Os doze primeiros versículos do capítulo 5 de Mateus são
conhecidos como “bem-aventuranças”. O gênero literário das bem-aventuranças é
bastante atestado no Antigo Testamento, sobretudo, na literatura sapiencial. Um
exemplo disso é o Salmo 1. O ensinamento de Jesus não é somente para os
discípulos, mas também para a multidão. Viver a e na esperança é a condição dos
discípulos neste mundo. As bem-aventuranças visam incutir nos discípulos e na
multidão essa virtude que é consequência da fé em Deus. A primeira bem-aventurança,
poderíamos dizer, é o fundamento de todas as demais. O Espírito que há no ser
humano, ele o recebeu de Deus; é o espírito insuflado nas narinas de Adão por
Deus e que o chamou à existência (Gn 2,7). A pobreza de espírito deve ser
compreendida em relação a Deus: a vida é recebida de Deus e, diante dele, o ser
humano está desnudo. Viver essa realidade é assumi-la com um coração puro. A
partir daqui, pode-se compreender que as bem-aventuranças são um apelo aos
discípulos a viverem a vida referida a Deus e na confiança nele. Tudo passa e é
efêmero; só Deus não passa.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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