A brevidade da cena e do diálogo mostra a decisão deliberada
e firme de Jesus de não ceder a nenhum tipo de tentação que possa desviá-lo de
sua missão. O nosso texto é a prova de que as tentações de Jesus não fizeram
parte de um único momento da sua vida (Mc 1,12-13; Mt 4,1-11; Lc 4,1-13), mas
se estenderam por toda a sua existência terrestre. O trecho ajuda o leitor a
compreender que as tentações se dão no exercício e em relação à missão e à
filiação divina de Jesus. Ele se recusa a fazer qualquer gesto sem motivo e a
seu favor, somente para ganhar reconhecimento e aplausos; rejeita toda proposta
que o desvie do caminho de um messianismo profundamente marcado pela humildade
e pelo serviço. A adesão à pessoa de Jesus não pode se dar através de gestos
espetaculares, de um sinal vindo do céu, mas através de uma decisão livre.
Nossa perícope está situada imediatamente depois do segundo relato da
“multiplicação dos pães”. O sinal sobre o qual se baseia a adesão livre a Jesus
é a sua vida entregue, para que todo o povo não desfaleça pelo caminho (cf. Mc
8,3).
Carlos Alberto Contieri, sj
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