Jesus aproveita o esquecimento e a discussão entre os
discípulos para repreendê-los por causa da incredulidade deles, pois não
obstante tudo o que têm ouvido e contemplado do que Jesus faz, não são capazes
de ir a fundo na mensagem contida no ensinamento de Jesus nem ver no que ele
faz – o texto faz referência às duas multiplicações dos pães – “sinais” que
remetem ao mistério de Deus que habita a vida de Jesus. O tom do relato é
áspero, expressão da indignação de Jesus acerca da atitude dos discípulos. Vê
na atitude deles o perigo de serem contaminados pelo apego desordenado às
tradições humanas (cf. Mc 7,1-23), à necessidade de ver um sinal do céu (cf. Mc
8,11) e ao poder pelo poder. Daí o alerta quanto ao cuidado em relação ao
“fermento dos fariseus e o de Herodes”. Em nosso caso se trata da influência
maléfica do ensinamento e da prática dos fariseus e do péssimo exemplo de
Herodes, que podiam contaminar a todos. Na tradição rabínica o fermento era,
ainda, metáfora do pecado e da corrupção. Em nosso texto, trata-se de não ser
seduzido pelo ensinamento e pela atitude representados por esses dois
elementos: fariseus e Herodes.
Carlos Alberto Contieri, sj
Nenhum comentário:
Postar um comentário