sábado, 30 de abril de 2016

06º Domingo do Tempo Pascal - Ano C - 01.05.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA


TEMA

Na liturgia deste domingo sobressai a promessa de Jesus de acompanhar de forma permanente a caminhada da sua comunidade em marcha pela história: não estamos sozinhos; Jesus ressuscitado vai sempre ao nosso lado.
No Evangelho, Jesus diz aos discípulos como se hão-de manter em comunhão com Ele e reafirma a sua presença e a sua assistência através do “paráclito” – o Espírito Santo.
A primeira leitura apresenta-nos a Igreja de Jesus a confrontar-se com os desafios
dos  novos  tempos.  Animados  pelo  Espírito,  os  crentes  aprendem  a  discernir  o essencial do acessório e actualizam a proposta central do Evangelho, de forma que a mensagem libertadora de Jesus possa ser acolhida por todos os povos.
Na segunda leitura, apresenta-se mais uma vez a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”, essa cidade nova da comunhão com Deus, da vida plena, da felicidade total.



LEITURA I – Actos 15,1-2.22-29

Naqueles dias,
alguns homens que desceram da Judeia ensinavam aos irmãos de Antioquia:
«Se não receberdes a circuncisão, segundo a Lei de Moisés,
não podereis salvar-vos».
Isto provocou muita agitação e uma discussão intensa que Paulo e Barnabé tiveram com eles.
Então decidiram que Paulo e Barnabé e mais alguns discípulos subissem a Jerusalém
para tratarem dessa questão com os Apóstolos e os anciãos. Os Apóstolos e os anciãos, de acordo com toda a Igreja, decidiram escolher alguns irmãos
e mandá-los a Antioquia com Barnabé e Paulo. Eram Judas, a quem chamavam Barsabás,
e Silas, homens de autoridade entre os irmãos. Mandaram por eles esta carta:
«Os Apóstolos e os anciãos, irmãos vossos, saúdam os irmãos de origem pagã
residentes em Antioquia, na Síria e na Cilícia.
Tendo sabido que, sem nossa autorização, alguns dos nossos vos foram inquietar,
perturbando as vossas almas com as suas palavras, resolvemos, de comum acordo,
escolher delegados para vo-los enviarmos
juntamente com os nossos queridos Barnabé e Paulo, homens que expuseram a sua vida
pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso vos mandamos Judas e Silas,
que vos transmitirão de viva voz as nossas decisões.
O Espírito Santo e nós
decidimos não vos impor mais nenhuma obrigação, além destas que são indispensáveis:
abster-se da carne imolada aos ídolos,
do sangue, das carnes sufocadas e das relações imorais. Procedereis bem, evitando tudo isso. Adeus».



AMBIENTE

A entrada maciça de crentes gentios na comunidade cristã (sobretudo após a primeira viagem  missionária  de Paulo e Barnabé)  vai trazer a lume uma questão  essencial: deve impor-se aos crentes de origem pagã a prática da Lei de Moisés? Não se trata, aqui, de um problema acidental ou secundário, de uma medida disciplinar ou de puros costumes, mas de algo tão fundamental como saber se a salvação vem através da circuncisão e da observância da “Torah” judaica, ou única e exclusivamente por Cristo. Dito de outra forma: Jesus Cristo é o único Senhor e salvador, ou são precisas outras coisas além d’Ele para chegar a Deus e para receber d’Ele a graça da salvação?
A comunidade cristã de Antioquia (onde o problema se põe com especial acuidade) não tem a certeza sobre o caminho a seguir. Paulo e Barnabé acham que Cristo basta; mas  os  “judaizantes”  –  cristãos  de  origem  judaica,  que  conservam  as  práticas tradicionais do judaísmo – defendem que os ritos prescritos pela “Torah” também são necessários para a salvação. Decide-se, então, enviar uma delegação a Jerusalém, a fim de consultar os Apóstolos e os anciãos acerca da questão. Estamos por volta do ano 49.



MENSAGEM

Este  texto  começa  por  pôr  a questão  e por  apresentar  os  passos  dados  para  a solucionar: Paulo, Barnabé e alguns outros (também Tito, de acordo com Gal 2,1) são enviados a Jerusalém para consultar os Apóstolos e os anciãos (vers. 1-2). A questão é de tal importância que se organiza a reunião dos dirigentes e animadores das comunidades, conhecida como “concílio apostólico” ou “concílio de Jerusalém”. Essa assembleia  vai, pois, discutir o que é essencial na proposta cristã (e que devia ser incluído no núcleo fundamental da pregação) e o que é acessório (e que podia ser dispensado, não constituindo uma verdade fundamental da fé cristã).
O texto que nos é proposto hoje interrompe aqui a descrição dos acontecimentos. No entanto, sabemos (pela descrição dos “Actos”) que nessa “assembleia eclesial” vão enfrentar-se  várias  opiniões.  Pedro  reconhece  a igualdade  fundamental  de todos – judeus e pagãos – diante da proposta de salvação, que a Lei é um jugo que não deve ser  imposto  aos  pagãos  e que  é “pela  graça  do  Senhor  Jesus”  que  se  chega  à salvação (cf. Act 15,7-12); mas Tiago (representante da ala “judaizante), sem se opor à perspectiva de Pedro, procura salvar o possível das tradições judaicas e propõe que sejam mantidas algumas tradições particularmente caras aos judeus (cf. Act 15,13-21). Na realidade, há acordo quanto ao essencial. Embora o texto de Lucas não seja totalmente explícito, percebe-se a decisão final: não se pode impor aos gentios a lei judaica; só Cristo basta. Assim dá-se luz verde à missão entre os pagãos. É a decisão mais importante da Igreja nascente: o cristianismo cortou o cordão umbilical com o judaísmo e pode, agora, ser uma proposta universal de salvação, aberta a todos os homens, de todas as raças e culturas.
O  nosso  texto  retoma  a questão  neste  ponto.  Nos  vers.  22-29  da  leitura  de  hoje apresenta-se o “comunicado final” da “assembleia de Jerusalém”: a práxis judaica não pode ser imposta, pois não é essencial para a salvação… No entanto, pede-se a abstenção de alguns costumes particularmente repugnantes para os judeus.


É de destacar, ainda, a referência ao Espírito Santo do vers. 28: a decisão é tomada por  homens,  mas  assistidos  pelo  Espírito. Manifesta-se,  assim,  a  consciência  da presença  do  Espírito,  que  conduz  e que  assiste  a Igreja  na  sua  caminhada  pela história.



ACTUALIZAÇÃO

Considerar, para a reflexão, as seguintes linhas:

♦  A  questão  de  cumprir  ou  não  os  ritos  da  Lei  de  Moisés  é  uma  questão ultrapassada, que hoje não preocupa nenhum cristão; mas este episódio vale, sobretudo, pelo seu valor exemplar. Faz-nos pensar, por exemplo, em rituais ultrapassados, em práticas de piedade vazias e estéreis, em fórmulas obsoletas, que exprimiram num certo contexto, mas já não exprimem o essencial da proposta cristã.  Faz-nos  pensar  na  imposição  de  esquemas  culturais  –  ocidentais,  por exemplo – que muitas vezes não têm nada a ver com a forma de expressão de certas  culturas…  O  essencial  do  cristianismo  não  pode  ser  vivido  sem  o concretizar em formas determinadas, humanas e, por isso, condicionadas e finitas. Mas  é  necessário  distinguir  o  essencial  do  acessório;  o  essencial  deve  ser preservado e o acessório deve ser constantemente actualizado. Quais são os ritos e  as  práticas  decididamente  obsoletos,  que  impedem  o  homem  de  hoje  de redescobrir o núcleo central da mensagem cristã? Será que hoje não estamos a impedir,  como  outrora,  o  nascimento  de  Cristo  para  o  mundo,  mantendo-nos presos a esquemas e modos de pensar e de viver que têm pouco a ver com a realidade do mundo que nos rodeia?

♦  É necessário ter presente que o essencial é Cristo e a sua proposta de salvação.
Essa é que é a proposta revolucionária que temos para apresentar ao mundo. O resto são questões cuja importância não nos deve distrair do essencial.

♦  Devemos também ter consciência da presença do Espírito na caminhada da Igreja de Jesus. No entanto, é preciso escutá-l’O, estar atento às interpelações que Ele lança, saber ler as suas indicações nos sinais dos tempos e nas questões que o mundo nos apresenta… Estamos verdadeiramente atentos aos apelos do Espírito?

♦  É preciso aprender com a forma como os Apóstolos responderam aos desafios dos tempos:  com audácia,  com imaginação,  com liberdade,  com desprendimento  e, acima de tudo, com a escuta do Espírito.  É assim que a Igreja de Jesus deve enfrentar hoje os desafios do mundo.



SALMO RESPONSORIAL – Salmo 66 (67)

Refrão 1:     Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra.

Refrão 2:    Aleluia.

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os vossos caminhos
e entre os povos a vossa salvação.

Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça e
governais as nações sobre a terra.


Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu louvor aos confins da terra.



LEITURA II – Ap 21,10-14.22-23

Um Anjo transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha
e mostrou-me a cidade santa de Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, resplandecente da glória de Deus.
O seu esplendor era como o de uma pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalino.
Tinha uma grande e alta muralha,
com doze portas e, junto delas, doze Anjos;
tinha também nomes gravados,
os nomes das doze tribos dos filhos de Israel: três portas a nascente, três portas ao norte, três portas ao sul e três portas a poente.
A muralha da cidade tinha na base doze reforços salientes e neles doze nomes: os doze Apóstolos do Cordeiro.
Na cidade não vi nenhum templo,
porque o seu templo é o Senhor Deus omnipotente e o Cordeiro. A cidade não precisa da luz do sol nem da lua,
porque a glória de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro.



AMBIENTE

Continuamos a ler a parte final do livro do “Apocalipse”. Nela, João apresenta-nos o resultado da intervenção definitiva de Deus no mundo: depois da vitória de Deus sobre as forças que oprimem o homem e o privam da vida plena, nascerá a comunidade nova e santa, a criação definitiva de Deus, o novo céu e a nova terra.
A  liturgia  do  passado  domingo  apresentou-nos  um  primeiro  quadro  dessa  nova realidade; hoje, a mesma realidade é descrita através de um segundo quadro – o da “Jerusalém messiânica”.



MENSAGEM

É, ainda, a imagem da “nova Jerusalém que desce do céu” que nos é apresentada. Já vimos na passada semana que falar de Jerusalém é falar do lugar onde irá irromper a salvação definitiva, o lugar do encontro definitivo entre Deus e o seu Povo.
Na  apresentação  desta  “nova  Jerusalém”,  domina  o  número  “doze”:  na  base  da muralha  há  doze  reforços  salientes  e  neles  os  doze  nomes  dos  Apóstolos  do “cordeiro”; a cidade tem, igualmente, doze portas (três a nascente, três ao norte, três ao sul e três a poente), nas quais estão gravados os nomes das doze tribos de Israel; há, ainda, doze anjos junto das portas. O número “doze” indica a totalidade do Povo
de Deus (doze tribos + doze Apóstolos): ela está fundada sobre os doze Apóstolos – testemunhas do “cordeiro” – mas integra a totalidade do Povo de Deus do Antigo e do Novo  Testamento,  conduzido  à  vida  plena  pela  acção  salvadora  e  libertadora  de Cristo. As portas, viradas para os quatro pontos cardeais, indicam que todos os povos (vindos do norte, do sul, de este e do oeste) podem entrar e encontrar lugar nesse lugar de felicidade plena.
Num desenvolvimento que a leitura de hoje não conservou (vers. 15-17), apresentam-
se  as  dimensões  dessa  “cidade”:  144  côvados  (12  vezes  doze),  formando  um quadrado  perfeito.  Trata-se  de  mostrar  que  a  cidade  (perfeita,  harmoniosa)  está traçada segundo o modelo bíblico do “santo dos santos” (cf. 1 Re 6,19-20): a cidade inteira aparece, assim, como um Templo dedicado a Deus, onde Deus reside de forma permanente no meio do seu Povo.
É por isso que a última  parte  deste  texto  (vers.  22-23)  diz que a cidade  não tem
Templo: nesse lugar de vida plena, o homem não terá necessidade  de mediações, pois viverá sempre na presença de Deus e encontrará Deus face a face. Diz-se ainda que toda a cidade estará banhada de luz: a luz indica a presença divina (cf. Is 2,5;
24,23; 60,19): Deus e o “cordeiro” serão a luz que ilumina esta comunidade de vida
plena.
Após a intervenção definitiva de Deus na história nascerá, então, essa nova “cidade” construída sobre o testemunho dos apóstolos; cidade de portas abertas, ela acolherá todos os homens que aderirem ao “cordeiro”; nela, eles encontrarão Deus e viverão na sua presença, recebendo a vida em plenitude.



ACTUALIZAÇÃO

Ter em conta as seguintes indicações para reflexão:

♦  Já o dissemos a propósito da segunda leitura do passado domingo: o profeta João garante-nos que as limitações impostas pela nossa finitude, as perseguições que temos de enfrentar por causa da verdade e da justiça, os sofrimentos que resultam dos nossos limites, não são a última palavra; espera-nos, para além desta terra, a vida plena, face a face com Deus. Esta certeza tem de dar um sentido novo à nossa caminhada e alimentar a nossa esperança.

