domingo, 19 de janeiro de 2014

Jesus reinterpreta a prática do jejum – 20.01.2014

O objeto da controvérsia é o jejum, seguido de dois ditados sapienciais sobre o velho e o novo. Jesus é interpelado sobre o comportamento dos seus discípulos, comparando-os com os discípulos de João e o dos fariseus. Em todo o Novo Testamento não temos nenhuma informação acerca do jejum praticado pelos discípulos de João; dos fariseus, é Lucas quem nos informa que eles jejuavam duas vezes por semana (cf. Lc 18,12). A Lei de Moisés prescrevia o jejum uma vez por ano, no dia do perdão dos pecados (Lv 16,19-30). Que jejum é objeto da controvérsia? Certamente, não se trata do jejum prescrito pela Lei, mas de uma prática ascética individual ou de grupos (cf. 2Sm 12,21; 1Rs 21,27) e que os fariseus impunham se estendesse como prática para todas as pessoas. A controvérsia é a ocasião de afirmar a centralidade de Cristo, o “noivo”. Agora, nessa nova etapa da história da salvação, é a ele que a prática do jejum se refere. Somente quando o noivo for tirado, alusão à morte de Jesus, é que será o tempo de jejuar. Os dois ditados sapienciais revelam a incompatibilidade entre o velho e o novo; mais precisamente, a rigidez farisaica na prática da Lei e a surpresa de Deus inaugurada na história da humanidade pela presença de Jesus; novidade essa que recoloca a Lei no centro da prática da misericórdia.


Carlos Alberto Contieri, sj

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