É o terceiro relato de vocação no evangelho segundo Marcos
(1,16-20; 2,13-14). Todos eles têm em comum o fato de que o chamado dos Doze é iniciativa
de Jesus; são chamados, em primeiro lugar, para acompanharem (seguirem) Jesus
e, em seguida, serem enviados por ele. A montanha, sem localização precisa, é,
aqui, a “montanha de Deus” (cf. Ex 19,1ss), lugar da revelação de Deus e de
seus desígnios. “Doze” evoca as doze tribos de Israel. Com isso Jesus,
constituindo os Doze como apóstolos, visa todo o povo escolhido por Deus; a
missão dos apóstolos está relacionada com a vocação do povo eleito de Deus. Ao
mesmo tempo, a eleição dos Doze aponta para a perspectiva do novo povo de Deus,
constituído não pela descendência do sangue, mas pela adesão à pessoa de Jesus.
Os Doze partilham da vida do seu Mestre e, para a sua missão, recebem dele o
poder de expulsar demônios. Essa expressão “expulsar demônios” equivale a
“farei de vós pescadores de homens” (Mc 1,17). Efetivamente, é o mal que
desfigura no ser humano a imagem de Deus e impede de acolher o Reino de Deus,
já presente em Jesus, como dom; é o mal que impede o ser humano de ceder à
atração de Deus. É ainda o mal que, enigmaticamente, habita o coração do homem
feito à imagem e semelhança de Deus, escraviza o ser humano e o faz prisioneiro
de suas próprias afeições desordenadas.
Carlos Alberto Contieri, sj
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