Nosso texto é uma controvérsia entre os discípulos de João e
Jesus acerca do jejum não observado pelos discípulos do Nazareno. Certamente,
embora o texto não nos informe, não se trata do jejum prescrito pela Lei de
Moisés. Dos fariseus, o próprio Lucas nos informa que eles jejuavam duas vezes
por semana (Lc 18,12), mas dos discípulos de João não temos nenhuma notícia
quanto a essa prática em todo o Novo Testamento. O único dia de jejum prescrito
pela Lei de Moisés é para o dia do perdão (cf. Lv 23,26-32). Os fariseus que
consideram a si mesmos como justos queriam impor a todo o povo as suas práticas
ascéticas. É bastante provável que é disso que se trate. Jesus, antes de
iniciar o seu ministério público, jejuou durante quarenta dias (Mt 4,2; Lc
4,2). Há, no Antigo Testamento, passagens em que um jejum puramente exterior,
incapaz de transformar a vida da pessoa, é duramente criticado. Isaías e
Zacarias, por exemplo, relativizam o jejum em face do amor e da misericórdia,
que são exigências primordiais da Lei (Is 58,1-12; Zc 7). Jesus centra a
prática do jejum na cristologia, a saber, é em relação à ausência do “noivo”,
uma referência à sua morte, que o jejum deve ser praticado. Seguindo essa linha
de raciocínio, a Igreja prescreve para os cristãos católicos o jejum na
Sexta-Feira Santa.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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