Ao celebrarmos a festa de São Pedro e São Paulo, celebramos
a festa do que a Igreja é: Corpo de Cristo, testemunha de Jesus Cristo (At
1,8), testemunha da vitória de Cristo sobre o mal e todas as suas manifestações
e sobre a morte. Ao celebrarmos num mesmo dia a festa desses dois mártires, tão
diferentes entre si mas unidos pelo mesmo amor à pessoa de Jesus, amor que os
levou a entregar as próprias vidas, celebramos a diversidade da Igreja e o desafio
de construir a comunhão eclesial. Um e outro puderam experimentar uma profunda
e radical transformação em suas vidas. Pedro foi encontrado pelo Senhor às
margens do Mar da Galileia, enquanto com seu irmão André lavava as redes,
depois de uma noite de pesca. A partir desse primeiro encontro, teve início um
longo caminho de transformação radical da vida, que o levou a essa magnífica
expressão de adesão radical a Jesus: “… Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu
te amo” (Jo 21,17). Paulo, de perseguidor implacável da Igreja de Cristo, foi
iluminado pelo Senhor no caminho de Damasco. Essa iluminação, num primeiro
momento, o cegou para fazê-lo compreender que todo o passado dele sem Cristo
era uma grande cegueira. A luz que surpreendeu Paulo o cegou para dar a ele uma
nova luz, a luz do Cristo ressuscitado, a iluminação que é dada como fruto da
fé no Senhor, vencedor do mal e da morte.
A fé da Igreja está apoiada na rocha da fé de Pedro e no
testemunho daqueles que com Pedro foram testemunhas oculares de tudo o que
Jesus fez e ensinou. Pela fé a Igreja é revestida da luz do Cristo ressuscitado
e, pela graça do mesmo Cristo, é herdeira de sua vitória (cf. Ap 12,1-6). Deles
e de todos os que viveram o tesouro da fé a ponto de darem suas vidas, pode-se
dizer que nada foi capaz de separá-los do amor de Cristo (Rm 8,35-37). Por
razões diferentes, a Igreja de todos os tempos sempre foi perseguida e
ameaçada. Sempre tivemos mártires. O nosso tempo, nesse aspecto, não faz
exceção. Atrás do discurso da tolerância religiosa, esconde-se uma verdadeira
rejeição aos valores verdadeiramente cristãos. Que Deus nos dê a graça e a
força do Ressuscitado para que, apoiados na fé dos Apóstolos, possamos, não
obstante o mundo que nos cerca, dar o verdadeiro testemunho de Cristo.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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