♦  A Igreja em marcha pela história não é, ainda, essa comunidade  messiânica da vida plena de que fala esta leitura; mas tem de apontar nesse sentido e procurar ser,  apesar  do  pecado  e  das  limitações  dos  homens,  um  anúncio  e  uma prefiguração dessa comunidade escatológica da salvação, que dá testemunho da utopia e que acende no mundo a luz de Deus. A humanidade necessita desse testemunho.

♦Ainda que esta realidade de vida plena, de felicidade total, só aconteça na “nova Jerusalém”, ela tem de começar a ser construída desde já nesta terra. Deve ser essa  a  tarefa  que  nos  motiva,  que  nos  empenha  e  que  nos  compromete:  a construção de um mundo de justiça, de amor e de paz, que seja cada vez mais um reflexo do mundo futuro que nos espera.



ALELUIA– Jo 14,23

Aleluia. Aleluia.

Se alguém Me ama, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada.



EVANGELHO – Jo 14,23-29

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará;
Nós viremos a ele
e faremos nele a nossa morada.
Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha,
mas do Pai que Me enviou.
Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo,
que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas
e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo.
Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o que Eu vos disse:
Vou partir, mas voltarei para junto de vós.
Se Me amásseis,
ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu.
Disse-vo-lo agora, antes de acontecer,
para que, quando acontecer, acrediteis».



AMBIENTE

Continuamos no contexto da “ceia de despedida”. Jesus, que acaba de fundar a sua comunidade, dando-lhe por estatuto o mandamento do amor (cf. Jo 13,1-17;13,33-35), vai  agora  explicar  como  é que  essa  comunidade  manterá,  após  a sua  partida,  a relação com Ele e com o Pai.
Nos versículos anteriores ao texto que nos é proposto, Jesus apresentou-Se como “o caminho” (cf. Jo 14,6) e convidou os discípulos a percorrer esse mesmo “caminho” (cf. Jo 14,4-5). O que é que isso significa? Jesus, enquanto esteve no mundo, percorreu um  “caminho”  – o da  entrega  ao  homem,  o do  serviço,  o do  amor  total;  é nesse “caminho  que  o homem”  – o Homem  Novo  que  Jesus  veio  criar  – se  realiza.  A comunidade de Jesus tem, portanto, que percorrer esse “caminho”. A metáfora do “caminho” expressa o dinamismo da vida que é progressão; percorrê-lo, é alcançar a plena maturidade do Homem Novo, do homem que desenvolveu todas as suas potencialidades, do homem recriado para a vida definitiva. O final desse “caminho” é o amor radical, a solidariedade total com o homem. Nesse “caminho”, encontra-se o Pai. Os discípulos, no entanto, estão inquietos e desconcertados. Será possível percorrer esse “caminho” se Jesus não caminhar ao lado deles? Como é que eles manterão a comunhão com Jesus e como receberão dele a força para doar, dia a dia, a própria vida?




MENSAGEM

Para seguir esse “caminho”  é preciso  amar Jesus e guardar  a sua Palavra  (cf. Jo 14,23). Quem ama Jesus e O escuta, identifica-se com Ele, isto é, vive como Ele, na entrega da própria vida em favor do homem… Ora, viver nesta dinâmica é estar continuamente em comunhão com Jesus e com o Pai. O Pai e Jesus, que são um, estabelecerão a sua morada no discípulo; viverão juntos, na intimidade de uma nova família (vers. 23-24).
Para que os discípulos  possam  continuar  a percorrer  esse “caminho”  no tempo da Igreja, o Pai enviará o “paráclito”, isto é, o Espírito Santo (vers. 25-26). A palavra “paráclito” pode traduzir-se como “advogado”, “auxiliador”, “consolador”, “intercessor”. A função do “paráclito” é “ensinar” e “recordar” tudo o que Jesus propôs. Trata-se, portanto, de uma presença dinâmica, que auxiliará os discípulos trazendo-lhes continuamente à memória os ensinamentos de Jesus e ajudando-os a ler as propostas de  Jesus  à luz  dos  novos  desafios  que  o mundo  lhes  colocar.  Assim,  os  crentes poderão continuar a percorrer, na história, o “caminho” de Jesus, numa fidelidade dinâmica às suas propostas. O Espírito garante, dessa forma, que o crente possa continuar a percorrer esse “caminho” de amor e de entrega, unido a Jesus e ao Pai. A comunidade cristã e cada homem tornam-se a morada de Deus: na acção dos crentes revela-se o Deus libertador, que reside na comunidade e no coração de cada crente e que tem um projecto de salvação para o homem.
A última parte do texto que nos é proposto contém a promessa da “paz” (vers. 27). Desejar a “paz” (“shalom”) era a saudação habitual à chegada e à partida. No entanto, neste contexto, a saudação não é uma despedida trivial (“não vo-la dou como a dá o mundo”), pois Jesus não vai estar ausente. O que Jesus pretende é inculcar nos discípulos apreensivos a serenidade e evitar-lhes o temor. São palavras destinadas a tranquilizar os discípulos e a assegurar-lhes que os acontecimentos que se aproximam não porão fim à relação entre Jesus e a sua comunidade. As últimas palavras referidas por este texto (vers. 28-29) sublinham que a ausência de Jesus não é definitiva, nem sequer prolongada. De resto, os discípulos devem alegrar-se, pois a morte não é uma tragédia sem sentido, mas a manifestação suprema do amor de Jesus pelo Pai e pelos homens.

ACTUALIZAÇÃO

A reflexão deste texto pode contemplar as seguintes linhas:

♦  Falar do “caminho” de Jesus é falar de uma vida gasta em favor dos irmãos, numa doação total e radical, até à morte. Os discípulos são convidados a percorrer, com Jesus, esse mesmo “caminho”. Paradoxalmente, dessa entrega (dessa morte para si mesmo) nasce o Homem Novo, o homem na plenitude das suas possibilidades, o homem que desenvolveu até ao extremo todas as suas potencialidades. É esse “caminho” que eu tenho vindo a percorrer? A minha vida tem sido doação, entrega, dom, amor até ao extremo? Tenho procurado despir-me do egoísmo e do orgulho que impedem o Homem Novo de aparecer?

♦  A comunhão do crente com o Pai e com Jesus não resulta de momentos mágicos nos quais, através da recitação de certas fórmulas, a vida de Deus bombardeia e inunda incondicionalmente o crente; mas a intimidade e a comunhão com Jesus e com  o Pai estabelece-se  percorrendo  o caminho  do amor  e da entrega,  numa doação total aos irmãos. Quem quiser encontrar-se com Jesus e com o Pai, tem de sair do egoísmo e aprender a fazer da sua vida um dom aos homens.

♦  É impressionante essa pedagogia de um Deus – o nosso Deus – que nos deixa ser os  construtores  da  nossa  própria  história,  mas  não  nos  abandona.  De  forma discreta,  respeitando  a  nossa  liberdade,  Ele  encontrou  formas  de  continuar connosco, de nos animar, de nos ajudar a responder aos desafios, de nos recordar que só nos realizaremos plenamente na fidelidade ao “caminho” de Jesus.

♦  O cristão tem de estar, no entanto, atento à voz do Espírito, sensível aos apelos do Espírito; tem de procurar detectar os novos caminhos que o Espírito propõe; tem de estar na disposição de se deixar questionar e de refazer a sua vida, sempre que o Espírito  lhe dá a entender  que ela está a afastar-se  do “caminho”  de Jesus. Estamos  sempre  atentos  aos sinais  do Espírito  e disponíveis  para enfrentar  os seus desafios?




ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS
PARA O 6º DOMINGO DO TEMPO PASCAL
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)

1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana  anterior  ao 6º Domingo  do Tempo  Pascal,  procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente,  uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais,  numa comunidade  religiosa…  Aproveitar,  sobretudo,  a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

2. FAVORECER O ACOLHIMENTO DA BOA NOVA.
Como no domingo passado, a riqueza do Evangelho  é grande: será suficiente uma única audição? Pode-se valorizar e fazer eco da Boa Nova durante toda a celebração: na palavra de acolhimento à celebração, podem-se inserir já algumas frases da Boa Nova; no momento da proclamação do Evangelho, o presidente procurará ler o texto sem se apressar, com um tom meditativo,  fazendo breves pausas; no momento  do gesto de paz, o padre (ou o diácono) pode recordar que é a paz do Senhor que é oferecida – “deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz”; depois da comunhão, algumas frases do Evangelho poderão ainda ajudar à meditação…

3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

No final da primeira leitura:
Nosso Pai, nós Te damos graças pelo teu Espírito Santo, que Tu comunicaste generosamente  aos  Apóstolos  e,  por  eles,  às  tuas  Igrejas,  para  orientar,  guiar, sustentar e encorajar o teu povo na fidelidade à tua vontade.
Nós Te pedimos pela Igrejas que estão em sínodo e por todas as equipas pastorais:
pelo teu Espírito, ilumina-as na tomada de decisões!

No final da segunda leitura:
Deus Pai, estás presente em todas as assembleias de oração, por mais modestas que sejam, até nas nossas famílias, para aí revelar a Jerusalém celeste e a nova terra que desejas criar connosco. Bendito sejas!
Nós Te pedimos pelas paróquias e pelas comunidades que constroem, decoram ou reparam as suas igrejas. Que o teu Espírito as oriente nas suas escolhas.




No final do Evangelho:
Pai de Jesus Cristo e nosso Pai, nós Te damos graças pela tua presença fiel no teu Povo, primeiro pelo teu Filho, que habitou no meio dos discípulos, em seguida pelo teu Espírito, o Defensor, que habita connosco.
Nós Te pedimos: mantém-nos fiéis à tua Palavra, dá-nos a paz, a tua paz, aquela de que o mundo tem necessidade. O teu Espírito de Paz.

4. BILHETE DE EVANGELHO.
Jesus gostava de dizer que nunca estava só. Vemo-l’O retirar-Se para a montanha, sozinho, mas para se juntar a seu Pai. E promete aos discípulos não os deixar órfãos porque lhes enviará o seu Espírito, o Espírito Santo, o Defensor. Na hora das grandes confidências,  pouco tempo antes da sua paixão, Jesus anuncia aos seus discípulos que  virá  habitar  neles  com  o seu  Pai,  na  condição  de  permanecerem  fiéis  à sua palavra. Parece dizer: “se quereis que venhamos habitar em vós, aceitai permanecer fiéis a toda a mensagem  que vos transmiti”.  Não somente  o Pai e o Filho querem habitar nos discípulos, mas o Espírito Santo também habitará neles para os ensinar e fazê-los recordar-se de tudo o que Jesus lhes disse. Sabemos que há duas formas de morte: a morte física e o esquecimento. Jesus veio anunciar aos seus discípulos que, após a sua morte, Ele ressuscitará, e o Espírito Santo ajudará os discípulos a não esquecer o que fez e disse: eles farão memória, recordando-se d’Ele, mas, sobretudo, proclamando-O vivo hoje até à sua vinda na glória.

5. À ESCUTA DA PALAVRA.
“Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada”. Uma vez mais, Jesus parece pôr uma condição para que  o Pai  possa  amar-nos.  Quem  pode  pretender  amar  o Senhor,  guardar  a sua Palavra? Parece mesmo que, quanto mais os anos passam, mais se instala em nós uma  certa  lassidão  e esmorece  o ardor  em  amar  o Senhor.  Apesar  de  todos  os esforços, parece que estamos longe da intimidade com Jesus. Mesmo sendo fiéis à oração, frequentando os sacramentos, em particular a Eucaristia, sentimos um vazio… Parece  que  não  amamos  bastante  o Senhor!  Mas  recordemo-nos  do  essencial:  a absoluta anterioridade do amor de Deus por nós, foi Ele que nos amou primeiro… O que Jesus nos pede é que reconheçamos primeiro o amor do Pai por nós, que nos precede sempre. Na medida em que guardamos  este amor de Jesus com seu Pai, este amor primeiro, podemos guardar a sua Palavra e aprender a amar.

6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística III para Assembleia com Crianças. Os textos próprios do tempo pascal são particularmente significativos.

7. PALAVRA PARA O CAMINHO.
Que fazemos da Palavra? Em cada domingo a Palavra é-nos oferecida. Que fazemos dela? Ela é o “fio condutor” da nossa semana? Ou esquecemo-la mal a escutamos? Nesta semana, procuremos recordar a Palavra evangélica e deixemo-nos transformar por ela. O Espírito Santo ensinar-nos-á, far-nos-á compreender, diz-nos Jesus. Basta estarmos abertos à sua acção!

