Entre a primeira e a segunda controvérsia, está o relato do
chamado de Levi (vv. 13-14), que serve de introdução ao episódio da refeição de
Jesus com os pecadores e publicanos. Um mestre que chama um pecador público,
como eram considerados os publicanos, é algo desconcertante. Como para as duas
duplas de irmãos, Levi é chamado à beira do mar da Galileia, palco de grande
parte da atividade de Jesus. Mas por que chamar um pecador e, mais
especificamente, um publicano, a serviço do império romano? Porque ele quis
(cf. Mc 3,13). A refeição na casa de Levi, cuja mesa é partilhada com outros
publicanos e pecadores, pode ser considerada como uma festa pelo encontro com o
Senhor que acolhe a todos, e como despedida do filho de Alfeu de sua vida anterior.
A acolhida que Jesus dá aos pecadores, entrando na casa deles e partilhando a
mesa com eles, faz entrar em crise um sistema de pureza que exclui as pessoas.
Ao contrário, o modo de proceder de Jesus está enraizado na misericórdia que
inclui e aproxima as pessoas de Deus. Jesus, assim como Deus no Antigo
Testamento, se apresenta como o médico que cuida do ser humano afetado e ferido
pelo pecado (v. 17; cf. Ex 15,26; Dt 32,39). O que fecha a ferida aberta pelo
mal é a misericórdia de Deus, manifestada no seu Filho único. O nosso relato é
a ocasião em que Jesus define sua missão (v. 17; cf. Lc 19,10).
Carlos Alberto Contieri, sj
Nenhum comentário:
Postar um comentário