A contar pelo contexto literário, os textos anteriores ao
nosso nos permitem ter o pano de fundo a partir do qual é feita a acusação
pelos escribas oriundos de Jerusalém de que o espírito de Belzebu é o que movia
Jesus. O modo como Jesus interpretava e punha em prática a Lei de Moisés não só
gerava crise como fazia desmoronar o sistema de pureza e a prática da Lei
pautada por um rigorismo tal que, mais adiante em nosso relato, Jesus dirá ser
“tradição humana” (cf. Mc 7,8.13), que deixa de lado o “mandamento de Deus”. Os
escribas e com eles os fariseus, entre outros, se sentiam ameaçados em seu modo
de praticar a religião. A esclerocardia deles (cf. Mc 3,5) os impedia de
questionarem o seu próprio modo de viver a religião. Julgando-se justos por
essa prática da Lei, todos os demais para eles estavam equivocados. Daí a
crítica intempestiva e contraditória a Jesus. O ouvinte e/ou leitor do
evangelho que passou pela notícia do Batismo de Jesus (cf. Mc 1,9-11), sabe que
ele é revestido do Espírito Santo. E por isso não pode admitir, a não ser como
absurda, a acusação dos escribas. Ninguém podia fazer o bem que Jesus fazia se
Deus não estivesse com ele (cf. Jo 9,33). A blasfêmia contra o Espírito Santo é
fechamento à graça de Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
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