Se utilizar este subsídio para publicação, por favor indique sempre a fonte e a propriedade. Obrigado.
Grupo Dinamizador
Pe. Joaquim Garrido - Pe. Manuel Barbosa - Pe. Ornelas Carvalho

Fonte http://www.dehonianos.org/

sexta-feira, 29 de abril de 2016

5ª Semana – Sábado - Páscoa - 30.04.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
5ª Semana – Sábado



Lectio


Primeira leitura: Actos 16, 1-10

Naqueles dias, 1Paulo chegou em seguida a Derbe e, depois, a Listra.Havia ali um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia crente e de pai grego, 2que era muito estimado pelos irmãos de Listra e de Icónio. 3Paulo resolveu levá-lo consigo e, tomando-o, circuncidou-o, por causa dos judeus existentes naquelas regiões, pois todos sabiam que o pai dele era grego. 4Nas cidades por onde passavam, transmitiam e recomendavam aos irmãos que cumprissem as decisões tomadas pelos Apóstolos e pelos Anciãos de Jerusalém. 5Dessa forma, as igrejas eram confirmadas na fé e cresciam em número, de dia para dia. 6Paulo e Silas atravessaram a Frígia e o território da Galácia, pois o Espírito Santo impediu-os de anunciar a Palavra na Ásia. 7Chegando à fronteira da Mísia, tentaram dirigir-se à Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu. 8Atravessaram, então, a Mísia e desceram para Tróade. 9Ora, durante a noite, Paulo teve uma visão: um macedónio estava de pé diante
dele e fazia-lhe este pedido: «Passa à Macedónia e vem ajudar-nos!» 10Logo que Paulo teve esta visão, procurámos partir para a Macedónia, persuadidos de que Deus nos chamava, para aí anunciar a Boa-Nova.

A partir do capítulo 16 do livro dos Actos, Lucas centra a sua atenção na actividade missionária de Paulo. O texto que escutamos hoje apresenta-nos a segunda viagem missionária do Apóstolo, já sem a companhia de Barnabé, com quem se desentendera devido a uma diferente avaliação da pessoa de João Marcos. Mas Paulo não parte sozinho para a nova viagem, mais alargada que a primeira. Vai com Timóteo, seu discípulo, que lhe permanecerá sempre fiel. Para evitar conflitos com os judeus, fá- lo circuncidar, embora reconhecesse que isso não era necessário.
O Espírito Santo é o guia dos missionários, corrigindo-lhes mesmo a rota. Para Lucas, o Espírito Santo é o grande protagonista e estratega da evangelização. Os seus planos nem sempre coincidem com os dos homens. É o caso em que impele Paulo a passar à Europa, em vez de penetrar nas regiões da Ásia menor. Na acção missionária de Paulo não havia muita organização, mas havia muita disponibilidade à acção do Espírito. Um exemplo sempre actual!



Evangelho: João 15, 18-21


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 18«Se o mundo vos odeia, reparai que, antes que a vós, me odiou a mim. 19Se viésseis do mundo, o mundo amaria o que é seu; mas, como não vindes do mundo, pois fui Eu que vos escolhi do meio do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. 20Lembrai-vos da palavra que vos disse: o servo não é mais que o seu senhor. Se me perseguiram a mim, também vos hão-de perseguir a vós. Se cumpriram a minha palavra, também hão-de cumprir a vossa. 21Mas tudo isto vos farão por causa de mim, porque não reconhecem aquele que me enviou.

Os discípulos de Jesus terão de enfrentar o ódio do mundo, tal como Ele o enfrentou. Esse ódio caracteriza o mundo (v. 18), tal como o amor caracteriza a comunidade cristã. Os discípulos serão perseguidos pelo mundo, porque ele não suporta aqueles que se opõem aos seus princípios. Os que optaram por Cristo são considerados estranhos e inimigos pelo mundo. A sua vida é uma acusação permanente às obras perversas do mundo. É por isso que o homem de fé é odiado. O ódio do mundo manifesta-se na perseguição contra a comunidade dos discípulos de Cristo. Mas estes não devem desanimar na sua vida de fé e no cumprimento da missão de evangelizar. A perseguição e o sofrimento hão-de ser vividos em união com o Senhor. A sorte dos discípulos é idêntica à de Cristo: «Se me perseguiram a mim, também vos hão-de perseguir a vós» (v. 20).


Meditatio

É o Espírito Santo que conduz a Igreja e a sua acção missionária. Paulo e Timóteo atravessavam a Frigia e a Galácia, mas o Espírito Santo proibiu-lhes pregar a palavra na Ásia (cf. v. 6). Depois tentaram dirigir-se à Bitínia, «mas o Espírito de Jesus não lho permitiu» (v. 7). O Espírito Santo parece criar obstáculos à acção dos apóstolos. Mas, em Tróade, irão compreender que o Espírito tinha um plano muito mais ambicioso e vasto: «Passa à Macedónia e vem ajudar-nos!», diz-lhe um macedónio. E, assim, Paulo entra na Europa.
A docilidade de Paulo ao Espírito Santo é uma lição para nós, que nem sempre
nos damos conta que as dificuldades ao nosso apostolado e a nossa acção pastoral podem vir de Deus. É que os nossos projectos podem não coincidir com os projectos de Deus, porque não fizemos um bom discernimento, ou por causa de outros nossos limites. Também é possível que os nossos bons projectos estejam inquinados de ambição, de egoísmo, de vaidade. As dificuldades, postas por Deus às nossas obras, são boa ocasião para trabalharmos com generosidade, mas também com desinteresse, deixando-nos a alegria de servir a Deus com docilidade e rectidão.
O evangelho lembra-nos que «o servo não é mais que o seu senhor» (v. 20). Não devemos espantar-nos se, ao nosso lado, verificarmos indiferença e hostilidade. É sinal de que somos fiéis a Cristo perseguido e à sua palavra de cruz. Não devemos entrar em crise se muitos não pensam como nós, se nos atacam por todos os meios antigos e modernos. A fé é sempre algo fora de moda. Por isso, há-de ser procurada e vivida na oblatividade, que consiste no apelo à cruz, ao sacrifício, a saber amar, à justiça paga com a própria pele. A hostilidade, mais ou menos aberta, do mundo que nos rodeia, não há-de levar-nos a um testemunho soft, a abaixar o nível das exigências da fé, ou a silenciar o que mais compromete ou é impopular.
Fortalecidos pela presença de Cristo, e dóceis ao seu Espírito, devemos empenhar-nos, como dehonianos, em denunciar o pecado, em trabalhar para que o mundo dos homens, o nosso mundo actual, com as suas forças, os seus dramas, se abra ao Reino de Deus.
A Eucaristia que celebramos, comungamos e adoramos, sugere-nos
espontaneamente a ideia e a realidade da imolação da vítima, e é um tácito e insistente convite a vivermos a nossa vocação baptismal (cf. Cst 13) e a nossa profissão religiosa de oblação, reparação, imolação em união com a Vítima divina e com o Sacerdote eterno, para fazermos da nossa vida “uma missa permanente” (Cst.
5; cf. nn. 6.22.24). Porque é tempo que o nosso pão se torne Corpo de Cristo e o
nosso vinho Seu Sangue e nós, que dele comemos e bebemos, nos tornemos Corpo de
Cristo.

Oratio

«Ó Jesus, Sacerdote soberano, multiplica os sacerdotes santos, os sacerdotes segundo o teu Coração. Quero rezar por essa intenção, como Tu mesmo pediste. Contigo tenho piedade dos rebanhos sem pastores. Envia-lhes pastores que juntem a fecundidade das obras à santidade da vida». Assim rezava o teu servo, Leão Dehon. Que acrescentarei às suas palavras? Peço-te que me ajudes a viver como Tu queres, no meio das dificuldades produzidas pela hostilidade do mundo. Que jamais me acobarde quando for preciso dar testemunho de Ti. Que jamais me falte a coragem perante as reacções que vêm do facto de eu dizer o que Tu mesmo dirias, e de fazer as coisas que Tu mesmo farias. Que a hostilidade do mundo jamais me leve a diluir a tua mensagem e o testemunho que devo ao teu santo nome. Amen.


Contemplatio

Durante três anos, o Salvador envolve os seus apóstolos com os mais assíduos cuidados. Está totalmente dedicado à sua formação, à sua preparação. No fim, pode dizer-lhes: «Não vos chamo meus servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Vós sois meus amigos: transmiti-vos tudo o que meu Pai me disse. Não fostes vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi, e que vos estabeleci para que deis fruto e que este fruto permaneça». O bom Mestre acrescenta: «Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, Ele vo-lo dará. Se o mundo vos odeia, não vos admireis, odiou-me primeiro. Ele odiar-vos-á, porque não sois do mundo, porque vos constituí acima do mundo. – Enviar-vos-ei o meu espírito, o espírito de verdade que será o vosso guia. – Sofrereis perseguições. Expulsar-vos-ão das vossas casas e dos vossos santuários, porque os perseguidores não conhecem o meu Pai e não me conhecem. Mas antes de vos deixar, previno-vos, a fim de que nada vos surpreenda» (Jo 15).
O bom Mestre instruiu os seus discípulos até ao fim, com uma caridade inefável.
Que sorte invejável esta de serem os amigos de Jesus, os seus íntimos, os
ministros das suas obras e mesmo os seus companheiros de labor e de expiação sob a cruz! (Leão Dehon, OSP 4, p. 256).


Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«O servo não é mais que o seu senhor» (Jo 15, 20).
Fonte http://www.dehonianos.org/

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Festa de S. Catarina de Sena - 29.04.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
S. Catarina nasceu em Sena, Itália, a 25 de Março de 1347. Dotada por Deus com graças especiais, desde a sua infância, cortou o cabelo e cobriu a cabeça com um véu branco, em sinal de consagração, quando tinha apenas 12 anos e pretendiam casá-la. Sofreu muito com essa decisão, mas manteve-se fiel. Vestiu o hábito das religiosas dominicanas, mantendo-se na família e na cidade, e dedicando-se ao exercício das obras de misericórdia e procurando restabelecer a paz entre as famílias desavindas. Sendo analfabeta, em breve começou a ditar a diversos amanuenses as suas experiências místicas, reflexões e conselhos. Ditou cartas para prelados, pais de família, magistrados, reis e até para o próprio Papa, que, nessa época, se encontrava em Avinhão, incitando-o a regressar a Roma. A 13 de Outubro de 1376 Gregório XI iniciou a viagem de regresso a Roma, acompanhado por Catarina. Depois da morte de Gregório XI, a santa foi conselheira do seu sucessor, Urbano VI. O seu ideal era pacificar a Pátria (a Itália) e purificar a Igreja. Faleceu, em Roma, a 29 de Abril de 1380. Com S. Brígida e S. Teresa Benedita da Cruz, é padroeira da Europa.


Lectio


Primeira leitura: Primeira de João 1, 5 – 2, 2

Caríssimos: esta é a mensagem que ouvimos de Jesus e vos anunciamos: Deus é luz e nele não há nenhuma espécie de trevas. 6Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas caminhamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. 7Pelo contrário, se caminhamos na luz, como Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros e o sangue do seu Filho Jesus purifica-nos de todo o pecado. 8Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. 9Se confessamos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a iniquidade. 10Se dizemos que não somos pecadores, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 1Filhinhos meus, escrevo-vos estas coisas para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos junto do Pai um advogado, Jesus Cristo, o Justo, 2pois Ele é a vítima que expia os nossos pecados, e não somente os nossos, mas também os de todo o mundo.

Jesus disse-nos que Deus é luz. O cristão deve caminhar na luz, que alegra, ilumina e é símbolo de tudo o que há de bom e puro (cf. Jo 3, 19-20). O contrário, o mal, é simbolizado pelas trevas. Mas, mais do que fazer especulações sobre a natureza de Deus, o autor da Carta lança as bases necessárias para extrair as implicações morais, que o fato de ser de Deus impõe ao cristão. Luz/trevas, bem/mal, verdade/mentira, graça/pecado… são incompatíveis, não podem estar juntos no mesmo sujeito. Mas, estar em comunhão com Deus e andar na luz não significa ser impecáveis. Também o cristão peca e tem consciência disso. A Igreja não é uma comunidade de puros e perfeitos, que nunca pecaram, mas uma comunidade que acredita que os seus pecados não são obstáculo permanente para nos aproximarmos de Deus. O pecado é superável pela ação de Deus em Cristo. É a partir dessa ação que surge o imperativo de lutar contra o pecado. Se o cristão se dá conta de que a sua comunhão com Deus foi quebrada pelo pecado, deve recordar que Jesus Cristo é seu intercessor e defensor diante do Pai. Mais ainda, que é o meio de expiação pelos pecados cometidos.


Evangelho: Mateus 25, 1-13

Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: O Reino do Céu será semelhante a dez virgens que, tomando as suas candeias, saíram ao encontro do noivo. 2Ora, cinco delas eram insensatas e cinco prudentes. 3As insensatas, ao tomarem as suas candeias, não levaram azeite consigo; 4enquanto as prudentes, com as suas candeias, levaram azeite nas almotolias. 5Como o noivo demorava, começaram a dormitar e adormeceram. 6A meio da noite, ouviu-se um brado: ‘Aí vem o noivo, ide ao seu encontro!’ 7Todas aquelas virgens despertaram, então, e aprontaram as candeias. 8As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas candeias estão a apagar-se.’ 9Mas as prudentes responderam: ‘Não, talvez não chegue para nós e para vós. Ide, antes, aos vendedores e comprai-o.’ 10Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o noivo; as que estavam prontas entraram com ele para a sala das núpcias, e fechou-se a porta. 11Mais tarde, chegaram as outras virgens e disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a porta!’ 12Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço.’ 13Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.”

