A festa da Santíssima Trindade é, depois do ciclo
Quaresma-Páscoa, a primeira festa na retomada do Tempo Comum. O termo
“trindade” não aparece no Novo Testamento; é fruto da abstração típica da
teologia que busca compreender o conteúdo próprio da fé cristã. O que Deus é,
ele nos deu a conhecer ao longo de toda a história vivida como o lugar da
manifestação da salvação de Deus. O conhecimento de Deus só possível através da
revelação, só é possível se Deus se mostra. Para a tradição bíblica, o que Deus
é só pode ser dito narrativamente, isto é, na longa história de sua revelação
ao seu povo até chegar à plenitude dos tempos em que Deus enviou ao mundo o seu
Filho único, nascido de uma mulher (Gl 4,4). Em toda a história, Deus se
revelou como um Deus próximo, que caminha, orienta e conduz o seu povo. Na
plenitude dos tempos, Deus armou a sua tenda no meio de nós (Jo 1,14). Essa
peregrinação de Deus na história da humanidade foi revelando pouco a pouco o
seu rosto. Mas na plenitude dos tempos, pela encarnação do Verbo eterno de Deus
em Jesus de Nazaré, pudemos conhecer Deus sem sombra, sem véu (Mc 15,38), pois
Jesus Cristo é a imagem do Deus invisível (Cl 1,15); estando diante dele, estamos
diante de Deus mesmo (Jo 14,9-10). O que Deus é desde toda a eternidade, só
pôde ser conhecido a partir da ressurreição de Jesus Cristo e com a graça do
Espírito Santo. O que era desde toda a eternidade nós só chegamos a compreender
depois: o último na ordem da compreensão é o primeiro na ordem do ser. Deus é
amor (1Jo 4,8). A criação, a encarnação do Verbo de Deus, a redenção, tudo é
fruto do amor de Deus pela humanidade. Um amor que não condena nem exclui quem
quer que seja, mas que a todos, indistintamente, oferece a sua salvação. Cada
um dos evangelhos, cada qual a seu modo, apresenta a dificuldade dos discípulos
de entrarem no mistério de Deus revelado em Jesus Cristo. Essa dificuldade
continua a ser nossa contemporânea. O que Deus é não se pode conhecer
simplesmente por um esforço racional. A experiência própria da fé é que permite
entrar nos umbrais do mistério de Deus. O Espírito Santo, Deus em nós, continua
a missão de Jesus e, por isso, é ele nosso apoio e guia no conhecimento de
Deus.
Fonte Carlos Alberto
Contieri,sj - Paulinas
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