Nossa perícope é a sequência do episódio dos pães (cf. Mc
6,45) e a ele se relaciona (cf. Mc 6,52). O mar da Galileia é, na verdade, um
grande lago. O fenômeno de ventos que agitam as águas do lago, provocando como
que ondas, é comum. Para o imaginário do homem bíblico, o mar é símbolo do mal
e da morte. Recolhido em sua oração, Jesus vê a dificuldade da travessia em
razão do vento contrário. Para a surpresa dos discípulos, Jesus vai ao encontro
deles, caminhando sobre as águas. O Senhor não é alheio às dificuldades da vida
humana. O novo Pastor de Israel é aquele que, como Deus, tem o poder sobre o
mal e a morte [cf. Sl 89(88)]. Diante dele o mal não triunfa e a agitação e o
medo são vencidos por uma Palavra e uma presença que transforma: “Coragem, sou
eu!”. A sua presença e a sua palavra dão a verdadeira visão. A dureza do
coração, no entanto, impede de reconhecer no episódio dos pães a força e o
sustento para viver com fé o tempo da adversidade e da ameaça do mal, pondo a
confiança somente naquele que venceu o mal e a morte.
Carlos Alberto Contieri, sj
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