A parábola de Jesus encerra uma dinâmica que leva a um evento culminante: o encontro das virgens com o esposo, decisivo para a sua felicidade ou infelicidade, irrevogável. Não sabemos quando será esse encontro, mas sabemos como prepará-lo. A parábola pretende ajudar-nos na preparação.
As virgens, prudentes ou imprudentes, adormecem todas. A nossa vida tem momentos de flexão, de abaixamento do fervor, de relaxamento espiritual. Quando o Senhor não está presente é sempre noite, e é fácil que as provações e as preocupações da vida nos distraiam, dificultando-nos estar vigilantes. Mas a vigilância, mais do que um estado físico ou mental, é uma atitude do coração. É o que nos indica o Cântico dos Cânticos: “Durmo, mas o meu coração vigia!” (5, 2). Para estar prontos, de lâmpadas acesas, havemos de frequentar o Evangelho, para com ele alimentarmos os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a nossa ação, para vivermos a Palavra e perseverarmos na fé.


Meditatio

O v.1 do segundo capítulo da 1 Jo parece-nos particularmente adequado à memória de Santa Catarina de Sena, que hoje celebramos: “escrevo-vos estas coisas para que não pequeis” (2, 1). Como S. João, Santa Catarina de Sena escreveu para que fosse evitado o pecado. Entre as muitas cartas que escreveu, também se dirigiu aos padres para os incitar a viver em maior fidelidade ao Senhor, evitando as desordens, que ela notava, tais como a procura dos prazeres, o apego ao dinheiro… Ansiava por reconduzir todos à vivência da vida cristã, à fidelidade a Cristo: “escrevo-vos estas coisas para que não pequeis”. Mas, sobretudo, estava convencida de que Jesus nos salvou pelo seu sangue, que temos um advogado junto do Pai, Jesus Cristo justo, vítima de expiação pelos nossos pecados: “o sangue do seu Filho Jesus purifica-nos de todo o pecado” (1 Jo 1, 8). Catarina tinha uma grande devoção ao sangue de Cristo, e falava dele muito frequentemente: fogo e sangue, fogo e sangue… Fogo do amor, alusão ao sangue de Cristo que nos cobre para nos lavar dos nossos pecados e nos unir na caridade divina.
“Se caminhamos na luz, como Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros” (1 Jo 1, 7). Santa Catarina caminhava na luz. Mas a sua vida impecável não a separou dos pecadores, mas uniu-a profundamente a eles. Como aconteceu com tantas Santas, Catarina de Sena soube unir em si mesma a vocação de Marta e de Maria. Ao mesmo tempo, estava aos pés de Jesus, e mergulhada nas necessidades e lutas dos homens do seu tempo. Rezava, mas também se ocupava na reconciliação das fações em luta no seu país, de lançar a paz na igreja italiana, de fazer regressar o Papa de Avinhão a Roma, de que era bispo. Cuidou pessoalmente dos encarcerados, dos condenados, e andou por todo o lado. Vivia na paz do Senhor e na agitação do mundo.
Hoje apetece-nos deixar-nos iluminar pela sua luz e permanecer aos pés de Santa Catarina, reconhecer nela a “filha da luz” de que nos fala a Escritura, para que “vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu” (Mt 5, 16). Gostamos de contemplá-la na sua incansável caminha ao encontro da Igreja e de Cristo, para nos deixarmos envolver nesse mesmo movimento. Olhando-a, parece-nos repetir, ela mesma, como que um convite ou mandato: “Ide ao seu encontro!” (v. 6).
A exemplo de Santa Catarina de Sena, e conforme o desejo do P. Dehon, “sejam profetas do amor e servidores da reconciliação dos homens e do mundo em Cristo” (Cst 7).


Oratio

Oh abismo, oh Trindade eterna, oh Divindade, oh mar profundo! Que mais podíeis dar do que dar-Vos a Vós mesmo? Sois um fogo que arde sempre e não se consome. Sois Vós que consumis com o vosso calor todo o amor profundo da alma. Sois um fogo que dissipa toda frialdade e iluminais as mentes com a vossa luz, aquela luz com que me fizestes conhecer a vossa verdade… Sois a veste que cobre toda minha nudez; e alimentais a nossa fome com a vossa doçura, porque sois doce sem qualquer amargor. Oh Trindade eterna. (S. Catarina de Sena).
Contemplatio

O coração da virgem de Sena partia-se diante dos crimes do mundo e das paixões humanas, que se agitavam como ondas tumultuosas, nos tempos difíceis em que vivia… Ela teria querido dar até à última gota do seu sangue pelos interesses de Nosso Senhor. Consumia a sua vida nas austeridades e na oração, oferecendo-se como que vítima das iniquidades da terra. Suportou longos sofrimentos, que somente a comunhão acalmava um pouco. Da quarta-feira de cinzas ao dia da Ascensão, não tomava nenhum alimento exceto a adorável Eucaristia. Nosso Senhor deu-lhe os seus estigmas sem os deixar aparecer. Exercia a caridade com heroísmo para com os pobres e os doentes. Um dia em que a sua natureza estava revoltada à vista de uma úlcera repugnante, levou até lá os lábios para vencer a sua sensibilidade. Nosso Senhor apareceu-lhe na noite seguinte, e para a recompensar descobriu-lhe a chaga do seu lado e permitiu-lhe que lhe aplicasse a sua boca. Nosso Senhor apresentou à sua escolha uma coroa de ouro enriquecida de pedrarias e uma coroa de espinhos. Ela escolheu a coroa de espinhos, a coroa da reparação. A humilde religiosa consumiu-se em caminhadas penosas para fazer cessar o cisma do Ocidente. Convenceu o Papa Gregório XI a deixar Avinhão para voltar a Roma. Ofereceu a sua vida pelo bem da Igreja e morreu santamente no dia 29 de Abril de 1382. (Leão Dehon, OSP 2, p. 494s.).


Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
“Escrevo-vos estas coisas para que não pequeis” (1 Jo 2, 1).

Fonte http://www.dehonianos.org/

quarta-feira, 27 de abril de 2016

5ª Semana –Quinta-feira - Páscoa - 28.04.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
5ª Semana – Quinta-feira


Lectio

Primeira leitura: Actos 15, 7-21

Naqueles dias, 7depois de longa discussão, Pedro ergueu-se e disse-lhes:
«Irmãos, sabeis que Deus me escolheu, desde os primeiros dias, para que os pagãos ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho e abraçassem a fé. 8E Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor deles, concedendo-lhes o Espírito Santo como a nós. 9Não fez qualquer distinção entre eles e nós, visto ter purificado os seus corações pela fé. 10Porque tentais agora a Deus, querendo impor aos discípulos um jugo que nem os nossos pais nem nós tivemos força para levar? 11Além disso, é pela graça do Senhor Jesus que acreditamos que seremos salvos, exactamente como eles.» 12Toda a assembleia ficou em silêncio e se pôs a ouvir Barnabé e Paulo a descrever os milagres e prodígios que Deus realizara entre os pagãos, por intermédio deles.
13Quando acabaram de falar, Tiago tomou a palavra e disse: «Irmãos,
escutai-me. 14Simão contou como Deus, desde o princípio, se dignou intervir para tirar de entre os pagãos um povo que fosse consagrado ao seu nome. 15E com isto concordaram as palavras dos profetas, conforme está escrito: 16Depois disto, hei-de voltara reconstruir a tenda de David, que estava caída; reconstruirei as suas ruínas e erguê-la-ei de novo, 17a fim de que o resto dos homens procure o Senhor, bem como todos os povos que foram consagrados ao meu nome - diz o Senhor, que dá a conhecer 18 estas coisas desde a eternidade. 19Por isso, sou de opinião que não se devem importunar os pagãos convertidos a Deus. 20Que se lhes diga apenas para se absterem de tudo quanto foi conspurcado pelos ídolos, da imoralidade, das carnes sufocadas e do sangue. 21Desde os tempos antigos, Moisés tem em cada cidade os seus pregadores e é lido todos os sábados nas sinagogas.»

Ao contrário do que seria de esperar, quem toma a palavra para defender o ponto de vista mais liberal não é Paulo, mas Pedro. O apóstolo defende-o usando os seguintes argumentos: foi ele mesmo quem inaugurou a missão entre os pagãos, ao baptizar Cornélio e a sua família, tendo a igreja de Jerusalém aprovado a sua actuação (Act 10-11); o próprio Deus aprovou e confirmou essa actuação, ao enviar o Espírito Santo sobre os pagãos; o próprio Deus, mediante a fé, purificou os corações dos gentios, que os judeus julgavam impuros; se a fé toma o lugar da Lei, como meio de purificação, não é preciso suportar o seu jugo, tão pesado para os próprios judeus; finalmente, o homem salva-se, não pela Lei, mas pela graça de Jesus Cristo.
Os discursos de Pedro e de Tiago têm, como intermezzo, o testemunho de Barnabé e de Paulo, e vêm depois de uma longa discussão. Podem considerar-se os discursos conclusivos de um longo processo de discernimento comunitário. E assim se salvaguarda a liberdade do Evangelho, mas também a unidade da Igreja.


Evangelho: João 15, 9-11

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 9«Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor. 11Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa.

O amor de Jesus pelos seus discípulos tem origem no amor que circula entre o Pai e o Filho. É essa comunhão de amor que está na origem de todas as intervenções maravilhosas de Deus para salvar o homem: «Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor» (v. 9). Os discípulos devem corresponder a este amor, observando os mandamentos de Jesus, permanecendo no seu amor, obedecendo ao Pai como Jesus obedeceu: até à morte e morte de cruz (Fil 2, 8). A lógica é simples: o Pai amou o Filho, e este, vindo ao mundo, permaneceu unido no amor ao Pai por uma atitude constante de obediência à sua vontade. O mesmo deve acontecer entre Jesus e os discípulos. Estes devem realizar fielmente o que Jesus realizou durante a sua vida, e testemunhar o amor de Jesus permanecendo unidos no seu amor. Mais importante do que amar a Jesus é deixar-se amar por Ele, acolher o amor que o Pai, por Jesus, oferece a cada um de nós. Para isso, há que observar docilmente os mandamentos, a exemplo de Jesus.


Meditatio

O evangelho de hoje começa com uma afirmação que é, por assim dizer, uma definição do Coração de Jesus: «Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós» (v. 9). Jesus sabe que a fonte do amor não é Ele, mas o Pai. Mas também sabe que Ele é a perfeita expressão humana desse amor: é o rosto do amor do Pai por nós. Jesus recebeu no seu coração humano o amor que tem origem no Pai, e viveu-o de modo único, perfeitíssimo. Por isso, se quisermos conhecer o amor do Pai, devemos contemplar o Coração de Jesus, que se entregou por nós, e «permanecer no seu amor».
Para permanecermos no amor de Jesus, há que observar os seus mandamentos
(cf. v. 10). Se quisermos saciar a infinita sede de amor que há em nós, havemos de procurar continuamente a vontade do Senhor e realizá-la. «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito» (Mt 11, 29), diz o Senhor. O jugo do Senhor não deixa de ser jugo. Mas é um jugo suave e leve, porque é o jugo dos «seus» mandamentos, e não o jugo dos mandamentos e prescrições da antiga Lei.
A primeira leitura mostra-nos como os primeiros cristãos perceberam que estavam livres de uma série infinita de leis e preceitos, e que o mais importante era permanecer unidos a Cristo pela fé e pelo cumprimento da sua vontade.
«Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa» (v. 11). Todo o discípulo é chamado a deixar-se possuir pela alegria de Jesus, depois de se ter deixado possuir pelo amor de Deus. A minha existência de discípulo consiste em dar espaço a este amor divino, que é amor
«descendente», amor que leva o Pai a «dar o Filho» (Jo 3, 15), amor que leva o Filho a dar-se a si mesmo, e que leva os discípulos a fazer o mesmo entre eles. É este o amor que garante a «felicidade».
Esta nova maneira de amar vem de Deus. É o próprio amor de Deus que actua em mim e em cada um dos discípulos do Senhor. Mais ainda: cada um dos discípulos recebe de Jesus a «sua» felicidade, a alegria que vem de amar como Deus ama, no impulso e na imitação de Jesus. Não estamos pois ao nível do moralismo, mas nos cumes da mística, da mística da acção, que implica o dom de si mesmo, que comporta estar completamente possuídos pelo amor de Deus.
Acolhamos o ardente convite de Jesus: “Permanecei no Meu amor” (Jo 15, 19).
“Permanecer” é deixar-se penetrar pelo amor de Jesus, deixar-se envolver, levar, permear; repousar no amor de Jesus. É ser fiéis ao amor de Jesus, perseverar no Seu amor, ser testemunhas dele na vida, irradiá-lo.

As nossas Constituições entendem tudo isto, quando falam da “presença activa” do amor de Jesus (n. 2), da correspondência activa ao amor (cf. n. 7), do conhecimento progressivo do amor (cf. nn. 16-18.23).
A interioridade recíproca (cf. Jo 15, 4) ou união íntima com Cristo, é condição essencial para a vida de oblação. Permanecer em Jesus é permanecer no Pai (cf. Jo
14, 10; 1 Jo 4, 16): “Deus é amor; quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele” (1 Jo 4, 16). “Permanecer no amor” é fazer e aceitar tudo por amor, especialmente as cruzes de cada dia (cf. Lc 9, 23), é amar-nos uns aos outros como Cristo nos amou (cf. Jo 15, 12).


