Encerrada a missão de João Batista, começa a missão de
Jesus. É como se a história da salvação fosse dividida em dois períodos (cf. Lc
16,16). Ao texto de Marcos (Mc 1,14-15.16-20), Mateus acrescenta Is 8,3–9,1. A
Galileia é iluminada pela presença de Jesus. A citação do trecho do livro do
profeta Isaías, que inclusive temos como primeira leitura, no interior do texto
de Mateus serve para indicar que a profecia de Isaías é realizada. Em Jesus, a
promessa de Deus se realiza, não é preciso esperar mais (cf. Mt 4,17). O texto
de Isaías é uma profecia messiânica. O ponto culminante do texto encontra-se
num versículo mais adiante do trecho que nos é proposto, a saber, em 9,5, que
anuncia o nascimento de um menino que é um dom de Deus e garantia da
continuidade da dinastia davídica. Se a guerra cessou, se a luz brilhou e
iluminou todo o povo oprimido, se foi devolvida a esperança e a alegria, é
porque esse menino nasceu; a ele se atribui os títulos: “Conselheiro
Admirável”, “Deus Forte”, “Chefe Perpétuo”, “Príncipe da Paz” (Is 9,5). A
comunidade cristã que relê a Escritura à luz da Páscoa de Jesus Cristo
reconhece nesse texto a profecia que diz respeito ao próprio Jesus. Nele eles
identificam os atributos conferidos ao menino de Is 9,5.
O início do ministério público de Jesus está em continuidade
com a pregação e o Batismo de João: trata-se de um apelo à conversão (cf. Mt
3,2; 4,17). A conversão é necessária para poder reconhecer e acolher o Reino de
Deus como dom e que já se faz presente na pessoa de Jesus. No início de sua
vida pública, Jesus associa a si um grupo que ele chama por sua própria
iniciativa. A tarefa é dupla: acompanhar Jesus onde quer que ele vá e aceitar
participar da missão de Jesus de arrancar as pessoas do mal (cf. Mt 4,19). A
pronta resposta das duas duplas de irmãos revela, por um lado, o poder de
atração de Jesus e, por outro, a necessidade de uma resposta sem demora. Para
seguir o Senhor é preciso desapego, não permitir que os laços afetivos nem o
apego às coisas impeçam de segui-lo incondicionalmente.
Carlos Alberto Contieri, sj
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