Situado na parte do evangelho segundo João denominada “livro
dos sinais” (Jo 1–11), o relato das bodas de Caná é o “primeiro dos sinais” (v.
11). No centro do relato está a pessoa de Jesus que, com toda a sua vida, terrestre
e gloriosa, inaugura os tempos messiânicos. Característica do relato das bodas
de Caná é que se trata de uma narração simbólica que exige do leitor o esforço
de ultrapassar a materialidade do que é descrito e dito. As bodas evocam a
Aliança de Deus com o seu povo (cf. Os 2,18-21; Ez 16,8; Is 62,3-5), Aliança
passada e reiterada ao longo da história decorrida (Noé, Abraão, Moisés) e a
Aliança nova e definitiva em Jesus (cf. Mc 14,22-25; Mt 26,26-29; Lc 22,19-20).
O vinho, símbolo da alegria e da prosperidade (Sl 104,15; Jz 9,13; Eclo
31,27-28; Zc 10,7), oferecido por Jesus é melhor do que o primeiro. Isso
significa que, em Jesus Cristo, a Aliança atingiu a sua plenitude. A mãe de
Jesus, que ele mesmo no relato designa “mulher”, é símbolo de Israel que espera,
confia e vê realizada a promessa de salvação feita por Deus a seu povo.
Carlos Alberto Contieri, sj
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