“Justiça”, aqui, é o modo de agir em conformidade com os
mandamentos de Deus. Qual é o agir diferenciado exigido dos discípulos que
permite entrar no Reino de Deus? Qual é a justiça maior que a dos escribas e
fariseus? Essa “justiça maior” é formulada em seis antíteses” (vv. 21-26;
27-30; 31-32; 33-37; 38-42; 43-47). A primeira antítese, que diz respeito ao
nosso texto de hoje, é um modo de retomar e explicitar a bem-aventurança da
mansidão (5,4). A lei diz muito mais do que não matar. É preciso ver nesse
mandamento, que preserva a vida do semelhante, a proibição de utilizar títulos
ofensivos contra o irmão. Daí que para essa primeira antítese não se trata
somente da interdição do homicídio ou fratricídio (Ex 20,3; Dt 5,7), mas de
toda ofensa moral contra o irmão explicitada pela tríade: raiva, imbecil e
louco. As duas sentenças sobre a reconciliação exprimem a atitude requerida dos
discípulos e de toda comunidade cristã. O que é requerido de quem vai
apresentar a oferta a Deus é a consciência do mal cometido contra alguém ou,
então, do mal cometido por alguém contra ele. Num e noutro caso, a atitude
requerida é a disposição para a reconciliação. A comunidade cristã é uma
comunidade de reconciliados.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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