No início do sermão da montanha, Jesus dá como que um
critério a partir do qual a releitura da Lei deve se apoiar: uma prática da Lei
que supere o rigorismo legalista e se baseie no amor e na misericórdia (cf. Mt
9,13). É em Jesus que se vê realizada essa justiça maior que a dos escribas e
fariseus. Não se trata da interdição de tirar a vida de alguém (cf. Ex 20,3; Dt
5,7), mas é proibido depreciar o semelhante dando a ele títulos ofensivos. Não
é somente a morte física que é visada na interdição, mas toda ofensa moral.
Jesus impõe ao discípulo a exigência de reconciliação. A reconciliação é
anterior e condição para a oferta de um verdadeiro sacrifício; é o sacrifício
que agrada a Deus. O esforço de reconciliação requerido e visado nessa antítese
é uma explicitação da bem-aventurança da mansidão. “Manso” (cf. Sl 37,11), em
hebraico, corresponde a “pobre”, entenda-se, pobre de espírito, isto é, aquele
que reconhece e acolhe o Reino de Deus como dom.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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