Lc 3,19-20). A rejeição e morte de João são a prefiguração da rejeição e morte de Jesus: “Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles” (v. 12).

Carlos Alberto Contieri, sj

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Os sinais dos tempos – 13.12.2013

O trecho do evangelho é a sequência do relato em que João Batista envia os seus discípulos a Jesus para perguntarem: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?” (Mt 11,3). A pergunta de João Batista revela a sua dificuldade de discernir e compreender o novo que se vai realizando na pessoa de Jesus. A resposta de Jesus, apoiada em Is 35,5-6, é suficiente para que João reconheça o “hoje” da salvação e que Jesus é o Messias esperado.
O convite de João Batista à conversão ganhou muitos adeptos, mas também muita rejeição entre os que o ouviam: os publicanos e pecadores receberam o batismo, ao contrário dos escribas e fariseus. Na aceitação/rejeição do batismo por parte de seus contemporâneos, é prefigurada a aceitação/rejeição de Jesus. As parábolas dos vv. 16-17, explicadas nos vv. 18-19, se referem e ilustram essa rejeição dos chefes do povo. O que se aponta é a “cegueira” daqueles que deveriam orientar o povo para Deus e estar atentos aos sinais dos tempos. A surpresa de Deus exige um discernimento permanente.

Carlos Alberto Contieri, sj

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O cântico de duas mães - 12.12.2013

O relato da visita de Maria à sua prima Isabel é a conclusão dos relatos das duas anunciações (Lc 1,5-25.26-38). Assim como a gravidez de Isabel é objeto de revelação a Maria (vv. 36-37), do mesmo modo a de Maria é objeto de revelação a Isabel. A revelação de Isabel vem do fato de a criança pular em seu ventre: “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e ela ficou repleta do Espírito Santo” (v. 41). A Isabel, pela graça do Espírito Santo, é dado conhecer não somente que Maria está grávida, mas que o menino é o Messias: “Como mereço que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (v. 43). Pulando de alegria no ventre de Isabel (v. 44), João começa a realizar sua missão de precursor (cf. vv. 15-17).
A cada uma das mães, Lucas atribui um cântico. A Isabel, o do v. 42: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre”. A Maria, o Magnificat (vv. 46-55), um hino de louvor a Deus, composto com um mosaico de referências bíblicas.

Carlos Alberto Contieri, sj

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A sabedoria de Deus – 11.12.2013

“Vinde a mim todos os que desejais, fartai-vos de meus frutos” (Eclo 24,19-21).
Jesus é o Sábio, mais propriamente, a “sabedoria de Deus”, que atrai todos a si para instruí-los na Lei de Deus: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso” (v. 28). O “jugo” (ou fardo) era uma peça de madeira que se punha sobre o pescoço do animal para equilibrar o peso. Na tradição bíblica, entre outros significados, ele se refere à Lei (ver: Jr 2,20; 5,5). Ao criticar os escribas e fariseus, Jesus diz que eles “amarram pesados fardos sobre os membros dos homens, mas eles mesmos nem com um dedo se dispõem a movê-los” (23,4). Há um modo de interpretar e pôr em prática a Lei que abate, que tira a alegria, expurga a vida. A Lei de Deus é para a vida e a liberdade: “Se ouves os mandamentos do Senhor teu Deus, andando em seus caminhos e observando os seus preceitos, seus estatutos e as suas normas, viverás e te multiplicarás” (Dt 30,16). “Tomai sobre vós o meu jugo... Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (vv. 29.30).
A Lei do Senhor é a Lei do amor: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). O amor faz viver, está na origem da vida. O amor é a expressão máxima da vida cristã: “Ninguém teve mais amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). O Senhor entregou a sua vida por nós!

Carlos Alberto Contieri, sj

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Perdão mútuo – 10.12.2013

Nosso texto é parte do discurso eclesiológico. Um dos elementos fundamentais deste discurso é o perdão mútuo. A comunidade eclesial deve ser caracterizada pela reconciliação e pela preocupação com o outro. A parábola da ovelha perdida e reencontrada, utilizada em Lucas (Lc 15) para responder às objeções dos escribas e fariseus, é, aqui, usada para promover o interesse em resgatar os que se distanciaram da comunidade, pois “o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos” (v. 14). A vontade de Deus é prioridade na vida dos cristãos: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor!’, entrará no Reino dos céus, mas o que faz a vontade do meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21).

