Há no evangelho segundo João uma verdadeira cadeia de
testemunhos em que um personagem remete a outro e todos apontam para Jesus.
João Batista é parte dessa cadeia e está na origem da série de testemunhos que
conduzem a Jesus. É bastante provável que o nosso evangelho de hoje retenha uma
confusão presente no início da era apostólica, posição defendida pelos
seguidores do Batista: se João não seria o Messias. A João é dada a palavra
para dizer explicitamente que ele não é o Messias. Ele é o precursor, a “voz” a
quem é atribuída a profecia de Isaías, remanejada pelo redator do evangelho, e
que encontramos também nos evangelhos sinóticos: “uma voz proclama: no deserto,
abri um caminho para o Senhor…” (Is 40,3; Jo 1,23). João é submetido a um
interrogatório, que tem uma dupla função: a) esclarecimento: João não é o
Messias; b) informação histórica: o movimento começado por João teria alcançado
tal notoriedade, a ponto de preocupar as autoridades judias. A missão de João
Batista tem sentido enquanto referida ao Cristo, Cordeiro de Deus, presente no
meio do seu povo.
Carlos Alberto Contieri,sj
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