O início do ministério de Jesus está em continuidade com a
pregação de João Batista: é um apelo à conversão. De que se trata quando se
fala de conversão? A conversão é crer no Evangelho; é fé na pessoa de Jesus
Cristo, ele que é a Boa-Notícia de Deus para a humanidade; é fé na palavra de
Jesus, que é portadora de um sopro que faz viver. Sem essa confiança não é
possível reconhecer a vida e a vinda do Verbo de Deus como dom, nem acolhê-lo.
Em seguida, temos um relato típico de vocação, baseado em 1Rs 19,19-21. O chamado
dos quatro primeiros discípulos por Jesus é precedido pelo “olhar” de Jesus.
Não há nada de imediatismo, nem de precipitação. É olhar que supõe
consideração, conhecimento que ultrapassa a aparência; é uma ação que leva em
consideração a dilatação do tempo. Se o chamado é feito sucessivamente às duas
duplas de irmãos, ele deve ser considerado na sua unidade como exigência para o
seguimento de Jesus: desapego tanto dos laços afetivos pessoais como das
coisas. Sem essa liberdade não é possível viver a vida de Cristo. Note-se que
se o chamado é feito utilizando-se de um advérbio que supõe o presente e a
urgência da resposta, a missão é dada utilizando a forma verbal no futuro. É
possível considerar que entre o chamado e o exercício da missão há o discipulado,
isto é, o tempo em que se aprende a ser como o Mestre (cf. Mt 10,25).
Carlos Alberto Contieri, sj
Nenhum comentário:
Postar um comentário