A lepra era considerada uma desgraça, castigo de Deus em
razão da infidelidade à Aliança. O leproso era excluído do convívio da
comunidade (Nm 12,9-16; cf. Lv 13–14). Somente Deus poderia purificar alguém da
lepra. O gesto do leproso caindo por terra, confiado no poder de Jesus de
purificá-lo, é reconhecimento da divindade de Jesus. Jesus toca com sua mão no
leproso; o Espírito Santo que habita nele (cf. Lc 3,22; 4,18), Espírito puro,
santificador, é o que purifica ou, semelhantemente, o que perdoando liberta da
enfermidade. A atitude de Jesus de ouvir, acolher e purificar o leproso corrige
a distorção da imagem, histórica e culturalmente plasmada no imaginário judeu,
de que Deus pune e castiga. Ora, Deus “não nos trata segundo as nossas faltas”.
Ao sacerdote cabia constatar a purificação e reintegrar a pessoa à comunidade.
Ao mandato de ir mostrar-se ao sacerdote, é expressa a motivação: “isto lhes
servirá de testemunho”, isto é, será um sinal de que em Jesus habita a
plenitude de Deus. Se a fama de Jesus se espalha, ele resiste à tentação do
sucesso fácil e se refugia e se entrega à oração, lugar onde o sentido de sua
missão é cultivado.
Carlos Alberto Contieri, sj
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