A Maria de que aqui se fala é Maria Madalena. A tristeza que
a abate e a prende à realidade da morte não é de Deus. As lágrimas da desolação
impedem o olhar de ir além das aparências e dar o salto da fé. Somente o leitor
sabe que os dois que falavam com Maria Madalena eram mensageiros de Deus
buscando tirar Maria do círculo da morte e ajudá-la a ver a realidade com novo
olhar. Nesse primeiro estágio do relato, para Maria importava o corpo sem vida
de Jesus que ela, em prantos, lamentava não estar no túmulo. O que ela ainda
não sabia é que o Senhor, de fato, não estava onde ela pensava que estivesse.
Não nos esqueçamos, há uma tristeza que distorce a realidade, ofusca o olhar,
confunde a visão. A presença do Ressuscitado rompe a barreira da tristeza e
interpela Maria a não procurar um morto, nem procurar Jesus entre os mortos. Na
segunda etapa do relato, a irrupção do Ressuscitado na vida de Maria Madalena
enxuga as lágrimas, liberta da região dos mortos e faz exclamar a admiração
pela presença transfigurada daquele que venceu a morte e que ninguém mais pode
reter. Fruto desse encontro luminoso e transformador é a missão de anunciar que
o Senhor vive, isto é, de comunicar a experiência através da qual, pela fé, o
Senhor se ofereceu ao reconhecimento.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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