Carlos Alberto Contieri, sj

domingo, 8 de dezembro de 2013

É Deus quem perdoa – 09.12.2013

A fé dos que carregavam o paralítico provoca a reação de Jesus: “Homem, teus pecados são perdoados” (v. 20). Mas “quem pode perdoar os pecados, a não ser Deus?” (v. 21). Por isso os escribas e fariseus presentes vão acusar de blasfêmia a declaração de Jesus. No entanto, o passivo divino empregado – “teus pecados são perdoados” – revela que o sujeito da ação de perdoar é Deus. É Deus quem perdoa, e o mediador do perdão de Deus é Jesus. O perdão efetivo pode ser verificado pela cura: “... levantando-se diante de todos, pegou a maca e foi para casa, glorificando a Deus” (v. 25). O perdão, do qual Cristo é o mediador, liberta da enfermidade e solta a língua: no início do relato nem uma palavra foi atribuída ao paralítico; no término do relato, no entanto, ele sai “glorificando a Deus”, em reconhecimento da ação de Deus.

Carlos Alberto Contieri, sj

sábado, 7 de dezembro de 2013

Bendita aquela que acreditou. – 08.12.2013

O dogma da Imaculada Conceição foi definido em 1854, pelo Papa Pio IX, na bula Ineffabilis Deus, em que, resumidamente, ele afirma: “Declaramos, pronunciamos e definimos como doutrina revelada por Deus o quanto segue: A Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original”. O dogma da Imaculada Conceição está em função da encarnação do Verbo de Deus.
O texto do evangelho proposto para esta festa é o anúncio do anjo Gabriel a Maria. Este relato faz parte de um conjunto de textos denominado de “evangelhos da infância” (Mt 1–2; Lc 1–2). Lucas relaciona o anúncio do nascimento de Jesus à gravidez de Isabel: “... no sexto mês… o anjo Gabriel foi enviado por Deus... a uma virgem…” (v. 26). Isto se explica porque os evangelhos da infância, em Lucas, estão construídos num paralelismo constante entre João Batista e Jesus, com a finalidade de mostrar que Jesus é maior que João: João Batista é o precursor, Jesus, o Messias. O relato enfatiza a iniciativa absoluta de Deus na encarnação do seu Filho (cf. v. 35).
Maria é a que recebeu o favor de Deus (cf. v. 28), isto é, a que foi especialmente favorecida por Deus. O favor de Deus a Maria se manifesta na sua eleição para ser a mãe do Filho de Deus. A iniciativa de Deus na encarnação do Verbo conta com a colaboração do ser humano: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?” (v. 34). Se a idade e a esterilidade de Isabel e Zacarias foram divinamente superadas na concepção de João Batista, a dificuldade humana da virgindade de Maria deve ser superada pelo poder divino na concepção de Jesus. E, segundo Lucas, o foi pela intervenção do Espírito Santo, o “poder do Altíssimo” (v. 35).
Na sua resposta: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (v. 38), Maria identifica-se com Ana, mãe de Samuel (cf. 1Sm 1,11). Na sua visita a Isabel, ela será caracterizada por aquela que creu: “Bendita aquela que creu: o que lhe foi dito da parte do Senhor se cumprirá!” (v. 45).

Carlos Alberto Contieri, sj

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Proximidade do Reino de Deus – 07.12.2013

O v. 35 é um sumário da atividade de Jesus. A vida de Jesus, o que ele ensina e faz, é proclamação e testemunho da proximidade do Reino de Deus. A compaixão (v. 36) leva Jesus ao encontro das pessoas e a se deixar encontrar por elas. É com este sentimento divino que os Doze são enviados e deverão realizar a missão que recebem do Senhor. Eles serão poucos, dadas as exigências da missão, por isso deverão pedir Àquele que tudo conhece (cf. Sl 139[138]) para que conceda a ajuda necessária e adequada (cf. v. 37).
O capítulo 10 é um dos muitos discursos de Jesus no evangelho segundo Mateus. É denominado “discurso missionário”. Para a missão Jesus concede aos Doze “poder para expulsar os espíritos impuros e curar todo tipo de doença e enfermidade” (10,1). O poder concedido é o poder de Jesus, o Espírito Santo, “força do Alto” (cf. At 1,8). Os destinatários prioritários, não exclusivos, são as “ovelhas perdidas da casa de Israel” (v. 6; cf. 9,13; Lc 19,10). O objeto da proclamação é a proximidade do Reino dos Céus (cf. v. 7). Este anúncio deve ser acompanhado da ação que liberta as pessoas do mal que desfigura o ser humano e o faz experimentar-se distante de Deus (cf. v. 8a). O que é dado como dom por Deus aos apóstolos, o Espírito Santo, deve ser oferecido gratuitamente a tantos quantos eles encontrarem (cf. v. 8b).

