Repetidas vezes no evangelho de João, Jesus denuncia a
intenção dos judeus de matá-lo (8,28.40; 10,32) e, efetivamente, os judeus
fizeram várias tentativas de eliminar Jesus (8,59; 10,31). Já no capítulo 6, à
pergunta da multidão sobre o que fazer para trabalhar nas obras de Deus, Jesus
responde que há uma questão fundamental que precede todo agir: crer no Enviado
de Deus. Para os judeus do nosso texto não são as boas obras o objeto da
perseguição e das suas tentativas homicidas, mas a blasfêmia. Ora, para Jesus
agir e falar estão intimamente unidos, e as obras e, definitivamente, o Pai dão
testemunho dele. Ainda no capítulo 6, é apontada a dificuldade de os judeus
discernirem as obras de Jesus, de reconhecerem nelas sinais que remetem ao
mistério de Deus revelado em Jesus. A causa da rejeição é a falta de fé,
apontada no capítulo 9 como “cegueira”. Jesus, é bom notar, não se entrega
facilmente às mãos dos judeus; busca sem covardia nem medo preservar a própria
vida (cf. 10,39). A divisão entre os que rejeitam Jesus e os que creem nele
mostra a ambiguidade própria do sinal que, por isso mesmo, precisa ser
discernido.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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