Na controvérsia sobre o puro e o impuro, Jesus dá um
princípio para que os discípulos compreendam que o mal, o que distorce e rompe
a harmonia da criação, desfigura o ser humano e o distancia de Deus, se
encontra no coração do próprio homem. Se o Levítico ordena separar o puro do
impuro (cf. Lv 10,10; 20,24b-25), Jesus parece abolir essa lei, observando que
se trata de tradição humana (cf. Mc 7,7.8.9). É com o coração, e não com as
mãos, que os discípulos devem se preocupar. O que importa é a pureza do
coração. O coração e os rins são para a Escritura a sede do saber e do
discernimento, a fonte de uma vida em conformidade ou não com a vontade de Deus.
É a pureza do coração, e não simples práticas externas, que revela o grau de
engajamento da pessoa em relação ao Reino de Deus. Considerar o mal como algo
exterior a si é, no mínimo, um modo de exprimir a incompreensão acerca da
realidade do próprio mal e de não assumir a responsabilidade ante as
consequências da inclinação enigmática e perversa do coração do ser humano.
Carlos Alberto Contieri, sj
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