O texto não o diz explicitamente, mas, certamente, é para
Nazaré que Jesus foi. Jesus é um judeu praticante, piedoso. É o que o evangelho
nos dá a entender, quando diz que num dia de sábado ele foi à sinagoga para
escutar a Palavra de Deus, meditá-la, ouvir comentários sobre os textos e, por
vezes, ele mesmo, comentá-la. O que propriamente Jesus ensinava, Marcos não nos
diz. O certo é que o seu ensinamento causava admiração, porque certamente fazia
sentido e porque ele ensinava como quem tem autoridade (cf. Mc 1,21-22.27). Não
obstante a admiração, vêm a resistência, a dúvida, a incredulidade. De onde vem
a falta de fé? Em primeiro lugar, da estreiteza de visão de que alguém do
convívio deles, como eles, pudesse ter tal sabedoria e realizar tais atos de
poder, como Jesus o fazia. Em segundo lugar, do fechamento à surpresa de Deus,
o qual impede ultrapassar fronteiras e reconhecer nas palavras e gestos de
Jesus os sinais que remetem à vida de Deus que o habita. É por essa
incredulidade que Jesus não pode fazer nada ali. Se os concidadãos de Jesus se
perguntam sobre a identidade dele, eles nada respondem. A falta de humildade
cega. Apesar da incredulidade dos de sua própria pátria, Jesus leva adiante a
sua missão.
Carlos Alberto Contieri, sj
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