Quando do chamado dos Doze sobre o monte (Mc 3,13-19), o
autor do evangelho já informou ao ouvinte e/ou leitor que a vocação dos
discípulos tem um duplo aspecto: acompanhar Jesus e disponibilidade para serem
enviados em missão. O texto do evangelho de hoje é o relato do envio em missão
dos Doze. A pregação deles, como a de Jesus (cf. Mc 1,15) e a de João Batista
(cf. Mc 1,4), é um apelo à conversão. Há uma longa tradição bíblica
perpassando, de algum modo, todos os textos da Escritura, que interpela o povo
a uma profunda e verdadeira conversão, condição para viver fielmente a Aliança
e para reconhecer o tempo da visita salvífica de Deus em Jesus Cristo. O poder
que eles detêm é o poder do Senhor (cf. Mc 1,21-28). Nas recomendações para a
missão estão as exigências que associam os discípulos a Jesus e os identificam
com ele: para a missão, só o necessário para a mobilidade e a disponibilidade
(cf. Ex 12,11); é necessário desapego, pois a confiança não pode estar nos
meios, mas no próprio Senhor que os envia, e também é preciso contar com a
rejeição. Dito de outra maneira, as pessoas devem ver realizado nos discípulos
o que eles anunciam. O relato tem um forte apelo eclesial: a missão da Igreja
está fundamentada num mandato do Senhor.
Carlos Alberto Contieri, sj
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