Em continuidade com o episódio anterior, temos a impressão
de que, no trecho de hoje, a questão da vida eterna continua, agora, na
observação de Pedro. Esse diálogo dá a Jesus a possibilidade de afirmar que,
deixando tudo, em razão do chamado ao seu seguimento, é que se tem o cêntuplo
(v. 30). Deixar para ter a plenitude. “Cem vezes mais” não é uma operação
matemática; ela simboliza que no seguimento de Jesus Cristo, e para além do
tempo de sua vida terrestre, tudo adquire sentido para o discípulo e tudo ocupa
o seu devido lugar. A recompensa do discípulo é o chamado a seguir Jesus e o
próprio seguimento, pois ele permite a graça de viver a vida do Senhor. A
recompensa não é acerto de contas por algo realizado e merecido. Na vida cristã
a recompensa é um dom de Deus. A vida eterna, enquanto dom, é a comunhão com o
Pai e o Filho (cf. Jo 17,2-3) no Espírito Santo. Nesse sentido, ela não é um
dom exclusivo para a “outra vida”, mas uma graça dada na provisoriedade do
tempo para que se possa desejar essa comunhão na eternidade, onde nossa vida
será plenamente transfigurada em Cristo.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj – 04.03.2014
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