Carlos Alberto Contieri,sj

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Jesus caminha fazendo o bem – 06.12.2013

Jesus é um pregador itinerante e, por onde passa, vai fazendo o bem, dando boa acolhida aos pecadores (Mt 9,1-8.18-26). Enquanto está a caminho, dois cegos gritam insistentemente por compaixão: “Tem compaixão de nós, filho de Davi” (v. 27). Em casa, o diálogo de Jesus com eles suscita-lhes a fé (cf. v. 28).
O gesto da cura é acompanhado da palavra que o explica: “[Jesus] tocou nos olhos deles, dizendo: ‘Faça-se conforme a vossa fé’” (v. 29). Ao centurião que suplicava pela saúde do seu servo, Jesus disse: “Vai e aconteça como acreditaste” (8,13); será o caso também de outra pagã, uma mulher Cananeia: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como queres” (15,28). É estabelecida uma relação entre a fé e a cura. A fé não é a causa da cura, mas a confiança em Jesus abre o coração para receber a cura como dom. A fé é a cura de tantos males do coração do ser humano. O nosso texto continua: “E os olhos deles se abriram” (v. 30a) – o que nos faz lembrar uma vez mais Is 35,5 e a promessa dos tempos messiânicos: “E os olhos dos cegos se abrirão”. Aqui, como no texto que dá origem a este relato (Mc 10,46-52), a questão é a fé que faz ver; a fé em Jesus Cristo é verdadeira iluminação. A interdição de não falar a ninguém acerca do acontecido (cf. v. 30b) tem por função evitar equívocos e abrir as pessoas para a novidade, podemos dizer, do messianismo revelado em Jesus.

Carlos Alberto Contieri,sj

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ouvir e pôr em prática - 05.12.2013

Nossa perícope é a conclusão do discurso denominado “Sermão da Montanha” (MT 5–7). Não são as muitas palavras ou o louvor estéril que caracterizam o discípulo, mas o seu engajamento afetivo e efetivo em realizar a vontade de Deus: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus” (v. 21). Trata-se de ouvir e pôr em prática a palavra do Senhor, pois, de alguma maneira, nesta palavra de vida está a vontade de Deus para cada um. É esse dinamismo de escuta e prática da palavra do Senhor que dá solidez à Igreja, comunidade dos discípulos, “que construiu sua casa sobre a rocha” (v. 24) da fé.

Carlos Alberto Contieri, sj

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Jesus e a multidão – 04.12.2013

As multidões acorrem a Jesus levando toda sorte de enfermos para serem curados por ele. A admiração da multidão acerca de tudo o que Jesus fazia é dita com os termos de Is 35,5, que tem um alcance messiânico. Segue-se o segundo relato da multiplicação dos pães (vv. 32-37). Os discípulos são apresentados como mediadores entre Jesus e a multidão (cf. v. 36). O relato tem uma forte conotação eucarística (cf. v. 36). Jesus é o verdadeiro alimento do povo que ele reúne, não somente judeus, mas pagãos igualmente.

Carlos Alberto Contieri, sj

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Jesus revela o Pai – 03.12.2013

Nossa perícope está situada na parte central do evangelho segundo Lucas, na subida de Jesus para Jerusalém, e por ocasião da volta dos setenta e dois discípulos (Lc 10,17-20) que Jesus havia enviado em missão (vv. 1-16)
O trecho de hoje é um hino de louvor dirigido ao Pai, Criador do céu e da terra. O motivo do louvor é este: “... escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (v. 21), pois assim Deus queria (cf. v. 21). “Essas coisas” referem-se ao que é dito no v. 22, que, resumindo, se poderia dizer: Jesus revela o Pai. “Ele é a imagem do Deus invisível” (Cl 1,15). Somente quem recebe Jesus como dom, somente o “pobre em espírito” (cf. Mt 5,3), pode conhecer a relação filial que une Jesus a Deus. Ao pedido de Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai!”, Jesus responde: “Quem me vê, vê o Pai. Não crês que estou no Pai e o Pai está em mim?” (Jo 14,8-11).

Carlos Alberto Contieri,sj

domingo, 1 de dezembro de 2013

Fé e universalidade da salvação – 02.12.2013

Este episódio, presente também em Lucas e João (Lc 7,1-10; Jo 4,46-53), é a ocasião para afirmar a universalidade da salvação trazida por Jesus e a eficácia de sua palavra. No centro do episódio está a fé do centurião na palavra do Senhor, que o cristão deve imitar.
O centurião, chefe de cem soldados, é um pagão. A súplica do centurião a Jesus é por um servo seu, que ele estimava muito. Para o centurião o valor essencial parece ser a vida. Ele mesmo não se diz impuro, pois isso é um conceito judaico-religioso. Ele parece conhecer as normas dos judeus quanto à pureza, por isso diz: “Senhor, eu não sou digno…” (v. 8). Dizer-se indigno é reconhecer a autoridade de Jesus. O Senhor acolhe a todos e pretende ir à casa do centurião. No entanto, o chefe pede que Jesus simplesmente dê uma ordem, pois é o poder da palavra que importa. A fé do centurião causa uma profunda admiração em Jesus. A fé do pagão ultrapassa à manifestada em Israel. O v. 11 aponta para a universalidade da salvação: “Muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar à mesa no Reino dos Céus, juntamente com Abraão, Isaac e Jacó” (v. 11).

Carlos Alberto Contieri, sj