Trata-se da volta dos Doze da missão para a qual foram
enviados (cf. Mc 6,6b-12). A indeterminação do período de duração da missão
parece querer fazer parecer ao leitor que a missão se estende para além de
qualquer circunscrição histórica. Depois da partilha (v. 30), os discípulos são
convidados por Jesus a ir a um lugar distante para descansar. O “descanso”
permite ver que, em todo o bem feito, é Deus quem está na origem. O descanso é
dado para recordar o quanto o Senhor fez por seu povo. A proposta não pôde ser
levada a termo em razão do grande número de pessoas que procuram Jesus (cf. tb.
Mc 3,20) e do sentimento que move Jesus na realização de sua missão: a
“compaixão” (v. 34). A compaixão é um sentimento divino que faz agir em favor
das pessoas, socorrendo-as em suas necessidades; não se confunde com simples
pena ou dó, mas abre o coração para que a pessoa ofereça o melhor de si mesma
em favor dos demais. O abandono do povo por aqueles que deviam cuidar dele,
qual pastor cuida do seu rebanho, é a causa da compaixão de Jesus (cf. v. 34;
ver: Nm 27,17; 1Rs 22,17). O seu ensinamento orienta e congrega. Nosso texto
serve de introdução ao relato da “multiplicação dos pães” (vv. 35-44).
Carlos Alberto Contieri, sj
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