Oratio

Ó Jesus, hoje, quero rezar-te usando as palavras do teu servo Leão Dehon: «Senhor, permanece em mim e eu permanecerei em Ti. Sim, Tu és a videira, e quando me separo de Ti, sinto-me morrer. Mantém-me unido a Ti na graça santificante, na recordação assídua da tua presença, na meditação dos teus mistérios. Quero permanecer no teu coração. Lá está toda a minha vida e a minha felicidade». Amen.


Contemplatio

«É assim que fará o Pai celeste, diz-nos Nosso Senhor: todo o ramo que não der fruto em mim, cortá-lo-á; atirá-lo-á para longe de mim, será privado da seiva que é a graça e cairá na morte espiritual. Mas os que prometem fruto, podá-los-á, purificá-los-á através de alguma prova e curá-los-á das suas inclinações depravadas, para que dêem ainda mais frutos».
«Quanto a vós, dizia ainda Nosso Senhor, estais todos podados e purificados
pelas instruções que vos dei; mas para que esta purificação se conserve e complete, para que a vossa fecundidade em obras de salvação se desenvolva, uni-vos sempre mais intimamente a mim, permanecei em mim e eu, por minha parte, permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na vinha, se não está aderente à cepa donde tira a seiva vivificante, assim não podeis produzir nada, se não permanecerdes em mim» (Leão Dehon, OSP 3, p. 457s.).


Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Permanecei no meu amor» (Jo 15, 9).
Fonte http://www.dehonianos.org/

terça-feira, 26 de abril de 2016

5ª Semana –Quarta-feira - Páscoa - 27.04.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
5ª Semana – Quarta-feira


Lectio

Primeira leitura: Actos 15, 1-6

Naqueles dias, 1alguns homens que tinham descido da Judeia ensinavam aos irmãos: «Se não vos circuncidardes, de harmonia com o uso herdado de Moisés, não podereis ser salvos.» 2Depois de muita confusão e de uma controvérsia bastante viva de Paulo e Barnabé contra eles, foi resolvido que Paulo, Barnabé e mais alguns outros subissem a Jerusalém para consultarem, sobre esta questão, os Apóstolos e os Anciãos. 3Então, depois de despedidos pela igreja, atravessaram a Fenícia e a Samaria, relatando a conversão dos pagãos, o que causava imensa alegria a todos os irmãos. 4Chegados a Jerusalém, foram recebidos pela igreja, pelos Apóstolos e Anciãos e contaram tudo o que Deus fizera com eles. 5Levantaram-se alguns do partido dos fariseus, que tinham abraçado a fé, dizendo que era preciso circuncidar os pagãos e impor-lhes a observância da Lei de Moisés. 6Os Apóstolos e os Anciãos reuniram-se para examinarem a questão.

O conflito que levou ao Concílio de Jerusalém, julgado do nosso ponto de vista, pode parecer-nos infantil. Mas, observado a partir do contexto que o provocou, revela- se mais sério, e podemos compreender melhor a angústia dos irmãos de Jerusalém. Esta narração do livro dos Actos (capítulo 15) é o eixo à volta do qual gira toda a obra de Lucas. O Concílio de Jerusalém resolveu, ou lançou as bases para a resolução, do maior problema e da crise que afectava a Igreja, pois afirmou a liberdade do Evangelho, salvando, ao mesmo tempo, a unidade da mesma Igreja. As questões eram várias entre os judeo-cristãos: que valor tinha o Antigo Testamento, particularmente a Lei, em relação ao novo povo de Deus? Há continuidade no plano de Deus, supondo a novidade radical do cristianismo? Mas, do ponto de vista dos étnico-cristãos, também havia questões: para ser cristão, havia que aceitar a Lei judaica? O caminho que leva ao cristianismo terá necessariamente de passar pelo judaísmo? Quem quer tornar-se cristão terá de tornar-se antes judeu? É preciso aceitar o rito da circuncisão e outros pormenores legais? Se o cristianismo queria ser universal, não podia impor práticas específicas de um determinado povo. Estas e outras questões exigiam a reflexão aprofundada da Igreja. Por isso, «os Apóstolos e os Anciãos reuniram-se para examinarem a questão» (v. 6).


Evangelho: João 15, 1-8

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1«Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor. 2Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado. 4Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim. 5Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. 6Se alguém não permanece em mim, é lançado fora, como um ramo, e seca. Esses são apanhados e lançados ao fogo, e ardem. 7Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e assim vos

acontecerá. 8Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos.»

A palavra-chave deste texto é claramente «permanecer», até pelas vezes que é repetida. O «discurso de adeus» de Jesus centra-se, agora, na sua relação com os Apóstolos e sobre a comunhão real e profunda que há entre Ele e os que acreditam nele.
Enquanto o capítulo 14 de João se caracterizava pelo imperativo de
«acreditar» em Jesus, agora caracteriza-se pela exigência de permanecer n’ Ele. Encontramos esta mesma imagem de «permanecer» a propósito da Eucaristia (6, 56). Este «permanecer» deve portanto entender-se em conexão com a Eucaristia.
Jesus está para enfrentar a morte. Mas continua a ser, para os seus, fonte de vida e de santidade. Unidos a Ele podem muito fruto (15, 6).
Ao contrário de Israel, videira infecunda e resistente aos cuidados de Deus (cf. Is 5), Jesus é a videira verdadeira, que produz frutos e corresponde aos cuidados do Pai. Com esta imagem, Jesus quer explicar a surpreendente união vital que oferece aos que nele acreditam, os compromissos que essa união implica e as expectativas de Deus sobre ela. Jesus é o primogénito da nova humanidade em virtude do sacrifício redentor oferecido na cruz. Ele é a cepa santa donde brota a seiva que dá vida às varas e que nelas produz frutos. Quem permanece unido a Ele, vive e pode dar frutos. Quem produzir frutos será purificado para produzir ainda mais. Esta purificação é realizada pela palavra acolhida no coração.


Meditatio

As duas leituras, que hoje escutamos, têm uma ligação entre elas que, à primeira vista parece não existir. O evangelho apresenta-nos a alegoria da videira, que nos introduz num clima de profunda intimidade: «Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós» (v. 4). A primeira leitura fala de exigências legais. Paulo e Barnabé chegam a Jerusalém contam as maravilhas operadas por Deus entre os pagãos e, alguns do partido dos fariseus insistem que é preciso «circuncidar os pagãos e impor-lhes a observância da Lei de Moisés». Qual é, então, a ligação entre as duas leituras? O evangelho leva-nos a compreendê-la quando recorda as palavras de Jesus: «Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim» (v. 4). Sem Jesus nada se pode fazer. Só Ele é o fundamento da nossa vida. E não temos o direito de procurar outro fundamento para ela, ou de acrescentar a Cristo outra realidade que não seja Ele. Era o que pretendiam fazer os cristãos vindos do judaísmo. Não percebiam que, tendo aderido a Cristo, deviam abandonar as antigas perspectivas, porque não há dois fundamentos, nem duas fontes de vida, mas uma só: Cristo. É nele que havemos de pôr toda a nossa fé e toda a nossa confiança. O baptismo, que nos une a Cristo, como varas à cepa, é quanto basta. De Cristo recebemos a seiva divina, que é o Espírito Santo, que nos dá a vida, e produz em nós os seus frutos, a começar pela da caridade.
As nossas Constituições citam a alegoria da videira para falar da união a
Cristo, que é o princípio e o centro da nossa vida, o nosso caminho de santidade, tal como foi para o Pe. Dehon (cf. Cst 17): «A vara não pode dar fruto por si mesma, se não permanece na cepa... permanecei em Mim» (Jo 15, 4). O mesmo n.
17 indica os meios para tornar frutuosa a nossa vida de varas: permanecer na
«escuta da Palavra» e «na partilha do Pão». O n. 18 acrescenta o amor e o serviço aos irmãos, especialmente aos mais fracos. O n. 20 fala da contemplação do Lado aberto e do Coração trespassado. São os «lugares» para vivermos e crescermos na união a Cristo, para que Ele «habite» cada vez mais intimamente “pela fé” nos

nossos “corações, de sorte que, enraizados e fundados no amor” possamos “compreender... a largura e o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer, enfim, o amor de Cristo que excede todo o conhecimento, para sermos repletos da plenitude de Deus" (cf. Ef 3, 17-19).


Oratio

Senhor Jesus, a união Contigo é, de facto, o princípio e o centro da minha vida. Contigo estou vivo; sem Ti estou morto. Contigo, envolve-me o rio imortal da vida divina, que me leva ao oceano divino e sem limites, onde jamais se põe o sol. Contigo sou tudo; sem Ti sou nada!
Dou-Te graças, Senhor, porque vieste ligar-me ao Pai, fonte de vida perene. Liga-me fortemente a Ti, para que não me torne uma vara separada, uma vara sem fruto. Faz-me compreender que a união Contigo é o caminho para a santidade e ajuda-me a vivê-la e a aprofundá-la na escuta da palavra, na celebração da Eucaristia, no amor aos irmãos e na contemplação do teu Lado aberto e do teu coração trespassado. E que a união Contigo permita ao teu Espírito produzir em mim todos os seus frutos, particularmente um ardente amor ao Pai e um generoso amor aos irmãos. Amen.


Contemplatio

«Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor». Jesus passa junto das vinhas que eram podadas naquela estação. Vê os ramos vivos carregados de botões e os ramos cortados caídos por terra, é um belo tema para uma parábola. «Eu sou a videira verdadeira, diz, a videira cheia de seiva e de vida». Pensava no seu sangue, semelhante ao vinho da vinha, que ia muito em breve correr sob a prensa da agonia.
«O meu Pai, diz, é o agricultor, que cultiva com amor a videira e os ramos». – Os
frutos que o agricultor celeste espera da sua vinha são aqueles que a alma leva unida a Jesus Cristo, como os ramos estão unidos à cepa. A alma cristã está enxertada em Jesus Cristo, regenerada por ele, e elevada até a esta perfeição que faz dos seus actos outros tantos frutos divinos: frutos de humildade, de paz, de modéstia, de piedade, de pureza, de zelo, de silêncio, de recolhimento, de sacrifício, de morte para si mesmo; frutos de vida interior e de união constante.
A vinha vulgar da nossa natureza humana não produz nada de tudo isto. São necessários o enxerto e a seiva divina.
«Permanecei em mim». Permaneçamos agarrados à videira. O agricultor corta da videira os ramos mortos e aqueles que não dão frutos. Limpa as varas que dão frutos, para que produzam ainda mais.
«É assim que fará o Pai celeste, diz-nos Nosso Senhor: todo o ramo que não der fruto em mim, cortá-lo-á; atirá-lo-á para longe de mim, será privado da seiva que é a graça e cairá na morte espiritual. Mas os que prometem fruto, podá-los-á, purificá-los-á através de alguma prova e curá-los-á das suas inclinações depravadas, para que dêem ainda mais frutos».
«Quanto a vós, dizia ainda Nosso Senhor, estais todos podados e purificados pelas instruções que vos dei; mas para que esta purificação se conserve e complete, para que a vossa fecundidade em obras de salvação se desenvolva, uni-vos sempre mais intimamente a mim, permanecei em mim e eu, por minha parte, permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na vinha, se não está aderente à cepa donde tira a seiva vivificante, assim não podeis produzir nada, se não permanecerdes em mim» (Leão Dehon, OSP 3, p. 457s.).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
,,Permanecei em mim,, (Jo 15, 4).
Fonte http://www.dehonianos.org/

segunda-feira, 25 de abril de 2016

5ª Semana –Terça-feira - Páscoa - 26.04.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
5ª Semana – Terça-feira


Lectio

Primeira leitura: Actos 14, 19-28

Naqueles dias, 19apareceram, então, vindos de Antioquia e de Icónio, alguns judeus que aliciaram o povo, apedrejaram Paulo e, julgando-o morto, arrastaram-no para fora da cidade. 20Mas, como os discípulos o tivessem rodeado, ele ergueu-se e voltou para a cidade. No dia seguinte, partiu para Derbe com Barnabé.
21Depois de terem anunciado a Boa-Nova àquela cidade e de terem feito numerosos discípulos, Paulo e Barnabé voltaram a Listra, Icónio e Antioquia.
22Fortaleciam a alma dos discípulos, encorajavam-nos a manterem-se firmes na fé,
porque, diziam eles: «Temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus.» 23Depois de lhes terem constituído anciãos em cada igreja, pela imposição das mãos, e de terem feito orações acompanhadas de jejum, recomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado. 24A seguir, atravessaram a Pisídia, chegaram à Panfília e, 25depois de anunciarem a palavra em Perga, desceram a Atália. 26De lá, foram de barco para Antioquia, de onde tinham partido, confiados na graça de Deus, para o trabalho que agora acabavam de realizar. 27Assim que chegaram, reuniram a igreja e contaram tudo o que Deus fizera com eles, e como abrira aos pagãos a porta da fé. 28E demoraram-se bastante tempo com os discípulos.

