A liturgia da palavra deste segundo domingo da Quaresma tem
como intenção esclarecer a fé e fundar a esperança do povo de Deus. O livro do
Gênesis, como o próprio nome o sugere, é o livro das origens; origem do
universo com tudo o que contém e origem do povo de Deus; é o livro da origem do
mal, mas também da fé no Deus único e verdadeiro. O texto de hoje do livro do
Gênesis visa nos fazer compreender o dinamismo que está na origem de nossa fé.
Em primeiro lugar, está a palavra que Deus dirige ao ser humano (Gn 12,1-3). No
início da fé está um convite de Deus, um convite a sair, um convite à
felicidade e à realização do ser humano. Felicidade e realização que estão
contidas no verbo “abençoar”. Como a graça de Deus não é exclusiva, essa
promessa e bênção dizem respeito a toda a humanidade (v. 3). No início de nossa
fé está a palavra de Deus que convida o ser humano, guiado pela palavra do
Senhor, a fazer uma migração para poder ser feliz. Para poder encontrar a
felicidade e vivê-la como dom é preciso “sair” de si mesmo, de suas seguranças
pessoais e se deixar conduzir por Deus.
O relato da transfiguração do Senhor é a sequência do
primeiro anúncio da paixão, morte e ressurreição do Senhor e a apresentação das
exigências para seguir Jesus (Mt 16,21-23.24-28). Os discípulos têm dificuldade
de aceitar o messianismo apresentado por Jesus, que passa pelo sofrimento e
pela morte. O caminho do discípulo, no entanto, é o mesmo do Mestre. A
transfiguração é uma prolepse do mistério pascal de Jesus Cristo. Rosto
brilhante como o sol, vestes brancas como a luz são expressões do modo bíblico
de dizer que se trata de uma revelação de Deus. O que sustenta nossa vocação
cristã, o que sustenta nossa fé, é a graça da ressurreição do Senhor. O
sofrimento e a morte não são a última palavra. O Senhor, ressuscitando dos
mortos, venceu o mal e a morte; glorioso, nos faz participantes de sua vitória.
Esse é o conteúdo da esperança cristã. É preciso manter os ouvidos abertos e o
olhar fixo no Senhor, que passou pelo sofrimento e pela morte, e ressuscitou. A
experiência dos efeitos de sua ressurreição conduzem os discípulos, todos nós,
a vivermos a adesão à pessoa de Jesus Cristo no cotidiano de nossa vida.
Fonte Carlos Alberto
Contieri,sj - Paulinas
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