quinta-feira, 25 de setembro de 2014

S. Vicente de Paulo - 27.09.2014



27 Setembro

S. Vicente de Paulo nasceu em Pouy, no sudoeste da França, em 1581. A sua família, modesta mas crente, orientou-o para o sacerdócio. Ordenado sacerdote em 1600, andou cerca de dez anos à procura de si mesmo e da sua missão na Igreja. Tendo falhado diversos projetos seus, acabou por descobrir o sacerdócio como serviço e os pobres como compromisso de vida. Reuniu grupos de leigos para o serviço dos pobres, reuniu sacerdotes e irmãos para a evangelização dos pobres e dos camponeses (Congregação da Missão), reuniu raparigas para servir e evangelizar os pobres e excluídos (Filhas da Caridade). A vida de S. Vicente de Paulo reflete a chama do amor a Deus e ao próximo, que nele ardia. Orientou a sua vida e a sua ação para o serviço dos pobres e humildes. Faleceu a 27 de Setembro de 1660, em S. Lázaro, perto de Paris.



Lectio


Primeira leitura: 1 Coríntios 1, 26-31

Irmãos: Considerai, quem sois vós, os que Deus chamou: humanamente falando, não há entre vós muitos sábios, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. 27Mas o que há de louco no mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte. 28O que o mundo considera vil e desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada aqueles que são alguma coisa. 29Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus. 30É por Ele que vós estais em Cristo Jesus, que se tornou para nós sabedoria que vem de Deus, justiça, santificação e redenção, 31a fim de que, como diz a Escritura, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.

Os judeus pedem “milagres” e boicotam a evangelização com o pretexto de que Deus não precisa dela para se manifestar: bastam os sinais prodígiosos que pode realizar (cf. 1 Cor 1, 22). Os pagãos – gregos – pedem “sabedoria”, exigindo que o cristianismo se apresente como uma filosofia capaz de competir dignamente com a tradição dos seus sábios (idem). Mas os cristãos só têm para apresentar: “um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (v. 23). “Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder e sabedoria de Deus.” (v. 24). A esta pregação correspondem, não os “grandes” deste mundo, - os sábios e os poderosos -, mas os pequenos e fracos, - os escravos, os taverneiros, as prostitutas e os trabalhadores portuários de Corinto. Acolhem o Evangelho, não os que seguindo a lógica mundana, andam à procura do poder e se gloriam nas suasobras, mas aqueles que aceitam a lógica da cruz. Ao cristão compete escolher com quem estar.


            Evangelho: Da féria (ou do Comum)



Meditatio

A primeira leitura é um claro convite à conversão, isto é, à mudança de mentalidade, de espírito e de coração, das nossas ideias sobre Deus.
É certo que Deus é rico, omnipotente e glorioso, mas não segundo os nossos conceitos de riqueza, poder e glória, que fazem d´Ele um ídolo que pretendemos ter sempre ao nosso serviço, para satisfazer as nossas carências. A nossa relação com Deus, muitas vezes, anda errada. Queremos d´Ele o que nos apraz, o que vem ao encontro dos nossos interesses humanos. Ao contrário, para encontrar Deus, não havemos de fixar o olhar, a mente e o coração no alto, nas nossas ideias sobre riqueza, sobre poder e sobre glória, mas fixá-los em baixo, isto é, em Cristo Crucificado, nos pobres, nos fracos e nos humildes. Então encontraremos a riqueza divina, completamente diferente das nossas ideias humanas sobre força; encontraremos a glória, que é bem diferente da nossa ideia de glória. Encontraremos Deus rico de misericórdia, de amor e de humildade, que se inclina sobre a humanidade para cuidar dos miseráveis, dos deserdados deste mundo, de quem não tem quem cuide deles.
S. Vicente de Paulo, ordenado sacerdote, andou dez anos à procura de si mesmo e de uma conveniente orientação e organização da sua vida e do seu ministério. Até ajudava os pobres com esmolas, mas não fazia verdadeira caridade. Depois mudou de atitude interior. Sentiu-se pessoalmente envolvido com aqueles em quem notava fome da Palavra e do Pão. Mais de procurar a si mesmo, devia procurar os outros. Não devia manter-se num frenesim ativista. Não devia pretender ser protagonista da caridade. Mais do que fazer, era precisar levar os outros a fazer. Ensinou a Igreja do seu tempo a ser Igreja dos pobres. Repetia: “Não chega amar a Deus se o meu próximo O não ama”. E ofereceu um precioso critério de serviço: “Os pobres são os nossos patrões e senhores… No paraíso são grandes senhores e compete-lhes abrir a porta para nós entrarmos”. Por isso, “não podemos garantir melhor a nossa felicidade eterna do que vivendo e morrendo ao serviço dos pobres, nos braços da Providência”.
Assim S. Vicente descobriu a sua identidade e a sua missão, como homem, como cristão, como sacerdote.
“É na disponibilidade e no amor para com todos, especialmente para com os pequenos e os que sofrem, que viveremos a nossa união a Cristo” (Cst 18). É também aí que podemos encontrar a Deus e sentido para a nossa vida.

Oratio

S. Vicente de Paulo,
grande foi o vosso interesse pelos pobres.
Bendito sejais!
Grande santo,
ensinai-me a piedade,
o amor a Nosso Senhor,
a caridade pelos pobres.
Ámen. (cf. Leão Dehon OSP 4, p. 72).


Contemplatio

Falar da caridade de S. Vicente de Paulo é um lugar-comum. Ele foi o rei da caridade nestes últimos séculos, e a Igreja declarou-o patrono de todas as obras de caridade. Fundou as Irmãs da caridade, isso bastaria para o caracterizar. E este instituto tornou-se um modelo que muitos outros imitaram. Desde que visse uma miséria ou um sofrimento, era necessário que lhe levasse remédio; e se se tratasse de uma miséria habitual e espalhada procurava fundar um instituto ou uma obra que se dedicasse a socorrer este infortúnio. Os órfãos, as meninas abandonadas, os condenados às galés, os filhos dos camponeses atraíram uns atrás dos outros a sua solicitude. O seu coração transbordava de misericórdia. A Providência quis que este coração fosse honrado na primacial de Lyon, como uma fonte de caridade e uma cópia do Coração de Jesus. Todas as obras de hoje parecem ainda sair deste coração. As conferências de S. Vicente de Paulo não foram o ponto de partida de todo o movimento social cristão, que é uma nova expansão da caridade de Cristo? Amemos Nosso Senhor e o nosso próximo, e a Providência servir-se-á de nós para fundar obras ou desenvolvê-las. (Leão Dehon, OSP 4, p. 73).


Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
“Vivemos do património de Jesus Cristo
e do suor dos pobres” (S. Vicente de Paulo).


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S. Vicente de Paulo (27 Setembro)

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