O mundo pagão aceitou com facilidade e entusiasmo o Evangelho. Mas os judeus continuam a reagir com hostilidade aos evangelizadores. É o que revela o episódio narrado no início da perícopa que escutamos hoje. Paulo salvou-se porque os discípulos o rodearam (v. 20), isto é, o defenderam.
Antes de fazer regressar os missionários à igreja mãe de Antioquia, Lucas oferece-nos alguns dados da máxima importância. Paulo e Barnabé repetem a visita às comunidades já evangelizadas para as ajudar na consolidação da fé. Trata-se de uma verdadeira «visita pastoral», em que os apóstolos encorajam os fiéis e lançam as bases de uma organização eclesiástica (v. 23), que permite a continuidade das igrejas, que lhes custaram «muitas tribulações» (v. 22). A viagem de regresso é descrita de modo sucinto. Ao chegarem a Antioquia prestaram contas do seu trabalho aos irmãos:
«contaram tudo o que Deus fizera com eles, e como abrira aos pagãos a porta da fé» (v. 27). Para a comunidade de Antioquia, a abertura do Evangelho aos pagãos, era dado adquirido. Mas, na igreja mãe, de Jerusalém nem todos partilhavam dessa opinião. Vão surgir novas tensões, mas também esclarecimentos decisivos.


Evangelho: João 14, 27-31a

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 27«Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não é como a dá o mundo, que Eu vo-la dou. Não se perturbe o vosso coração nem se acobarde. 28Ouvistes o que Eu vos disse: ‘Eu vou, mas voltarei a vós.’ Se me tivésseis amor, havíeis de alegrar-vos por Eu ir para o Pai, pois o Pai é mais do que Eu. 29Digo-vo-lo agora, antes que aconteça, para crerdes quando isso acontecer.
30Já não falarei muito convosco, pois está a chegar o dominador deste mundo; ele nada pode contra mim, 31mas o mundo tem de saber que Eu amo o Pai e actuo como o Pai me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui!»

Jesus, ao despedir-se dos seus discípulos, dirige-lhes palavras de adeus e de conforto. O nosso texto começa com o dom da paz (shalom), que inclui todos os bens messiânicos: «Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz» (v. 27). A partida de Jesus não deve causar perturbação ou medo nos seus: «Não se perturbe o vosso coração» (v. 27). Jesus liberta-se da humilhação do seu ministério terreno e caminha para a glória
do Pai. Ao anunciar a sua morte, Jesus quer apoiar a fé dos discípulos e fazer-lhes ver que o que vai acontecer entra nos planos de Deus.
O tempo do ministério terreno de Jesus está a terminar, porque «está a chegar o dominador deste mundo» (v. 30). Mas, ainda que ele venha precipitar o fim de Jesus, por meio de Judas Iscariotes, Satanás não tem poder sobre Ele. O poder do Demónio sobre o homem depende dos seus pecados, e Jesus não tem pecado. Por outro lado, o mundo deve saber que Jesus ama o Pai. Ama e obedece. Cumpre o mandamento que recebeu dele e, por isso, entrega a vida. Este é um argumento para que o mundo saiba que Jesus ama o Pai.


Meditatio

«Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz» (v. 27). A paz é um dom que Jesus derrama nos nossos corações. Jesus vive em nós e, com Ele, está o Pai e está o Espírito Santo. Quem nos pode perturbar? Paulo, apedrejado, e julgado morto, ergue-se, volta à cidade, anuncia a Boa Nova, faz numerosas conversões e parte para animar na fé e encorajar as comunidades de Listra, Icónio e Antioquia, que também passavam por dificuldades: «Temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus»,
- dizia-lhes. O Apóstolo resiste e está tranquilo porque tem em si a paz do Senhor, uma paz que o mundo não pode compreender. Essa paz leva-o a afirmar: «Comprazo-me nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias, por Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte» (2 Cor 12, 10). Pedro também dirá: «Alegrai-vos, pois assim como participais dos padecimentos de Cristo, assim também rejubilareis de alegria na altura da revelação da sua glória» (1 Pe 4, 13).
Vivemos num mundo cheio de ameaças, as nossas paixões não dão tréguas, tudo
parece avançar como se Deus não existisse. E, como os discípulos que, na escuridão da noite, se debatiam contra os ventos e contra as ondas do mar, também nós nos enchemos de pavor. Assaltam-nos as dúvidas e a nossa fé entra em crise. Deus cala-se dentro de nós. Parece jogar às escondidas. Não responde aos nossos gritos. É a noite escura da fé. É o momento de a exercitarmos para sentirmos o que não sentimos e vermos o que não vemos. É essa a fé que está na base da paz, que vem da comunhão com Deus. Fé em Deus presente, mas ainda não completamente possuído, fé que amadurece na ausência do Esposo, que se aperfeiçoa na busca do Esposo, fé que se purifica nos momentos mais duros e atrozes. As vidas dos Santos mostram-nos tantos exemplos do que estamos a dizer!
A paz vem-nos de um olhar de fé sobre a realidade de um Deus presente, mas procurado com o ardor de um coração ferido pela sua ausência. A paz vem quando se aceita o mistério da ausência de Deus, o seu silêncio, o sofrimento e o mistério da cruz como o momento mais alto do amor de Deus e do testemunho do nosso amor por Ele.
As nossas Constituições lembram-nos: «A vida reparadora será, por vezes,
vivida na oferta dos sofrimentos suportados com paciência e abandono, mesmo na noite escura e na solidão, como eminente e misteriosa comunhão com os sofrimentos e com a morte de Cristo pela redenção do mundo» (n. 24); «Para Glória e Alegria de Deus» (n. 25). Há que não esquecê-lo, quando a tribulação nos bate à porta. Só assim manteremos a paz.

Oratio

Senhor Jesus Cristo, dá-me a paz, dá-me a tua paz. Quantas vezes, procuro paz onde ela não se pode encontrar: longe da cruz, fugindo de tudo o que me incomoda, evitando quem me faz perder a paciência, esquivando-me do que me pode causar aborrecimento e fechando os olhos ao sofrimento dos outros! São tentações que me assaltam frequentemente, como sabes, Senhor! São tentações que me fazem afastar o olhar de Ti, fonte da paz, que me fazem esquecer as tuas palavras construtoras da paz sólida e perene.
Vence, Senhor, as minhas tentações. Que a tua voz ecoe no meu coração perturbado e me ensine os teus caminhos, aqueles que levam à tua paz. Amen.


Contemplatio

O Espírito Santo é o espírito de paz. É como tal que Nosso Senhor no-lo deixa. Dar-nos-á a paz, não aquela do mundo que é falsa, baseada na ilusão e na cegueira, mas uma paz verdadeira, a dos filhos de Deus; uma paz que acalma todas as inquietações da consciência, que consola de todas as mágoas da vida; uma paz que o mundo não conhece, que nada pode perturbar e que é um antegozo das doçuras celestes.
Esta paz é o fruto do Espírito Santo; repousa sobre a contrição, a humildade,
o amor do Sagrado Coração e sobre o abandono. «Ne turbetur cor vestrum. Não vos entristeçais, não vos perturbeis por causa da minha ausência. Estou ainda convosco», diz-nos Nosso Senhor. «O meu Espírito vos consolará. Ele alimentará e fortificará a vossa fé. Dir-vos-á que se fui para o Céu, foi para vo-lo abrir e para lá vos preparar uma morada eterna, junto de mim e de meu Pai, vado parare vobis locum… accipiam vos ad meipsum. Ele vos há-de ensinar o caminho que conduz ao céu, é aquele que eu segui. Sou eu mesmo que sou o vosso caminho. Se me amais, seguir-me-eis na paz, na consolação e na alegria» (Leão Dehon, OSP 3, p. 436).


Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz» (Jo 14, 27).
Fonte http://www.dehonianos.org/

domingo, 24 de abril de 2016

5ª Semana - Segunda-feira - Páscoa - S. Marcos - 25.04.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
Marcos era filho de Maria de Jerusalém, em cuja casa Pedro se refugiou depois de ser libertado do cárcere (cf. At 12, 12). Era primo de Barnabé. Acompanhou o apóstolo Paulo na sua primeira viagem a Roma (cf. Col 4, 10) e esteve próximo dele durante a sua prisão em Roma (Fm 24). Depois, tornou-se discípulo de Pedro, de cuja pregação se fez intérprete no Evangelho que escreveu (cf. 1 Pe 5, 13). O seu evangelho é comumente reconhecido como o mais antigo, utilizado e completado por Mateus e por Lucas. Parece que também os grandes discursos da primeira parte do Atos dos Apóstolos são uma retomada e desenvolvimento do evangelho de Marcos, a partir de Mc 1, 15. É-lhe atribuída a fundação da Igreja de Alexandria.


Lectio


Primeira Leitura: 1 Pedro 5, 5b-14

Irmãos: revesti-vos todos de humildade no trato uns com os outros, porque Deus opõe-se aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes. 6Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte no devido tempo. 7Confiai-lhe todas as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós. 8Sede sóbrios e vigiai, pois o vosso adversário, o diabo, como um leão a rugir, anda a rondar-vos, procurando a quem devorar. 9Resisti-lhe, firmes na fé, sabendo que a vossa comunidade de irmãos, espalhada pelo mundo, suporta os mesmos padecimentos. 10Depois de terdes padecido por um pouco de tempo, o Deus que é todo graça e vos chamou em Jesus Cristo à sua eterna glória, há-de restabelecer-vos e consolidar-vos, tornar-vos firmes e fortes. 11Para Ele o poder pelos séculos dos séculos. Ámen. 12Por Silvano, a quem considero um irmão fiel, escrevo-vos estas breves palavras, para vos exortar e para vos assegurar que esta é a verdadeira graça de Deus; perseverai nela! 13Manda-vos saudações a comunidade dos eleitos que está em Babilónia e, em particular, Marcos, meu filho. 14Saudai-vos uns aos outros com um ósculo de irmãos que se amam. Paz a todos vós, que estais em Cristo.

A tradição, segundo a qual Marcos recolheu, no seu evangelho, a pregação de Pedro, apoia-se nesta página, onde Pedro lhe chama “meu filho” (v. 13). Mas as exortações do primeiro dos apóstolos dirigem-se a todos quantos na Igreja têm responsabilidades de guias e mestres.
O verdadeiro pastor deve, antes de mais, ser humilde e consciente de não ser dono de nada, mas ter recebido tudo de Deus. E a humildade é verdade!
Os pastores devem também ser sóbrios e vigilantes. Nestas palavras ecoa o discurso escatológico de Jesus (cf. Mc 13, 1ss.). Pedro dirige aos pastores humildes e fiéis, sóbrios e vigilantes, a promessa de que Aquele Deus que os chamou à vida nova em Cristo os confirmará na graça e os coroará de glória (v. 10).


Evangelho: Marcos 16, 15-20

Naquele tempo, Jesus apareceu ao Onze Apóstolos e disse-lhes: 15«Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. 16Quem acreditar e for batizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado. 17Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem: em meu nome expulsarão demónios, falarão línguas novas, 18apanharão serpentes com as mãos e, se beberem algum veneno mortal, não sofrerão nenhum mal; hão de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados.» 19Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. 20Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam.

Nesta conclusão do evangelho original de Marcos, encontramos o chamado discurso missionário: Jesus envia os seus discípulos a levar o evangelho a todas as criaturas (vv. 15ss.). O missionário do Pai, Jesus, precisa de outros missionários. Aquele que é a Boa Nova confia a Boa Nova aos seus apóstolos: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura.” (v. 15).
Depois do mandato missionário, Marcos alude, de modo muito breve, e discreto à ascensão de Jesus ao céu: “O Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus.” (v. 19). E conclui afirmando: “Eles, partindo, foram pregar por toda a parte” (v. 20). E assim mudou radicalmente a vida dos apóstolos e de muitas outras pessoas ao longo dos séculos.


Meditatio

A primeira leitura da festa de S. Marcos foi escolhida por causa da expressão “meu filho” usada por S. Pedro para se referir ao segundo evangelista, mas também pelas palavras: “Resisti-lhe, firmes na fé, sabendo que a vossa comunidade de irmãos, espalhada pelo mundo, suporta os mesmos padecimentos.” (v. 9). Marcos é, de modo especial, o evangelista da fé. Insiste em que deve ser vivida mesmo no meio da obscuridade. O evangelista tem um sentido muito vivo dessa experiência. Mais do que desenvolver os ensinamentos do Mestre, preocupa-se em acentuar a manifestação do Messias crucificado. Apresenta-nos Jesus rodeado de pessoas que, depois de um primeiro entusiasmo, O recusam. Os próprios Doze, escolhidos por Ele, não O compreendem: têm o coração endurecido, fechado à Sua mensagem, à Sua Pessoa. Mesmo Pedro, que reconhece Jesus como Messias, não quer aceitar o caminho que Ele escolheu percorrer, o caminho da cruz. O centro do evangelho de Marcos é o paradoxal testemunho de fé do centurião, que reconhece em Jesus, que morre na cruz, o Filho de Deus. Marcos compreende a realidade profunda do itinerário doloroso de Jesus e apresenta-o à luz da fé, definitivamente consolidada na ressurreição. O segundo evangelho ajuda-nos a viver na fé e a alimentá-la no sofrimento e a apoiá-la unicamente em Cristo, sem procurar provas humanas.
A reflexão de Marcos não é académica, mas existencial e vital. O Evangelho é Deus (cf. Mc 1, 14); contém e manifesta o projeto salvífico que o Pai quer realizar por meio do Filho em favor de toda a humanidade. É do coração de Deus que brota a “Boa Nova” capaz de encher de alegria todos os corações humanos que estejam disponíveis a acolher o dom da salvação. O “Evangelho é de Jesus Cristo” (cf. Mc 1, 1), quer dizer, é Jesus o Cristo, o Filho de Deus. Mas é também memorial de tudo quanto Jesus fez e disse. Numa palavra: para Marcos, o Evangelho é tudo, e tudo é Evangelho.
Lembremos as nossas Constituições: “A missão em sentido estrito sempre esteve presente entre nós e continua a conservar para nós uma importância particular” (Cst 33). A nossa admiração e atenção por aqueles que hoje são “missionários” continuam bem vivas. Esses confrades deixaram a sua terra, a sua gente, para adotar uma outra, em favor da qual desenvolvem todas as atividades de apostolado (cf. Cst 15). “Reconhecemos como parte importante da nossa missão reparadora todo o trabalho que desde os princípios da Congregação muitos de nós desenvolvem na atividade missionária, em vista do anúncio do Evangelho e em solidariedade com os povos, cuja situação é particularmente difícil” (Documenta XIV).


