quarta-feira, 19 de março de 2014

Iluminada e saciada, ela se torna discípula. – 23.03.2014

Com o evangelho de hoje estamos, certamente, diante de uma das páginas mais belas do evangelho. Aquela mulher samaritana, ao redor do poço de Jacó, nasceu para a fé em Jesus Cristo, como nós na fonte batismal fomos gerados para a vida de fé, a fim de vivermos como um povo consagrado ao Senhor.
O trecho do livro do Êxodo nos recorda um momento da longa travessia do povo de Deus pelo deserto, ao longo de quarenta anos. O povo que empreendeu a travessia pôde experimentar, não obstante sua infidelidade e suas resistências, a fidelidade de Deus, sua paciência, sua generosidade, seu cuidado, sua ternura. O povo murmura porque não tem água. Nós que ouvimos o evangelho, e renascemos nas águas do Batismo, sabemos que aquela água que faltava ao povo e que lhe foi dada por Deus era a prefiguração da água dada por Jesus Cristo, uma água que mata definitivamente a sede. Sem água a vida está profundamente ameaçada. Não só a vida pessoal, mas a unidade do povo de Deus. Queriam, diz o nosso texto, apedrejar Moisés. Diante da dificuldade, duvidaram de Deus, da sua promessa e da sua fidelidade. Só põe em questão a fidelidade e a lealdade de Deus quem não é capaz de ser fiel e leal. É preciso, sustentados pelo cuidado de Deus que nos acompanha na travessia da história, lutarmos contra o medo, o desespero, a murmuração.
Era meio-dia quando do encontro de Jesus com a samaritana, ao redor do poço de Jacó, lugar de tantos encontros que transformaram a vida das pessoas. Foi lá que Jacó se apaixonou por Raquel. A observação da hora parece querer fazer o leitor compreender que, diante de Jesus, estamos em plena luz do dia. Aquele que é a “luz do mundo” ilumina também a Samaria, desprezada pelos outros judeus. O diálogo entre Jesus e aquela mulher é catequético, cuja finalidade é despertar a fé, o desejo da água que ela não podia recolher de nenhum poço; água que é dada somente pelo único Senhor da vida. Dando ouvidos a Jesus, ela poderá exprimir o desejo pela água que faz viver. O cântaro da purificação é superado pela água do Espírito Santo derramado no coração dela, lei interna da caridade. Iluminada e saciada, ela se torna discípula, testemunha de Jesus Cristo. Essa mesma água nos foi dada por ocasião do nosso Batismo.


Fonte Carlos Alberto Contieri, sj – Paulinas

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