No último dia 11, já apontamos a gravidade religiosa da
lepra e como ela era tratada pelo sistema judaico de pureza.
Se no texto paralelo ao de hoje, a saber, Lc 5,12-16, é o
narrador quem diz da recomendação de Jesus de que o homem purificado não
dissesse nada a ninguém, em Marcos é o próprio Jesus quem toma a palavra:
"Não contes nada a ninguém.". Com isso estamos diante de uma das
características do segundo evangelho: o "segredo messiânico". Esse recurso
teológico-literário tem uma dupla finalidade: a) permitir que o ouvinte ou
leitor do evangelho responda, ele mesmo, à pergunta central do evangelho
segundo Marcos: "quem é Jesus?"; resposta que só pode ser dada ao fim
da narração evangélica; b) não identificar Jesus com qualquer corrente
messiânica do seu tempo, mas manter o ouvinte aberto à novidade de Jesus
Cristo. Não obstante a recomendação, a fama de Jesus se espalha. Ele não é o
promotor de sua fama, ao contrário, "ficava fora, em lugares desertos, mas
de toda parte vinham a ele".
Carlos Alberto Contieri, sj
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