Oratio

Abre, Senhor, os meus ouvidos para que se encham do tesouro do teu Evangelho, porque a minha vida, iluminada e confortada pela tua Palavra, terá sentido pleno e duradoiro. Faz-me acolher o Verbo da verdade presente no teu Evangelho. Abre, Senhor, a minha boca para que a Boa Nova acolhida, se torne proclamação da tua glória e mensagem de sentido e esperança para os irmãos. Que a minha vida se abra a Ti, se encontre contigo, que vens ao meu encontro todos os dias na Palavra que o teu Evangelho encerra e me dá. Ámen.


Contemplatio

S. Marcos amava Nosso Senhor sem qualquer reserva; estava maduro para o martírio. Os seus sucessos e os progressos da fé exasperavam os pagãos e em particular os sacerdotes de Serapis. Apoderaram-se de S. Marcos durante a solenidade da Páscoa do ano 68. Fizeram-lhe sofrer durante dois dias um horrível suplício, fazendo-o arrastar com cordas por terrenos pedregosos dos subúrbios de Buroles; mas o amor é mais forte do que a morte, e o santo bendizia a Nosso Senhor e dava-lhe graças por ter sido julgado digno de sofrer por seu amor. Durante a noite que separou os dois dias de torturas, o santo foi reconfortado por visitas celestes. Foi primeiro um anjo que lhe disse: «Marcos, servo de Deus e chefe dos ministros de Cristo, no Egipto, o vosso nome está escrito no livro da vida e as potências celestes virão em breve procurar-vos para vos conduzirem ao céu». Depois apareceu-lhe o próprio Nosso Senhor, como o tinha conhecido na Galileia: «A paz esteja convosco, Marcos nosso evangelista», diz-lhe; depois desapareceu. Esta palavra de encorajamento bastava. S. Marcos foi de novo arrastado e dilacerado pelas pedras, enquanto bendizia a Deus: «Meu Deus, nas vossas mãos entrego a minha alma». (L. Dehon, OSP 3, p. 479).


Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
“Convertei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1, 15).



S. Marcos, Evangelista (25 Abril)
Fonte http://www.dehonianos.org/

sábado, 23 de abril de 2016

05º Domingo do tempo Pascal - Ano C - 24.04.2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
TEMA

O  tema  fundamental  da  liturgia  deste  domingo  é  o  do  amor:  o  que  identifica  os seguidores de Jesus é a capacidade de amar até ao dom total da vida.
No Evangelho, Jesus despede-Se dos seus discípulos e deixa-lhes em testamento o
“mandamento novo”: “amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”. É nessa entrega radical da vida que se cumpre a vocação cristã e que se dá testemunho no mundo do amor materno e paterno de Deus.
Na  primeira  leitura  apresenta-se  a vida  dessas  comunidades  cristãs  chamadas  a
viver no amor. No meio das vicissitudes e das crises, são comunidades fraternas, onde os irmãos se ajudam, se fortalecem uns aos outros nas dificuldades, se amam e dão testemunho do amor de Deus. É esse projecto que motiva Paulo e Barnabé e é essa proposta  que eles levam, com a generosidade  de quem ama, aos confins  da Ásia Menor.
A segunda leitura apresenta-nos a meta final para onde caminhamos: o novo céu e a nova terra, a realização  da utopia, o rosto final dessa comunidade  de chamados  a viver no amor.



LEITURA I – Actos 14,21b-27

Naqueles dias,
Paulo e Barnabé voltaram a Listra, a Icónio e a Antioquia. Iam fortalecendo as almas dos discípulos
e exortavam-nos a permanecerem firmes na fé,
«porque – diziam eles – temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus».
Estabeleceram anciãos em cada Igreja,
depois de terem feito orações acompanhadas de jejum,
e encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado. Atravessaram então a Pisídia e chegaram à Panfília;
depois, anunciaram a palavra em Perga e desceram até Atalia.
De lá embarcaram para Antioquia,
de onde tinham partido, confiados na graça de Deus, para a obra que acabavam de realizar.
À chegada, convocaram a Igreja,
contaram tudo o que Deus fizera com eles e como abrira aos gentios a porta da fé.



AMBIENTE

Vimos, no passado domingo, como o entusiasmo missionário da comunidade cristã de Antioquia  da Síria lançou Paulo e Barnabé  para a missão  e como a Boa Nova de Jesus alcançou, assim, a ilha de Chipre e as costas da Ásia Menor…
A leitura de hoje apresenta-nos  a conclusão  dessa primeira  viagem  missionária  de
Paulo e de Barnabé: depois de chegarem a Derbe, voltaram para trás, visitaram as comunidades  entretanto  fundadas  (Listra,  Icónio,  Antioquia  da  Pisídia  e  Perge)  e embarcaram  de  regresso  à  cidade  de  onde  tinham  partido  para  a  missão.  Estes sucessos desenrolam-se entre os anos 46 e 49.

MENSAGEM

No texto que nos é proposto, transparecem os traços fundamentais que marcaram a vida e a experiência dos primeiros grupos cristãos: o entusiasmo dos primeiros missionários, que permite afrontar e vencer os perigos e as incomodidades para levar a todos os homens a boa notícia dessa libertação que Cristo veio propor; as palavras de consolação que fortalecem a fé e ajudam a enfrentar as perseguições (vers. 22a); o apoio mútuo (vers. 23b); a oração (vers. 23b.c).
Sobretudo, este texto acentua a ideia de que a missão não foi uma obra puramente humana, mas foi uma obra de Deus. No início da aventura missionária já se havia sugerido  que  o envio  de  Paulo  e Barnabé  não  era  apenas  iniciativa  da  Igreja  de Antioquia, mas uma acção do Espírito (cf. Act 13,2-3); foi esse mesmo Espírito que acompanhou e guiou os missionários a cada passo da sua viagem. E aqui repete-se que o autêntico actor da conversão dos pagãos é Deus e não os homens (cf. vers. 27). Verdadeira  novidade  no  contexto  da  missão  é  a  instituição  de  dirigentes  ou responsáveis (“anciãos” – em grego, “presbíteros”), que aparecem aqui pela primeira vez fora da Igreja de Jerusalém. Correspondem, provavelmente, aos “conselhos de anciãos” que estavam à frente das comunidades judaicas. Os “Actos” não explicitam as funções exactas destes dirigentes e animadores das Igrejas; mas o discurso de despedida que Paulo faz aos anciãos de Éfeso parece confiar-lhes o cuidado de administrarem, de vigiarem e de defenderem a comunidade face aos perigos internos e externos (cf. Act 20,28-31).  Em todo o caso, convém recordar que os ministérios eram algo subordinado dentro da organização e da vida da primitiva comunidade; não eram valores absolutos em si mesmo, mas só existiam e só tinham sentido em função da comunidade.



ACTUALIZAÇÃO

Para reflectir, partilhar e actualizar este texto, considerar as seguintes linhas:

♦  Como  é que  vivem  as  nossas  comunidades  cristãs?  Notamos  nelas  o mesmo empenho missionário dos inícios? Há partilha fraterna e preocupação em ir ao encontro dos mais débeis, em apoiá-los e ajudá-los a superar as crises e as angústias?  São comunidades  que se fortalecem  com uma vida de oração e de diálogo com Deus?

♦  Temos consciência de que por detrás do nosso trabalho e do nosso testemunho está Deus? Temos consciência de que o anúncio do Evangelho não é uma obra nossa, na qual expomos  as nossas  ideias e a nossa ideologia,  mas é obra de Deus? Temos consciência de que não nos pregamos a nós próprios, mas a Cristo libertador?

♦Para aqueles que têm responsabilidades de direcção ou de animação das comunidades: a missão que lhes foi confiada não é um privilégio, mas um serviço que está subordinado  à construção  da própria  comunidade.  A comunidade  não existe  para  servir  quem  preside;  quem  preside  é  que  existe  em  função  da comunidade e do serviço comunitário.



SALMO RESPONSORIAL – Salmo 144

Refrão 1:     Louvarei para sempre o vosso nome, Senhor, meu Deus e meu Rei.

Refrão 2:    Aleluia.

O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.

Graças Vos dêem, senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos.

Para darem a conhecer aos homens o vosso poder, a glória e o esplendor do vosso reino.
O vosso reino é um reino eterno,
o vosso domínio estende-se por todas as gerações.



LEITURA II – Ap 21,1-5a

Eu, João, vi um novo céu e uma nova terra,
porque o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia.
Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém,
que descia do Céu, da presença de Deus,
bela como noiva adornada para o seu esposo. Do trono ouvi uma voz forte que dizia:
«Eis a morada de Deus com os homens.
Deus habitará com os homens:
eles serão o seu povo
e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos;
nunca mais haverá morte nem luto, nem gemidos nem dor, porque o mundo antigo desapareceu».
Disse então Aquele que estava sentado no trono:
«Vou renovar todas as coisas».



AMBIENTE

Depois de descrever o confronto entre Deus e as forças do mal e a vitória final de Deus, o autor do “Apocalipse” apresenta o ponto de chegada da história humana: a “nova  terra  e  o  novo  céu”;  aí,  os  que  se  mantiveram  fiéis  ao  “cordeiro”  (Jesus) encontrarão a vida em plenitude. É o culminar da caminhada da humanidade, a meta última da nossa história.
Esse mundo novo é, simbolicamente,  apresentado em dois quadros (cf. Ap 21,1-8 e 21,9-22,5). A leitura que hoje nos é proposta apresenta-nos o primeiro desses quadros (o outro ficará para o próximo domingo). É o quadro do novo céu e da nova terra – um quadro que apresenta a última fase da obra regeneradora de Deus e que aparece já em Is 65,17 e em 66,22. Também se encontra esta imagem abundantemente representada  na literatura apocalíptica (cf. Henoch, 45,4-5; 91,16; 4 Esd 7,75), bem como em certos textos do Novo Testamento (cf. Mt 19,28; 2 Pe 3,13).



MENSAGEM

Neste primeiro quadro, o profeta João chama a essa nova realidade nascida da vitória de Deus a “Jerusalém que desce do céu”. Jerusalém é, no universo religioso e cultural do povo bíblico, a cidade santa por excelência, o lugar onde Deus reside, o espaço onde vai irromper e onde se manifestará em definitivo a salvação de Deus. A “nova Jerusalém” é, portanto, o lugar da salvação definitiva, o lugar do encontro definitivo entre Deus e o seu Povo.
No  contexto  da teologia  do Livro  do Apocalipse,  esta  cidade  nova,  onde  encontra guarida o Povo vitorioso dos “santos”, designa a Igreja, vista como comunidade escatológica, transformada e renovada pela acção salvadora e libertadora de Deus na história. Dizer que ela “desce do céu” significa dizer que se trata de uma realidade que vem de Deus e tem origem divina; ela é uma absoluta criação da graça de Deus, dom definitivo de Deus ao seu Povo.
Esta nova realidade instaura, consequentemente, uma nova ordem de coisas e exige que tudo o que é velho seja transformado. O mar, símbolo e resíduo do caos primitivo e  das  potências  hostis  a  Deus,  desaparecerá;  a  velha  terra,  cenário  da  conduta pecadora do homem, vai ser transformada e recriada (vers. 1).A partir daí, tudo será novo, definitivo, acabado, perfeito.
Quando esta realidade irromper, celebrar-se-á o casamento definitivo entre Deus e a humanidade  transformada  (a  “noiva  adornada  para  o  esposo”).  Na  linguagem profética, o casamento é um símbolo privilegiado da aliança. Realiza-se, assim, o ideal da aliança (cf. Jer 31,33-38; Ez 37,27): Deus e o seu Povo consumam a sua história de intimidade e de comunhão; Deus passará a residir de forma permanente e estável no meio do seu Povo, como o noivo que se junta à sua amada e com ela partilha a vida e o amor. A longa história de amor entre Deus e o seu Povo será uma história de amor com um final feliz. Serão definitivamente banidos do horizonte do homem a dor, as lágrimas, o sofrimento e a morte e restarão a alegria, a harmonia e a felicidade sem fim.



