Depois de uma série de ensinamentos em parábolas (Mc
4,1-34), Jesus faz com os seus discípulos uma nova travessia “para a outra
margem”, trajeto que parece habitual para eles. Se não todos, a maioria dos
seus discípulos conhecia muito bem o mar da Galileia, habituados a ter esse lugar
como local de trabalho. Situado a 210 metros abaixo do nível do mar, o fenômeno
de ventos que agitam as águas e provocam como que ondas, é conhecido. A força
dos ventos, a agitação das águas que invadem o barco, o desespero e o medo dos
discípulos contrastam com a tranquilidade de Jesus, que dorme. Ao ser acordado
pelos discípulos, põe-se em pé e, com a palavra determinada, a mesma dirigida
aos demônios (cf. Mc 1,25), domina a fúria do vento e do mar. No Antigo
Testamento, é Deus quem acalma a fúria das ondas e conduz os seus ao porto
seguro (cf. Sl 107,29). O texto é a ocasião para proclamar a divindade e a
vitória de Cristo sobre o mal. Para o discípulo, o texto é um apelo à
confiança, a não se deixar dominar pelo medo. No tempo da angústia e da aflição,
é a fé no Senhor que permanece conosco e deve nos dominar e conduzir (cf. Sl
107,25-30).
Carlos Alberto Contieri, sj
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