Com a solenidade da Epifania do Senhor, encerramos o ciclo
do Advento-Natal. Epifania é uma palavra de origem grega que significa, grosso
modo, “o que aparece”, “manifestação”. Na antiguidade cristã, no Oriente,
provavelmente em Alexandria, era a festa do nascimento de Jesus, celebrada no
dia 6 de janeiro, festa à qual se associou a festa do Batismo do Senhor.
O que era uma promessa feita no século VI a.C., de que todos
os povos seriam atraídos para a Luz (cf. Is 60,3), torna-se realidade com o
nascimento de Jesus Cristo. No Ocidente, a partir de uma forte devoção
desenvolvida na Idade Média, a Epifania passou a ser a “festa dos reis magos”,
motivando a origem da festa popular denominada de “folia de reis”.
Os magos são atraídos e conduzidos por sua estrela. A
solenidade da epifania, associada à visita dos magos do Oriente ao
recém-nascido, Jesus de Nazaré, é a festa da universalidade da salvação de
Deus. Desde todo o sempre, o Deus criador de todas as coisas quis atrair a si
todas as pessoas. O texto deste domingo, do profeta Isaías, é só um exemplo,
entre tantos outros. Com o nascimento daquele que é “o Sol de Justiça”,
plenitude e razão de toda a criação, Deus reúne em torno do seu Filho único todos
os povos. Em Jesus, o Senhor desperta nos povos o desejo de Deus. É essa
realidade que São Paulo afirma na carta aos Efésios: “os pagãos são admitidos à
salvação […], são beneficiários da mesma promessa” (Ef 2,6). Os “magos” são
astrólogos ou astrônomos que viam nos movimentos das estrelas o sinal de um
acontecimento importante. A evocação de Nm 24,17 é evidente na menção da
estrela seguida pelos magos. O astro ilumina, orienta, está presente em todos
os lugares e dá uma intensa alegria; alegria dada aos pastores, quando do
anúncio do nascimento de Jesus pelos anjos (cf. Lc 2,10). Olhando para a
estrela, chega-se a Deus feito homem. A inclinação diante do menino é o ato de
reconhecimento e submissão ao rei, não somente dos judeus, mas de toda a terra.
Os presentes oferecidos são a confissão da fé de todos os povos na divindade,
na realeza e no sacerdócio do Verbo que assumiu a nossa humanidade. Com São
Leão Magno podemos dizer: “instruídos nestes mistérios da graça divina,
celebremos com alegria o dia das nossas primícias e o princípio da vocação dos
gentios à fé e à salvação”.
Carlos Alberto Contieri,sj
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