Jesus não conseguia ficar escondido, pois a luz brilha para
iluminar toda a “casa” (cf. Mc 4,21-22). Depois da controvérsia sobre o puro e
o impuro, Jesus vai para uma região pagã. O que foi dito na controvérsia (Mc
7,1-23) pode ser verificado na prática e ampliado: não há lugar nem pessoa a
quem não seja oferecida a salvação. Jesus rompe a barreira da impureza. Nem a
missão de Jesus nem a salvação que ele oferece como dom têm como destinatários
exclusivos os “filhos” (v. 27), Israel; pertencem também aos “cachorrinhos”,
uma forma de designar os pagãos. Todo nosso relato está centrado no diálogo de
Jesus com a mulher. Na sua resposta a Jesus, aquela mulher siro-fenícia mostra
a sua fé, chamando Jesus de Kyrios, “Senhor”. Com essa invocação os cristãos se
dirigiam ao Cristo ressuscitado. A palavra da mulher e os seus gestos
demonstram a confiança em Jesus e a convicção de que nele e somente por meio
dele é que o mal que aprisiona a sua filha pode ser vencido. Se o mal está
presente em todos os lugares, a vitória do Senhor sobre ele não tem fronteiras.
Carlos Alberto Contieri, sj
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