ACTUALIZAÇÃO

Para a reflexão desta Palavra, considerar os seguintes dados:

♦  O testemunho  profético  de  João  garante-nos  que  não  estamos  destinados  ao fracasso, mas sim à vida plena, ao encontro com Deus, à felicidade sem fim. Esta esperança tem de iluminar a nossa caminhada e dar-nos a coragem de enfrentar os dramas e as crises que dia a dia se nos apresentam.

♦  A Igreja de que fazemos parte tem de procurar ser um anúncio dessa comunidade escatológica, uma “noiva” bela e que caminha com amor ao encontro de Deus, o amado. Isto significa que o egoísmo, as divisões, os conflitos, as lutas pelo poder, têm de ser banidos da nossa experiência eclesial: eles são chagas que desfeiam o rosto da Igreja e a impedem de dar testemunho do mundo novo que nos espera.

♦  É verdade que a instauração plena do “novo céu e da nova terra” só acontecerá quando  o mal for vencido  em definitivo;  mas essa nova realidade  pode e deve começar  desde já: a ressurreição  de Cristo convoca-nos  para a renovação  das nossas vidas, da nossa comunidade cristã ou religiosa, da sociedade e das suas estruturas, do mundo em que vivemos (e que geme num violento esforço de libertação ).



ALELUIA– Jo 13,34

Aleluia. Aleluia.

Dou-vos um mandamento novo, diz o Senhor:
amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei.



EVANGELHO – Jo 13,31-33a.34-35

Quando Judas saiu do cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Agora foi glorificado o Filho do homem
e Deus glorificado n’Ele.
Se Deus foi glorificado n’Ele,
Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora.
Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo:
que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei,
amai-vos também uns aos outros.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos:
se vos amardes uns aos outros».



AMBIENTE

Estamos na fase final da caminhada histórica do “Messias”. Aproxima-se a “Hora”, o momento em que vai nascer – a partir do testemunho do amor total cumprido na cruz – o Homem Novo e a nova comunidade.
O contexto em que este trecho nos coloca é o de uma ceia, na qual Jesus Se despede dos discípulos e lhes deixa as últimas recomendações. Jesus acabou de lavar os pés aos discípulos (cf. Jo 13,1-20) e de anunciar à comunidade desconcertada a traição de um do grupo (cf. Jo 13,21-30); nesses quadros, está presente o seu amor (que se faz serviço simples e humilde no episódio da lavagem dos pés e que se faz amor que não julga, que não condena,  que não limita a liberdade  e que se dirige até ao inimigo mortal, na referência a Judas, o traidor). Em seguida, Jesus vai dirigir aos discípulos palavras de despedida; essas suas palavras – resumo coerente de uma vida feita de amor e partilha – soam a testamento final. Trata-se de um momento muito solene; é a altura em que não há tempo nem disposição para “conversa fiada”: aproxima-se o fim e é preciso  recordar  aos discípulos  aquilo  que é mesmo  fundamental  na proposta cristã.



MENSAGEM

O texto divide-se em duas partes. Na primeira parte (vers. 31-32), Jesus interpreta a saída  de  Judas,  que  acabou  de  deixar  a sala  onde  o grupo  está  reunido,  para  ir entregar  o  “mestre”  aos  seus  inimigos.  A  morte  é,  portanto,  uma  realidade  bem próxima… Jesus explica, na sequência, que a sua morte na cruz será a manifestação da sua glória e da glória do Pai. O termo "doxa" aqui utilizado traduz o hebraico
“kabod” que pode entender-se como “riqueza”, “esplendor”. A “riqueza”, o “esplendor” do Pai e de Jesus manifesta-se, portanto, no amor que se dá até ao extremo, até ao dom total. É que a “glória” do Pai e de Jesus não se manifesta no triunfo espectacular ou  na  violência  que  aniquila  os  maus,  mas  manifesta-se  na  vida  dada,  no  amor oferecido  até  ao  extremo.  A entrega  de  Jesus  na  cruz  vai  manifestar  a todos  os homens a lógica de Deus e mostrar a todos como Deus é: amor radical, que se faz dom até às últimas consequências.
Na segunda parte (vers. 33a.34-35) temos, então, a apresentação  do “mandamento novo”. Começa com a expressão “meus filhos” (vers. 33a) – o que nos coloca num quadro de solene emoção e nos leva ao “testamento” de um pai que, à beira da morte, transmite aos seus filhos a sua sabedoria de vida e aquilo que é verdadeiramente fundamental.
Qual  é,  portanto,  a   última  palavra  de  Jesus  aos  seus,  o  seu  ensinamento fundamental?
“Amai-vos uns aos outros. Como Eu vos amei, vós deveis também amar-vos uns aos outros”. O verbo “agapaô” (“amar”) aqui utilizado define, em João, o amor que faz dom de si, o amor até ao extremo, o amor que não guarda nada para si mas é entrega total e absoluta. O ponto de referência no amor é o próprio Jesus (“como Eu vos amei”); as duas  cenas  precedentes  (lavagem  dos  pés  aos  discípulos  e despedida  de  Judas) definem  a qualidade  desse  amor  que  Jesus  pede  aos  seus:  “amar”  consiste  em acolher, em pôr-se ao serviço dos outros, em dar-lhes dignidade e liberdade pelo amor (lavagem dos pés), e isso sem limites nem discriminação alguma, respeitando absolutamente a liberdade do outro (episódio de Judas). Jesus é a norma, não com palavras, mas com actos; mas agora traduz em palavras os seus actos precedentes, para que os discípulos tenham uma referência.
O amor (igual ao de Jesus) que os discípulos manifestam  entre si será visível para
todos  os  homens  (vers.  35).  Esse  será  o distintivo  da  comunidade  de  Jesus.  Os discípulos de Jesus não são os depositários de uma doutrina ou de uma ideologia, ou os observantes de leis, ou os fiéis cumpridores de ritos; mas são aqueles que, pelo amor que partilham, vão ser um sinal vivo do Deus que ama. Pelo amor, eles serão no mundo sinal do Pai.



ACTUALIZAÇÃO

Considerar, na reflexão da Palavra, as seguintes linhas:

♦  A proposta  cristã  resume-se  no  amor.  É o amor  que  nos  distingue,  que  nos identifica; quem não aceita o amor, não pode ter qualquer pretensão de integrar a comunidade de Jesus. O que é que está no centro da nossa experiência cristã? A nossa religião é a religião do amor, ou é a religião das leis, das exigências, dos ritos externos? Com que força nos impomos no mundo – a força do amor, ou a força da autoridade prepotente e dos privilégios?

♦  Falar de amor hoje pode ser equívoco… A palavra “amor” é, tantas vezes, usada para definir comportamentos egoístas, interesseiros, que usam o outro, que fazem mal, que limitam horizontes, que roubam a liberdade… Mas o amor de que Jesus fala  é o amor  que  acolhe,  que  se  faz  serviço,  que  respeita  a dignidade  e a liberdade do outro, que não discrimina nem marginaliza, que se faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais vida. É este o amor que vivemos e que partilhamos?

♦  Por um lado, a comunidade de Jesus tem de testemunhar, com gestos concretos, o amor de Deus; por outro, ela tem de demonstrar que a utopia é possível e que os homens podem ser irmãos. É esse o nosso testemunho de comunidade cristã ou religiosa?  Nos  nossos  comportamentos  e atitudes  uns  para  com  os  outros,  os homens descobrem  a presença do amor de Deus no mundo? Amamos mais do que  os  outros  e  interessamo-nos  mais  do  que  eles  pelos  pobres  e  pelos  que sofrem?





ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS
PARA O 5º DOMINGO DO TEMPO PASCAL
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)




1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana  anterior  ao 5º Domingo  do Tempo  Pascal,  procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente,  uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais,  numa comunidade  religiosa…  Aproveitar,  sobretudo,  a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

2. O ACOLHIMENTO FRATERNO.
Neste domingo, em que o Ressuscitado nos dá o mandamento novo, não seria uma boa ocasião, para aqueles que preparam a liturgia, de verem se a comunidade está suficientemente atenta ao acolhimento fraterno de todos e de cada um no seio da celebração? As maneiras de fazer podem ser diversas, mas a exigência é a mesma:
«Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».

3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

No final da primeira leitura:
Deus, Pai do teu novo Povo, nós Te bendizemos por toda a obra que cumpriste com Paulo e Barnabé. Através deles, abriste às nações pagãs, de quem descendemos, a porta da fé.
Nós  Te  pedimos  pelos  pastores  das  Igrejas,  a  fim  de  que  cheguem  a  designar
“anciãos” como guias em todas as tuas comunidades.

No final da segunda leitura:
Deus que estás sentado no trono e que fazes novas todas as coisas, Pai do teu Povo, nós Te louvamos pela nova Jerusalém, a tua morada no meio dos homens, que se realiza cada vez que Te rezamos.
Nós Te confiamos os nossos irmãos e irmãs que estão em provação: que chegue o dia em que Tu lhes enxugarás as lágrimas dos seus olhos dissipando toda a tristeza.

No final do Evangelho:
Guiados pelo teu Espírito, nós Te glorificamos, Pai, com o teu Filho Jesus. Nós Te bendizemos pela teu glória, que é a tua presença vivificante, e na qual Tu comunicas connosco pela Palavra e pelo Pão.


Nós Te pedimos: que o teu Espírito nos fortaleça, para que possamos viver segundo o mandamento novo que nos deste pela palavra e pela vida do teu Filho Jesus.

4. BILHETE DE EVANGELHO.
Antes de conhecer o abaixamento da sua Paixão e da sua morte, Jesus faz perceber aos seus discípulos o peso, a glória da sua vida. Ele passou fazendo o bem, só pregou o Amor, fez milagres por amor, deu o exemplo do amor dando-nos a maior prova. É tudo isso que tem peso aos olhos de Deus, tal é a sua glória. E já durante a última ceia, Ele anuncia  a sua ressurreição  predizendo  que proximamente  Ele não estará mais  entre  eles,  do mesmo  modo  como  está  no momento  em  que  lhes  fala,  mas tornar-Se-á presente através do amor que os seus discípulos terão uns para com os outros: que eles se amem como Ele os amou! Este amor será o sinal pelo qual serão reconhecidos como seus discípulos. Jesus não quer que tudo pare com a sua partida, serão os seus discípulos que O tornarão presente se se amarem como Ele os amou… se forem servos como Ele foi servo para lhes dar o exemplo… se refizerem os gestos e disserem as palavras da última ceia… Isto para fazer memória d’Ele, isto é, recordar- se, tornar presente, esperar o seu regresso… se eles O reconhecem, a Ele o Senhor, sob os traços do mais pequeno entre os irmãos. Jesus de Nazaré já não está entre nós, mas Cristo ressuscitado está bem no meio de nós, hoje. Há que reconhecê-l’O para O testemunhar pelo amor!

5. À ESCUTA DA PALAVRA.
“Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros”. Que bela novidade! Como se fosse Jesus a inventar o amor! Os homens e as mulheres não esperaram que Jesus viesse para saber um pouco o sentido da palavra “amor” e do verbo “amar”! Aliás, o mandamento  de “amar o seu próximo como a si mesmo” encontra-se já no Livro do Levítico. Então, como compreender esta “novidade”? O próprio Jesus dá-nos a chave: “Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros”. Só olhando Jesus saberemos como Ele nos amou. A sua própria vida é uma prática desta palavra. E isto vai para além daquilo que, humanamente, podemos fazer. Ele diz-nos para perdoar setenta vezes sete, isto é, sem colocar qualquer limite ao perdão. “Amai os vossos inimigos e rezai pelos vossos perseguidores”… “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”… São João escreve que “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim”, isto é, até à plenitude do amor cuja Fonte é o seu Pai. Sim, a maneira de Jesus nos amar ultrapassa a nossa maneira de amar. Neste sentido, o amor que Ele nos convida a viver entre nós é mesmo novo! Mas há mais! Porque as exigências  de  um  tal amor  podem  parecer  desmedidas,  fora  do  nosso  alcance,  e deixar-nos no desespero: nunca chegaremos aí! Ora, é preciso compreender bem o “como Eu vos amei”. Jesus não nos diz: “Eu amei-vos. Agora, desenrascai-vos, fazei esforço para Me imitar!” Ele diz-nos: “Como Eu, que vos amo e vos dou o amor infinito do Pai, deixai-vos amar, como uma criança que se deixa tomar nos braços da sua mãe e do seu pai. Vinde até Mim. Àquele que vem até Mim, não o abandonarei.  Então, poderei derramar sobre vós a força do próprio Amor que é Deus. Assim, encontrareis a força para ir para além das capacidades humanas, podereis, dia após dia, aprender a amar-vos como Eu vos amo”. Sim, Senhor, quero ir para junto de Ti, porque tens as palavras da vida eterna!

6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística III para a Assembleia com Crianças.



7. PALAVRA PARA O CAMINHO.
«Como Eu vos amei”. Exigência deste “como”… porque Jesus não fingiu amar-nos! No caminho desta semana, vou encontrar homens, mulheres, jovens, crianças…  Como vou  amá-los  “como  Jesus”?  Isto  é, sem  fingimentos,  gratuitamente,  sinceramente, dando-me a eles com o melhor de mim mesmo… A nossa vida de baptizados deve ser  sinal no meio da descrença e da indiferença do mundo. Segundo o amor que teremos uns para com os outros… todos verão que somos discípulos de Cristo!

Fonte http://www.dehonianos.org/