Trata-se da última disputa nessa seção denominada de
“controvérsias galileanas”. Uma vez mais, o objeto da controvérsia é o descanso
sabático. Os opositores de Jesus estão sempre à espreita com intuito de pegá-lo
e eliminá-lo (cf. 3,1.6). Efetivamente, a compreensão e a prática da Lei por
parte de Jesus são tão desconcertantes que, para uma mentalidade da estrita
observância da Lei, só há a certeza de que o outro está “fora da lei” e
blasfema. Para um homem de fé, instruído na Lei, a alternativa vida ou morte
não é sequer razoável (cf. Mc 3,4); ela contradiz a Lei cuja finalidade última
é preservar o dom da vida e da liberdade. O silêncio dos opositores de Jesus
diante da pergunta leva o narrador do evangelho a concluir que a resistência
deles se devia à esclerocardia (= “dureza de coração” – v. 5). Esse fechamento
extremo impede de reconhecer o tempo messiânico (cf. Is 35,3ss). O autor do
evangelho antecipa o motivo da condenação e morte de Jesus (cf. Mc 3,6). Essa
antecipação fez com que muitos comentaristas considerassem o evangelho de
Marcos como um grande relato da paixão e morte do Senhor.
Carlos Alberto Contieri, sj
Nenhum comentário:
Postar um comentário